EM BELO HORIZONTE

Projeto melhora autoestima de crianças em hemodiálise

Em Minas Gerais, nossa equipe mostra, agora, uma história diferente, em que o ensino acontece fora da sala de aula. Na Santa Casa de Belo Horizonte, uma psicopedagoga tem transformado as longas horas de hemodiálise em momentos de aprendizado e esperança para crianças em tratamento.

Reportagem de Vanessa Anício e Daniel Camargo

Quem vê a alegria no rostinho do pequeno Fernando nem imagina os desafios da rotina que enfrenta.

Crianças em tratamento de hemodiálise passam horas por semana no hospital, longe da escola, dos colegas e da infância como ela deve ser. “Ele não sabe ler e escrever, mas assim, ele tem a vontade própria de aprender e escrever, entendeu?”, disse a dona de casa, Janaína Thais Melo Coelho. 

Na Santa Casa de BH, essa ausência escolar tem sido compensada com acolhimento e educação. Desde janeiro deste ano, um projeto psicopedagógico tem transformado as sessões de hemodiálise aqui na pediatria em oportunidades de acolhimento e aprendizado.

“Tratamento de hemodiálise é um tratamento que envolve muito tempo e é um tratamento desgastante. As crianças passavam muito tempo em telas. É um desafio ainda tirá-las das telas, mas com o trabalho psicopedagógico a gente consegue transformar o dia delas aqui”, afirmou a psicopedagoga da Santa Casa BH, Clarissa Figueiredo.

O atendimento é individual e pensado para cada fase do desenvolvimento. É um estímulo à alfabetização, raciocínio lógico e a convivência. Os pais também recebem apoio e orientação. 

Além do trabalho realizado dentro do hospital, a equipe de psicopedagogia entra em contato com as escolas das crianças para alinhar perspectivas.

A parceria tem dado resultados. “Eu percebo uma autoestima. As crianças, elas se sentem vivenciando outros contextos para além do hospital. Então, as crianças que começaram a ter esse essa frequência na escola foram se desenvolvendo mais, se interessando mais por atividades aqui dentro da hemodiálise, tanto na parte acadêmica quanto na parte de socialização”, analisou ela.

É com esse cuidado que Marcos William segue aprendendo. Internado há pouco mais de um mês na Santa Casa de BH, é assim que o pequeno passa o tempo entre as sessões de hemodiálise. “O projeto é acolhedor, ajuda ele, ajuda nós, ele distrai bastante. Ele ainda até falou: ‘Graças a Deus tem atividade para me distrair’”, falou a dona de casa, Cristiane Ferreira da Silva.

Um cuidado que reflete no tratamento como um todo, “Melhora principalmente na questão da tolerância da criança do tempo de diálise mesmo. Querendo ou não, pra criança 4 horas é muita coisa, pra gente já é para elas mais ainda. Então isso é essencial no sentido de melhorar a tolerância de tratamento, o tempo delas aqui também. E elas vêm com outro outro sentimento para a sessão de diálise comparado com como era antes, quando não existia esse acompanhamento”, apontou a nefrologista pediátrica da Santa Casa BH, Helen Cristina de Souza. 

Um trabalho que vai além da saúde física e cultiva o direito de sonhar, de aprender e de ser criança. “Poder trazer um pouco de esperança e de um olhar mesmo pra infância, para essas crianças e para essas famílias. É muito importante”, concluiu Clarissa.

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