No Dia da Infância, psicóloga alerta sobre a importância do limite no uso da tecnologia por crianças; pais contam como controlam essa questão
Da Redação
Monique Coutinho
Não é raro, hoje em dia, ver cada vez mais crianças antenadas nas novas tecnologias. Muitas vezes, brincadeiras tão comuns para os pequenos, como pular corda ou pega-pega, dão lugar aos atrativos digitais, como tablets, smartphones e notebooks. Mas qual o impacto disso para as crianças?
Uma reflexão sobre a infância se torna pertinente em especial, nesta segunda-feira, 24, quando se celebra o Dia da Infância, data instituída, em 1995, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef.
O avanço tecnológico mudou não somente a vida de gente grande; a própria infância mudou a partir das novas possibilidades trazidas pelos aparatos tecnológicos modernos, que fazem a cabeça da criançada. De acordo com a psicóloga Carine Sawtschenko, as brincadeiras tradicionais perdem espaço por falta de incentivo dos pais. “Principalmente, porque as brincadeiras tradicionais não parecem ser tão atrativas quanto os jogos eletrônicos”.
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Ela afirma ainda que, diante dessa realidade, é preciso que os pais fiquem atentos e imponham limites para o uso que seus filhos fazem da tecnologia, pois a falta de limite para a criança é extremamente prejudicial em qualquer aspecto de sua vida.
“Os limites devem estar claros e devem ser mantidos. Determinar o uso da internet por algum tempo acaba sendo uma alternativa (…) Não trabalhar os limites com a criança certamente contribuirá para um adulto com dificuldades em lidar com frustrações e principalmente com a autorrealização.”
Mudança da realidade infantil
O pai de Manuela Araújo (7) e Mariah Araújo (5), Fabrício Carvalho, acredita que essa mudança da realidade infantil acontece devido à falta de segurança do mundo atual. Nesse cenário, as crianças acabam ficando mais dentro do que fora de suas casas.
“Ao longo do dia, minhas filhas ficam brincando com seus brinquedos, mesclando com a televisão (desenhos e filmes) e com os tablets. Com relação a estes, procuramos limitar o tempo de uso e, principalmente, verificar jogos elas estão jogando, para avaliar se são próprios para a idade delas, até mesmo se condiz com nossa fé, evitando jogos de bruxas, zumbis etc”.
Como Fabrício está ligado ao mundo da tecnologia, ele afirma que tenta apresentar para suas filhas os recursos tecnológicos, como a facilidade de encontrar filmes e desenhos no Youtube, aplicativos educativos e sites interativos, mas tudo com tempo controlado para que não se torne algo vicioso.
“A tendência é, cada vez mais, o mundo precisar da tecnologia e se utilizar dela. Até as casas, hoje, são controladas por aparelhos tecnológicos. Por isso, eu me preocupo que elas tenham esse contato, para que, no futuro, elas tenham mais facilidade de manusear tudo que a tecnologia pode oferecer para elas, até mesmo despertando uma vocação profissional nessa área.”
Manuela e Mariah passam o período da manhã na escola, e a tarde vão para a casa dos avós. Com eles, as meninas aprendem brincadeiras da “velha infância”, como pular corda, elástico, brincadeiras de roda, músicas infantis e atividades bem recreativas.
“Minha mãe foi professora e tem muita facilidade nessa área; minhas filhas gostam muito e se divertem, e isso desde pequenas. No fim de semana, procuramos fazer mais atividades ao ar livre com essas brincadeiras”, afirma Fabrício.
Propósito de diversão
O pai das meninas relatou um fato que aconteceu durante o aniversário de sete anos da Manuela. Sem animadores, Fabrício e sua esposa, Gisele Santos de Araújo, pensaram em elaborar brincadeiras divertidas, porém antigas, para as crianças, como pinturas de rosto, mãos e quadros, pular corda e elástico.
“Minhas duas filhas brincaram bastante. Uma coleguinha se arriscou na brincadeira, mas sem nenhum jeito para aquilo. Estava na cara que era uma novidade, mas ela até quis participar. Outras três não quiseram de jeito nenhum. Ficaram sentadas, olhando, como se estivessem assistindo a um programa natelevisão.”
Logo após, foram colocadas músicas para que as crianças pudessem adivinhar de qual desenho animado era a canção; depois, uma outra brincadeira de karaokê. “As mesmas três anteriores não quiseram brincar e, mais uma vez, ficaram olhando”.
“Foi então que eu resolvi fazer um teste e perguntei: Quem quer agora brincar de tablet? As três pularam da cadeira e começaram a gritar que queriam. Claro que foi só um teste para comprovar o que já suspeitava”, relata.
Ao concluir, Fabrício afirma que, nos dias atuais, é preciso apresentar brincadeiras antigas para as crianças desde pequenas, para que possam fazer parte de sua rotina.
“Infelizmente, o corre-corre do dia a dia de pais e avós limitam o tempo para isso. Então, acredito que as escolas (pré-infantil e até mesmo aulas de educação física) apresentariam a parte das brincadeiras, junto com os meios de comunicação, como musicais estilo ‘Galinha Pintadinha’ e ‘Palavra Cantada’, mostrando as cantigas.”