As novas tarifas americanas sobre produtos brasileiros atingiram em cheio a indústria de açaí. As sanções do governo Trump devem reduzir as oportunidades de produção e exportação, de acordo com produtores e coletores locais.
Imagens da Reuters
Reportagem de Adilson Sabará
Tigelas e smoothies feitos com açaí se tornaram populares nos Estados Unidos, mas isso pode mudar com a tarifa de 50% sobre as importações brasileiras.
Amorim trabalha na coleta do fruto. De acordo com ele, a economia do setor já sente o impacto das tarifas americanas. “Nosso produto vai cair de produção, cair de preço. E vai ficar difícil para nós. Já estamos sentindo o impacto”, disse o coletor de açaí, Amorim Teixeira.
A preocupação de quem trabalha no segmento é com a falta de opções de mercado e com a queda de preços. “Precisamos ter alternativa para vender o açaí, sabendo que um preço tava mais alto e agora baixou muito e não tem quase mercado para trabalhar”, falou o produtor de açaí, Kalli Quaresma.
A opção dos produtores até agora é o mercado interno. Anderson é empresário e tem esperança de dias melhores. “Aí a nossa expectativa é que a exportação diminua lá para que apareça mais fruto pra gente que o preço melhora”, comentou o proprietário de uma empresa de açaí, Anderson Pires.
Quase toda a polpa de açaí vendida nos Estados Unidos, Europa e Ásia é originária do Brasil. O aumento dos custos pode fazer o produto se tornar um item de luxo para quem mora nos Estados Unidos. “Não vai mudar do mercado do dia para a noite. Aí tem que se adaptar ou se readaptar a outro modelo, a outro mercado e tentar coisas diferentes”, concluiu Kalli.
De acordo com dados do IBGE e dos governos do Pará e do Amazonas, há 10 anos, a indústria brasileira de Açaí produzia cerca de 150.000 toneladas do produto. Em 2024, a produção chegou a quase 2 milhões de toneladas.
Para reverter o impacto das tarifas, o governo brasileiro deve lançar um plano de contingência com medidas de apoio aos setores afetados, com crédito e proteção ao trabalhador.
Nesta quinta, o vice-presidente Geraldo Alckmin entregou as medidas contra o tarifaço americano ao Congresso. Ainda não há detalhes sobre incentivos específicos para a produção de açaí.