Volume II da Coletânea

"Pensando o Brasil" reflete desigualdade social no país

O documento “Pensando o Brasil: a desigualdade”, que trata da problemática da pobreza no país, foi assunto na Assembleia dos Bispos 2015

André Cunha
Enviado especial a Aparecida (SP)

A primeira versão do texto “Pensando o Brasil: a desigualdade” foi apresentada nesta segunda-feira, 20, na plenária da 53ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP).

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Trata-se do segundo volume de uma coletânea intitulada “Pensando o Brasil” que reflete as questões sociais do país. O primeiro volume abordou as eleições; este segundo visa pensar a desigualdade.

Dom Roberto Paz, bispo de Campos (RJ) e um dos autores do documento, explica que a desigualdade no Brasil foi iniciada logo depois de seu descobrimento, com uma estrutura “empresarial” estabelecida.

Para o bispo, ainda existe uma significativa distância entre as classes sociais no país, o que impede um estado democrático e as reformas de bases necessárias, como a reforma tributária, da terra e a eleitoral.

“O substrato que dá fundamento para isso é ver com o olhar da Igreja que se depara com uma grande desigualdade. Houve, claro, há uns anos, a tentativa de incluir as populações mais subalternas no consumo. Mas não se mexeu na estrutura. Por isso agora nós estamos vendo a desconstrução dos direitos sociais, o agravamento dessa desigualdade”, disse.

O documento apresenta o olhar da Igreja sobre a realidade social que se expressou de forma contemporânea na Conferência de Aparecida, nas encíclicas de Bento XVI – que afirmou que “a Igreja deve ser a advogada e a defensora dos mais pobres” – e atualmente, no pontificado do Papa Francisco.

Um dos subtítulos do texto diz que “uma democracia se avalia sempre pelo tratamento que dá aos mais pobres”. “Não pode haver democracia com uma realidade de desigualdade que clama o céu, como disse o Papa Bento XVI”, mencionou dom Roberto.

“Os mecanismos que chamam de ‘recaída favorável’ – onde há perdas, mas depois todo mundo ficará rico – não têm nenhuma comprovação fática. Pelo contrário, os ricos ficam mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. Nós temos que reagir, porque a evangelização passa também pela promoção e libertação dos mais pobres”, destacou o bispo.

Além deste documento, a CNBB dedica a segunda-feira, 20, da Assembleia Geral para suas eleições presidenciais e algumas discussões sobre a obrigatoriedade do matrimônio civil.

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