Expectativa

Para libaneses no Brasil, visita do Papa ao Líbano reacende a esperança

No Dia da Comunidade Libanesa no Brasil, libaneses-brasileiros reforçam a expectativa de que a passagem de Leão XIV traga paz e unidade ao Líbano

Julia Beck
Da Redação

Em Beirute, placa destaca proximidade da viagem do Papa ao Líbano /Foto: Raymond ChihaneIPA/Sipa USA via Reuters

Há 15 anos, o Dia da Comunidade Libanesa no Brasil é celebrado em 22 de novembro. Segundo a diplomacia libanesa, estima-se que haja entre 7 e 10 milhões de brasileiros de ascendência libanesa, um número que coloca a comunidade como uma das mais expressivas fora do Líbano e parte vital do tecido social, cultural e religioso do país.

A imigração libanesa para o Brasil começou no final do século XIX, sobretudo com cristãos maronitas vindos do Monte Líbano. Em São Paulo, por exemplo, é na Catedral Nossa Senhora do Líbano que os “libaneses-brasileiros” vivem a sua fé participando de missas no rito maronita (uma vez na semana), em uma liturgia em árabe e português. A preservação desse elo religioso com suas origens, unida à proximidade da visita pastoral do Papa Leão XIV ao Líbano — prevista para começar no último dia deste mês — tornou a celebração da comunidade no Brasil ainda mais especial.

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Dom Edgard Madi /Foto: Arquivo Pessoal

O Eparca Maronita do Brasil, Dom Edgard Madi, relembra o papel fundamental da Igreja Maronita na formação do Líbano moderno: foi sob a liderança do patriarca Elias Alhajek, no início do século XX, que se reivindicou a independência do país e a criação do chamado “Grande Líbano”. Para ele, essa herança é inseparável da identidade libanesa e da Igreja.

Expectativa para os frutos da visita do Papa

Sobre a visita do Papa Leão XIV, o bispo destaca que se trata de uma visita pastoral, não apenas simbólica. “É uma visita que dá fruto pela presença do Espírito Santo… que vai dar com certeza o fruto espiritual, o fruto de paz, o fruto de convivência, o fruto de esperança para esse país”, assinala.

Dom Edgar salienta ainda a devoção maronita de Leão XIV a São Charbel, santo muito querido no Líbano, e celebra o fato de que essa será a primeira vez que um Papa visitará o túmulo de Charbel em Annaya — algo histórico. Para o eparca, esse gesto carrega uma profunda “benção espiritual”, tanto para o Pontífice quanto para o povo libanês.

Oração e união espiritual

Em sua comunidade no Brasil, o bispo conta que as missas têm inserido momentos de oração especiais pela visita, e que muitos refletem sobre a importância desse acontecimento: os dias da viagem — 30 de novembro a 2 de dezembro — foram declarados feriado nacional no Líbano justamente para permitir que mais pessoas participem.

A visita, prossegue Dom Edgar, é uma resposta divina a uma nação que sofre: o Líbano atravessa uma grave crise econômica e política, e, segundo o eparca, a presença do Papa pode trazer não apenas consolo, mas um novo sopro de esperança.

Fé no Brasil

Jacqueline Nunes Chaguri /Foto: Arquivo Pessoal

A família do marido da empresária Jacqueline Nunes Teixeira Ribeiro Chaguri é descendente de libaneses. Ela explica que, mesmo após tantos anos, a comunidade no Brasil nunca perdeu sua essência: os imigrantes trouxeram consigo não apenas costumes, mas uma fé viva e uma forte cultura familiar. “A fé e a família caminham juntas. Um laço muito forte, passado de pai para filho, preservando a continuidade nas futuras gerações incluindo a cultura libanesa”, sublinha.

Jacqueline descreve como a missa maronita na Catedral Nossa Senhora do Líbano é um ponto de encontro identitário: celebrada em árabe e português, permite que os libaneses no Brasil experimentem o mesmo rito vivido em sua terra de origem. A empresária frisa que muitos visitantes libaneses que viajam ao Brasil participam dessas celebrações, reforçando esse vínculo forte entre as comunidades.

Sobre a visita do Papa Leão XIV, Jacqueline expressa um sentimento de “extrema honra”: para ela e para muitos libaneses, é um sinal de proximidade com Deus. A visita representa não só prestígio, mas uma afirmação: “a fé sempre nos consola, nos dá esperança e fortalece a paz no país.”

A resiliência do povo libanês também foi destacada. Segundo a empresária, apesar das instabilidades históricas, os libaneses e seus descendentes encontram na espiritualidade uma fonte contínua de união e renovação.

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