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Pandemia e crise econômica: especialistas indicam bom uso do 13º salário

Pagar dívidas e poupar dinheiro são algumas dicas dos especialistas para o uso do 13º salário

Julia Beck
Da redação

Pandemia afetou não só a economia das famílias em 2020, como pode afetar em 2021/ Foto: Eduardo Soares via Unsplash

O recebimento da primeira parcela do 13º salário acontece até o dia 30 de novembro. O pagamento, comumente esperado pelos trabalhadores, este ano ganhou uma expectativa maior com a crise não somente sanitária, mas também econômica, instaurada pela pandemia da covid-19.

A propagação do novo coronavírus desestabilizou a economia mundial, a brasileira e, consecutivamente, a familiar. O matemático Reginaldo Marcelo Pereira sublinha que o país apresenta a capacidade de responder de forma robusta a algumas variações tanto no mercado interno como externo.

“Tem sido difícil para todos os países encontrar soluções para as questões referentes a essa situação de pandemia, não só no que se refere à busca de vacinas como também para diminuir os impactos causados, por exemplo, na limitação de atividades dos trabalhadores. Muitos ou perderam o emprego ou tiveram suas jornadas diminuídas ou até mesmo empregos suspensos”, refletiu Pereira.

O especialista em gestão e economia, Jorge Luiz Conde, avalia que, antes da covid-19, as empresas já precisavam de objetivos amplos de negócio, além do lucro, agora, estão sendo julgadas por suas respostas à pandemia. “Além disso, as companhias com mais fôlego para atravessar e sobreviver à crise serão as mais engajadas com a sociedade”, avaliou.

Segundo Conde, a pandemia interrompeu temporariamente o processo de consolidação fiscal pelo qual passava a economia brasileira. “Durante o período de crise sanitária e econômica, a prioridade passou a ser, evidentemente, a proteção da vida e da saúde das pessoas, bem como a preservação de empregos, renda e empresas”.

Desta forma, a pandemia da covid-19 afetou profundamente a trajetória esperada para a economia brasileira ao longo de 2020 e de 2021, reforçou o especialista em gestão e economia.

“Persiste um elevado grau de incerteza quanto ao ritmo de disseminação do SARS-Cov-2 no país e à magnitude e extensão das medidas de isolamento social requeridas para atenuar seus impactos adversos na população, mas não há dúvida de que o PIB brasileiro sofrerá uma forte queda este ano”.

Preocupação com os gastos e uso do 13º salário

Uma das situações percebidas em momentos de crise, aponta Pereira, é a preocupação com os gastos. “Assim sendo, temos a percepção de que, com as dúvidas sobre o futuro próximo, seria melhor promover o pagamento das dívidas já existentes sem se deixar levar por promoções de consumo que nos levaria a contrair novas dívidas”, indica o matemático.

Pereira afirma que, com o cenário de incerteza e de crise sanitária, o conselho para o uso do 13º salário continua sendo o de quitar dívidas, reservar valores para os gastos de começo de ano – IPTU, IPVA, escola e material didático/escolar, e poupar.

“Devemos nos atentar para possíveis surpresas de gastos imprevistos que poderão ocorrer enquanto não se encontra uma solução mais contundente, como uma vacina, por exemplo, e essa condição – guardar um pouco do que se ganha – é fundamental”.

O matemático explica que não é apenas o gasto que preocupa, mas a renda também. “Ela está ameaçada pela pandemia sob outra óptica – infelizmente muitos morreram, morrem e ainda morrerão em função dela, e essas mortes, além de motivo de muita tristeza, também podem dar origem a uma perda de renda para as famílias por não poderem contar com o trabalho de alguém que se foi”.

O especialista em gestão e economia recordou que o governo definiu na última terça-feira, 17, que trabalhadores com jornada de trabalho reduzida irão receber normalmente o 13º salário e as férias. Porém, pessoas com contratos suspensos receberão o 13º proporcional aos meses de trabalho e os dias não trabalhados não serão contabilizados para o recebimento das férias.

“O essencial para os trabalhadores que recebem o 13º é ter em mente que este ano atípico deverá impactar em 2021, e portanto, usar com sabedoria o valor recebido é uma estratégia inteligente”, opinou. Assim como Pereira, Conde reforçou: “Se puder poupar este dinheiro, melhor ainda”.

A pandemia gerou conscientização de gastos?

Infelizmente, mesmo com a pandemia, Conde afirmou que o brasileiro continua gastando mais do que recebe. “Quem continua recebendo salário normalmente, invariavelmente, mantém sua média de gastos”, explicou.

O especialista advertiu que é preciso ficar atento com o quadro econômico. “Há forte carga de aumento em cima dos gêneros alimentícios principalmente. Com isto, os custos para adquirir os alimentos, mesmos os mais básicos que compõem a cesta básica, tendem a aumentar mais. É necessário ficar atento a isto, pois muitos tiveram redução salarial, e reorganizar o fluxo mensal de gastos se torna vital”.

Criatividade diante das necessidades

Ao citar os desempregados, Pereira sublinha que o auxílio emergencial, ainda em vigor, pode contribuir para que o final do ano seja menos complicado. “Mas também é fato que o auxílio não dará conta de todas as demandas das pessoas”, frisou. Por isso, o matemático destacou que é possível projetar que, com certo nível de criatividade, possam haver oportunidades de muitas pessoas conseguirem renda extra oferecendo serviços para atender necessidades de consumo.

Para Conde, sem dúvida o trabalho autônomo é uma alternativa. “Muita gente está investindo em opções diversas para se manter em tempos em que a geração de emprego está complicada e afetada pela pandemia. A criatividade deve nos acompanhar sempre, mesmo em tempos de bonança econômica. Numa época como a atual, isto faz toda a diferença”.

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