A inflação brasileira medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou em linha com o esperado em setembro, pressionada sobretudo por transportes e habitação, e a taxa em 12 meses distanciou-se ainda mais do teto da meta.
O indicador subiu 0,53% em setembro, após alta de 0,37% em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, 7. Foi a maior alta nesse mês desde 2003. Analistas previam taxa de 0,54%.
"A maioria dos grupos aumentou em setembro, em especial os com maior peso", disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.
A principal pressão individual no mês veio de passagens aéreas, com salto de 23,4% e impacto de 0,09%.
"Setembro foi um mês de férias e normalmente as companhias aeres retiram de venda as passagens com preços promocionais. Houve também o Rock in Rio que aumentou muito a procura por passagens e os preços subiram."
Assim, os preços do grupo Transporte subiram 0,78% em setembro, ante queda de 0,11% em agosto, impactado ainda pelo aumento dos combustíveis, de 0,69%.
Outras pressões vieram de alugueis residenciais, gás de botijão e tarifa de água e esgoto, que contribuíram para a aceleração da alta de preços do grupo Habitação, de 0,32% em agosto para 0,71% em setembro.
Os preços do grupo Alimentação e bebidas foram responsáveis por 28% da taxa do mês, ao subirem 0,64% em setembro, mas a variação foi inferior à do mês anterior, de 0,72%.
Itens de peso no orçamento familiar como feijão, açúcar, arroz, refeição fora de casa, carnes e frango ficaram mais caros. "O feijão tem o problema da seca na região produtora, a refeição fora de casa vem subindo bastante com o aumento da renda e dos custos,o açúcar tem problema de quebra de safra e as carnes têm uma demanda interna maior", disse Eulina.
Perpectivas
Para outubro, a LCA Consultores prevê uma inflação entre 0,40 e 0,45%.
"Esperamos que no IPCA de outubro o grupo Alimentação e bebidas registre nova desaceleração, ainda que discreta, passando… para algo próximo a 0,50%. Também esperamos desaceleração do grupo Transportes, em boa medida pela perda de fôlego do álcool e da gasolina, este último influenciado pela Cide, e de avião."
Em setembro, a taxa acumulada em 12 meses subiu 7,31% até setembro, a maior desde maio de 2005, ante 7,23% até agosto, seguindo acima do teto da meta perseguida pelo governo, que é de 6,5%.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os analistas dizem que esse foi o pico e que a tendência a partir de outubro é de desaceleração da variação em 12 meses, sobretudo em razão da saída das taxas fortes dos últimos meses de 2010 .
No ano até setembro, o IPCA acumulou elevação de 4,97%.