Artigo - Doutrina Social

Páscoa: Levar esperança e crer na vitória do bem

Segundo Doutrina Social, somos portadores de uma mensagem de vida e vitória, vindas da Páscoa de Cristo

Padre Antônio Aparecido Alves*

“[Páscoa] nos ensina que o ódio, o mal e a morte não têm a última palavra e que o amor, a justiça e o bem sempre vencem” / Foto: Canção Nova Portugal

Páscoa e Esperança

Diz o ditado popular: “a esperança é a última que morre”. Na Doutrina Social da Igreja, a esperança se reveste de um caráter muito importante, pois somos portadores de uma mensagem de vida e de vitória, vindas da Páscoa de Jesus Cristo.

Ela nos ensina que o ódio, o mal e a morte não têm a última palavra e que o amor, a justiça e o bem sempre vencem. Isto nos sustenta e anima a buscar um mundo novo, pois somos aqueles que não se conformam com as estruturas deste mundo (Rm 12,2).

O que é esperança

No sentido popular, esperança é crer que algo irá acontecer. No entanto, o Papa João Paulo II, discursando na Assembleia Geral das Nações Unidas (25/08/1980) diz que a esperança “não é somente um desejo, não é um vago sentimento, mas algo que nasce da nossa experiência histórica, alimentada por nossos anseios comuns pelo futuro”.

Portanto, ensinou-nos o Pontífice que ela é algo concreto, nascida do chão da vida e que aponta para a luta em prol do futuro. Ela não pode ser confundida ou vivida como conformismo ou fatalidade. Assim, a esperança não é esperar de braços cruzados por algo que irá acontecer, independente de nós, como por mágica ou por intervenção miraculosa de Deus, mas sim como construir desde agora o futuro que queremos.

Vista nesta ótica militante, a esperança é vivida como certeza, que não aceita a fatalidade, o destino ou a sina. O futuro deve ser feito por nós, a partir das transformações que são necessárias serem feitas no presente.

Uma esperança militante

Na abertura da Constituição Pastoral Gaudium et Spes do Concílio Vaticano II (1965) a Igreja se diz solidária com todas as pessoas, comungando com elas “as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem” (GS 1).

A mesma Constituição insiste que a esperança não é motivo para se descuidar do empenho para com as coisas da terra e denuncia o divórcio entre fé e vida como sendo um dos erros mais graves daquele tempo (n. 43). Estamos, portanto, longe da acusação marxista de religião como sendo “ópio do povo”, pois é a esperança que impulsiona o cristão à construção do Reino de Deus.

A mesma indicação nos vem dos Bispos do Brasil. Dizem os Pastores que o cristianismo não propõe uma verdade abstrata, mas acredita na presença de Cristo que caminha com o povo, como fez com os discípulos de Emaús. Por isso, o cristão olha para o mundo com realismo, esperança, sem desanimar e certo da vitória (Documento 62, n. 1-10). Caminhamos na esperança, como fazem todos os que acreditam em Cristo, pois “a esperança cristã não decepciona” (Rm 5,5) como garante São Paulo.

Profetas da esperança

Somos chamados a ser profetas da esperança, em meio a situações de desesperança e desânimo. Por isso, devemos perguntar-nos por onde passa a esperança do povo. Discernida essas situações, é preciso promover essa esperança ou, para usar uma expressão atual, globalizar a esperança. Manter aceso o pavio que ainda fumega é mais difícil do que deixar que ele se apague. Não poderíamos fazê-lo sem a força que nos vem do alto e a vivência em comunidade com outros que partilham da mesma certeza.

O povo costuma dizer: “enquanto há vida, há esperança “. A Páscoa de Jesus é penhor de vida nova. O cristão é um vitorioso, profeta da alegria. O lado feio da medalha nós já conhecemos. Está aí, diariamente, diante de nossos olhos. É hora de apostar no novo, de construir o sonho, de globalizar a esperança.

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*Padre Antonio Aparecido Alves é Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Professor na Faculdade Católica de São José dos Campos e Pároco na Paróquia São Benedito do Alto da Ponte em São José dos Campos (SP). Para conhecer mais sobre Doutrina Social visite o Blog: www.caminhosevidas.com.br

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