CUIDADOS COM A PELE

Psoríase: doença afeta até 5 milhões de brasileiros, aponta SBD

Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) designou o mês de outubro para alertar sobre os cuidados contra a doença

Thiago Coutinho,
Da redação

A medicina ainda não encontrou uma cura para a psoríase, mas o tratamento é eficaz e mantém a doença sob controle / Foto: Hans Brazmeier por Pixabay

Outubro é o mês escolhido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) para lembrar os cuidados contra uma doença pouco falada, mas que atinge até 5 milhões de brasileiros — e outros 125 milhões no mundo todo —, segundo estimativas da própria entidade. Trata-se da psoríase, uma doença crônica e inflamatória, não contagiosa, mas que possui tratamento.

A forma mais comum da doença é chamada de psoríase em placas ou vulgar, responsável por 90% dos casos, com manchas vermelhas que descamam e podem durar semanas, segundo o médico dermatologista Ricardo Romiti, coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da SBD.

“Esta forma da doença acomete preferencialmente o couro cabeludo, cotovelos, joelhos e o dorso e se manifesta por meio de lesões avermelhadas e elevadas cobertas por escamas esbranquiçadas que se desprendem com facilidade da pele se espalhando pelo vestuário, roupa de cama e objetos de contato diário como pentes de cabelo e escovas. Coceira e dor associada a rachaduras na pele são os principais sintomas”, explica o médico dermatologista.

A psoríase também pode se manifestar em unhas, mãos e pés. As lesões por vezes podem incluir pus e se espalhar por todo o corpo. Podem ainda ser lesões em gotas, na qual múltiplas lesões pequenas assumem o formato de gota e se espalham pelo corpo (conhecidas como gutata).

Os motivos pelos quais a psoríase se manifesta ainda são desconhecidos pela medicina. “Mas sabe-se que é uma doença inflamatória recorrente da pele que apresenta relação com fatores genéticos e imunológicos. Além disso, alguns gatilhos podem desencadear ou agravar o quadro, como estresse, infecções, banhos longos e muito quentes, uso de certas medicações e o tempo frio”, reitera Romiti.

O surgimento da doença também pode estar associado à hipertensão, obesidade e outras manifestações que os especialistas classificam como síndrome metabólica, aumentando o risco de infarto e acidente vascular cerebral (derrame). Uma de suas formas mais graves, a artrite psoriática, atinge as articulações.

Sem distinções

A incidência da doença não tem distinção de gênero. “A prevalência da psoríase na população brasileira é de aproximadamente 1,3 % e as lesões geralmente iniciam no adulto jovem, mas podem também ocorrer em crianças e idosos”, detalha o médico responsável pela campanha da SBD.

O diagnóstico da psoríase é eminentemente clínico. Em alguns casos, porém, pode ser necessária a realização de uma biópsia da pele. “Para que se possa confirma-la e afastar a possibilidade de outras doenças”, reitera o especialista.

Sem cura, mas sob controle

A medicina contemporânea ainda não encontrou uma cura para a doença. O tratamento, por outro lado, propicia ao paciente um controle completo, ou quase completo, de seus sintomas. “A escolha das medicações é feita pelo dermatologista, tendo em vista o tipo e a extensão do quadro e a sua gravidade, podendo ir desde tratamento tópicos com pomadas e cremes de efeito anti-inflamatório até terapias sistêmicas com medicamentos orais, fototerapia e os mais novos medicamentos injetáveis (imunobiológicos ou biológicos)”, diz Romiti.

Prevenção

Hábitos de vida saudáveis (alimentar-se corretamente, praticar exercícios com regularidade etc.) e o uso de hidratantes estão entre as dicas para se evitar a manifestação da psoríase. “Também é bom evitar banhos de sol prolongados e evitar o traumatismo da pele, como o hábito de cutucar ou arrancar as escamas que se formam sobre a pele”, adverte Romiti.

Quando a doença atinge seu estágio mais grave, pode até levar à internação hospitalar. “Pacientes sem o tratamento adequado podem ter grande impacto no seu bem-estar físico e psíquico, convivendo com o preconceito e o isolamento que muitas vezes acompanham o paciente psoriásico . A boa notícia é que atualmente a psoríase é perfeitamente tratável, devolvendo às pessoas bem-estar e qualidade de vida”, finaliza o médico dermatologista.

Novos tratamentos

De acordo com Romiti, as medicações injetáveis, conhecidas como biológicos ou imunobiológicos, foram incorporadas ao tratamento da psoríase e representam um avanço grande no combate à doença. “Alguns desses tratamentos já foram incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS), uma vitória da SBD, dos médicos e dos pacientes que lutaram por essa inclusão durante anos”, vibra o especialista.

Patrícia Maia Policante, atualmente com 48 anos, tem psoríase e vem combatendo-a desde os 25 anos. “Começou 6 meses depois do parto do meu primeiro filho. Primeira vez deu no couro cabeludo, coçava muito escamava e também tinha um líquido tipo inflamação. Depois, foi para os pés, mãos, cotovelos e joelhos. Eu me tratei algum tempo no hospital, passei pela psicóloga, mas hoje só cuido com cremes”, explica.

Patrícia já chegou a sofrer com a forma mais grave da doença, que atinge as articulações do corpo. “São dores horríveis e os dedos vão ficando tortos. Eu tenho muitas dores nos dedos ainda, mas só um deles está um pouco torto. É saber conviver”, lamenta.

Élida Silva Almeida, com 33 anos, sofre com a doença desde os 27, mas afirma que tem sorte, porque tem poucas lesões e a doença não avança há um ano. “Só tinha mesmo no cotovelo. De repente, começou nos joelhos. Passei por vários problemas, mas tive muita fé e nunca me abati”, afirma.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo