Fim da escravatura no Brasil

Pastoral Afro divulga mensagem pelos 127 anos da Lei Áurea

No dia 13 de maio, Brasil recorda os 127 anos do fim da escravatura no país; pastoral afro-brasileira renova solidariedade à população afro do Brasil

CNBB

A Pastoral Afro-Brasileira divulgou uma mensagem por ocasião dos 127 anos da abolição da escravatura no Brasil, recordados nesta quarta-feira, 13. Ao reconhecer que o acontecimento foi marcante para o país, o texto afirma que é necessário um complemento, “pois a abolição da escravatura é uma obra inconclusa, devido às precárias condições de vida da população negra”.

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A Pastoral posiciona-se ao lado daqueles que são marginalizados, renova a solidariedade e indica a adoção de políticas públicas e ações afirmativas em prol da melhoria das condições de vida da população afro-brasileira”.

Leia na íntegra:

MENSAGEM DA PASTORAL AFRO-BRASILEIRA POR OCASIÃO DA MEMÓRIA DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

O calendário assinala, neste dia 13 de maio, os 127 anos da Assinatura da Lei Áurea, que declarou extinta legalmente qualquer forma de trabalho escravo. Foi um fato marcante para o Brasil, mas que exige um complemento, pois a abolição da escravatura é uma obra inconclusa, devido às precárias condições de vida da população negra. A lembrança desta data traz para a nação brasileira a oportunidade de renovar o compromisso de solidariedade para com a população afro-brasileira, majoritariamente vivendo em condições de pobreza e miséria. A escravidão e a discriminação racial contribuem para a situação de degradação social.

A Igreja Católica no Brasil, consciente da sua missão de “ser a advogada da justiça de defensora dos pobres” (DAp 395), coloca-se ao lado destes irmãos ainda marginalizados. Renova a sua solidariedade com os afro-brasileiros nesta data e lembra que um dos caminhos para sanar esta dívida passa pela adoção políticas públicas e ações afirmativas de parte das Instituições Governamentais em prol da melhoria das condições de vida da população afro-brasileira, sobretudo, em relação à População Quilombola. Garantir a esta população a posse legalizada do seu território significa muito mais do que garantir um pedaço de chão. É a garantia da preservação da herança das culturas e das tradições afro-brasileira presentes nessas populações.

A memória da abolição da escravatura traz para nós a preocupação sobre o conceito de trabalho escravo, discutido no Senado Federal. Corremos o risco de um grande retrocesso na luta contra o trabalho escravo contemporâneo. Por outro lado, faz-se necessário aprofundar as políticas e ações afirmativas de inclusão cidadã do restante da população afro-brasileira, especialmente as crianças e jovens. Isto passa por uma educação básica de qualidade, pelo acesso ao ensino superior público e gratuito e pelo atendimento qualificado nas questões de saúde. A experiência de uma vida digna e feliz, sinal do Reino de Deus, supõe o atendimento destes princípios fundamentais de cidadania.

Jesus Cristo aquele que revela o Deus misericordioso nos convida a compromisso samaritano, profético, que ilumina o compromisso eclesial com toda a população afro-brasileira, pelo atendimento qualificado nas questões brasileiras.

Sob o olhar maternal de Nossa Senhora de Fátima, cuja festa hoje celebramos, proclamando que “é pelo amor que é preciso conquistar o direito de dizer a verdade” (Dom Hélder), invocamos a bênção de Deus sobre todos os que se comprometem com esta causa.

Brasília, 12 de maio de 2015.

Dom Zanoni Demettino Castro
Bispo Coadjutor de Feira de Santana – BA
Bispo Referencial da Pastoral Afro-brasileira

Pe. Jurandyr Azevedo Araujo, SDB
Assessor Nacional da Pastoral Afro-brasileira

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