Iniciativa

Padre leva relíquias de Carlo Acutis em peregrinação pelo Brasil

As relíquias do ‘padroeiro da internet’ são levadas a todo país por um padre brasileiro que se encantou com a história do jovem beato Carlo Acutis

Thiago Coutinho,
Da redação

Carlo Acutis, beato que ficou conhecido como o padroeiro da internet / Foto: Nicola Gori – CNA

“Um jovem apaixonado pela Eucaristia”. Essas foram as palavras do Papa Francisco ao comentar a beatificação do jovem italiano Carlo Acutis, de apenas 15 anos, em outubro de 2020, durante uma missa celebrada pelo cardeal Agostino Vallini. E esta devoção ao beato inspirou o pároco do Santuário Nossa Senhora dos Remédios, em Ladário (MS), padre Fábio Vieira, a organizar uma peregrinação com suas relíquias por todo o Brasil.

Em um ano e meio, as relíquias de Carlo já passaram por cinco estados: Ceará, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A próxima parada, neste mês de maio, é uma volta ao Paraná, oportunidade em que o Santuário Nossa Senhora de Guadalupe receberá uma das relíquias oferecidas pelo padre Fábio Vieira. 

Carlo ficou conhecido por suas virtudes heroicas. Um proeminente especialista no mundo tecnológico — tanto que recebeu o título de “padroeiro da internet” — Carlo criou um site no qual catalogava milagres ao redor do mundo. Infelizmente, porém, o garoto faleceu por conta de uma leucemia meses após dar início a este trabalho.

Padre Fábio recebeu há algum tempo da mãe de Carlo, Antônia Acutis, suas relíquias. “Surgiu, então, esta necessidade vinda dos próprios fiéis dele”, relata o sacerdote. “E, assim, fazemos esta missão pelo Brasil, partilhando a santidade, a vida do Carlo, sobretudo para a juventude nas paróquias”.

Exemplo de santidade

Questionado acerca do exemplo deixado por Carlo, padre Fábio é taxativo e concorda que o beato tem um papel preponderante juntos aos jovens.

“Lembremos que a santidade é um dom de Deus que é disponibilizado a todos”, reforça o pároco. “Carlo acolheu este dom na juventude, por isso se torna uma referência. Mas o que ele viveu é um exemplo para todos nós, o seu amor pela Eucaristia, a Nossa Senhora. Diria que o que ele fez de extraordinário foi ser um católico de verdade”, reitera.

Padre Fábio afirma ainda que o jovem beato conseguiu sintetizar em sua breve vida o chamado de Deus. “E traduziu tudo isto em atitudes concretas”, aponta. “O amor a Deus que Carlo tinha era tão grande que o fez traduzir suas atitudes na ajuda aos pobres, no amor à Eucaristia e Nossa Senhora”.

O sacerdote brasileiro, aliás, é muito amigo da família de Carlo. Chegou a viver com seus familiares durante a pandemia, que exigiu isolamento social em todo o mundo.

“Conheço a família Acutis desde 2012. De lá pra cá, nossa amizade só aumentou a ponto de ser convidado a morar lá e ajudar na Fundação Carlo Acutis. No auge da pandemia, em 2020, estávamos juntos. Percebo que tudo em minha vida foi Carlo. De repente, um padre do Brasil dentro de sua casa vivendo tudo aquilo. O mundo sem Eucaristia, mas eu estava lá rezando com sua família”, recorda padre Fábio.

Os laços entre o presbítero brasileiro e a família do beato italiano são tão fortes, que a mãe de Carlo considera padre Fábio como um filho mais velho. “Todos os anos vou e fico com a família. Sinto-me abençoado e que tudo isso possa me ajudar neste caminho da santidade”, conta.

O milagre

O milagre que levou Carlo à beatificação se deu por meio de um menino conhecido como Matheus, em Campo Grande (MS), em 2013. Ele sofria com uma bifurcação no pâncreas, uma doença congênita que o impedia de fazer a digestão e absorver os alimentos que ingeria.

“Matheus já estava em uma situação muito triste, pois punha para fora toda a comida que ia pra dentro. Em uma missa no dia 12 de outubro, o padre o abençoou com uma relíquia de Carlo. Semanas depois ele não tinha mais nada. Até a bifurcação desapareceu”, recorda padre Fábio.

Ser e não ter

Quando anunciou a beatificação de Carlo, o Santo Padre disse que o beato era um exemplo aos jovens porque mostrava que “a verdadeira felicidade está em colocar Deus em primeiro lugar e servi-lo com nossos irmãos e irmãs”.

Para padre Fábio, a sociedade contemporânea tem uma ideia muito errada do que é felicidade. “As pessoas colocam a felicidade no ter: ‘quero ser feliz quando tiver um carro’, ‘quero ser feliz quando for à faculdade’, ‘quero ser feliz quando ter, ter, ter isso ou aquilo’. A felicidade não é fim, é meio. Tenho que ser feliz hoje, buscando cada vez mais viver os valores que Deus me apresenta”, pondera.

Carlo, segundo padre Fábio, tinha como conceito de felicidade os olhos voltados para Deus. A juventude, porém, encara este conceito voltado à imanência no tempo. “Como se meu ser fosse o que tivesse e não é só isso. É ter este olhar voltado para Deus. Posso viver as coisas mundo, mas não tê-las como centro absoluto da minha. Carlo incluiu Jesus em seu projeto de vida. A felicidade plena é Deus”, finaliza.

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