Moderador-geral da Comunidade Bethânia diz que se celebram não os dez anos de morte, mas dez anos de vida atuante de padre Léo no céu
Jéssica Marçal
Da Redação
A sensação é que padre Léo continua mais vivo do que nuca. A afirmação é do moderador-geral da Comunidade Bethânia, padre Vicente de Paula Neto, quando se recordam os 10 anos do falecimento do padre Léo Tarcísio Gonçalves Pereira, o saudoso padre Léo, nesta quarta-feira, 4.
Fundador da Comunidade Bethânia, que trabalha com a recuperação de dependentes químicos, padre Léo transformou a vida de muita gente com suas pregações, em especial com seu testemunho de vida. Ele faleceu em 2007, aos 45 anos, vítima de infecção generalizada por causa de um câncer no sistema linfático.
“É uma alegria muito grande poder falar do padre Léo. A sensação que a gente tem é de que o Léo continua mais vivo do que nunca, trabalhando mais do que trabalhava antes. Estamos celebrando não os dez anos de morte, mas 10 anos de vida atuante de padre Léo no céu. Não tenho dúvida alguma disso”.
Para celebrar esses dez anos de eternidade de padre Léo, a Comunidade Bethânia preparou algumas atividades especiais. Nesta quarta-feira, às 16h, haverá uma Missa presidida pelo fundador da Comunidade Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib. A partir das 19h30, o Encontro dos Amigos do Padre Léo, reunindo Dunga, Eliana Ribeiro, Márcio Todeschini e algumas bandas da região. “Será um grande show em comemoração aos dez anos de eternidade de padre Léo, será um momento muito bonito”, informa padre Vicente.
Beato padre Léo?
Já no ano passado, nessa mesma época, cogitou-se a possibilidade de um processo de beatificação. O noticias.cancaonova.com chegou a entrevistar o próprio padre Vicente sobre o assunto (confira a matéria da época)
“Pessoalmente, eu sinto como se o cerco estivesse se fechando. Nesse um ano da primeira vez que eu falei sobre essa possibilidade, muita coisa já foi feita”, afirma o moderador-geral da Comunidade Bethânia.
A Comunidade tem recebido vários testemunhos de curas físicas pela intercessão de padre Léo, bem como pedidos de muitas pessoas, inclusive de padres e bispos, de maneira informal, para que a comunidade abra um processo de beatificação. Diante disso, a Comunidade precisou dar passos.
“Não existe ainda um processo formal, até porque quem faz o santo é o povo e a gente tem sentido isso, mas existem passos conforme a orientação que alguns bispos e amigos que têm nos acompanhado têm nos ajudado nisso”.
Além do recolhimento e documentação de todos esses testemunhos, outro passo dado pela Comunidade foi o contato com um postulador, que é uma pessoa encarregada de cuidar do processo de beatificação. Essa pessoa ainda não é o postulador oficial da possível causa de beatificação do padre Léo, mas está dando as orientações necessárias.
“Nós não queremos fazer nada à revelia tanto da Igreja quanto do coração do povo, até porque o padre Léo jamais aceitaria uma coisa dessas. Tem que ser tudo dentro daquilo que pede a Mãe-Igreja, dentro daquilo que é coerente com a vida do padre Léo. Temos dado passos muito prudentes”.
Marcas de padre Léo
Padre Vicente conviveu de perto com padre Léo e se sente privilegiado por isso, por ter acompanhado o sacerdote em várias fases, desde a Congregação do Sagrado Coração de Jesus, passando pela fundação da Comunidade Bethânia até a fase da Canção Nova. “Nessas diversas fases, eu fui percebendo o quanto Deus fazia através do padre Léo”.
Ele diz que é difícil sintetizar quem foi padre Léo, mas indica duas características que o descrevem bem: homem do sagrado e homem que soube tirar o melhor das pessoas, além de ser um “apóstolo” do tempo atual que veio trazer uma grande força evangelizadora.
“O padre Léo se esforçava para ser todo de Deus e enxergar Deus em todas as coisas, nas boas e nas ruins. Primeiro, esse Léo marcado pelo sagrado. E segundo, esse homem que sabia tirar o melhor das pessoas e eu sou exemplo disso. Ele ia lá e enxergava o que ninguém mais enxergava e dizia que tinha solução”.
A Comunidade Bethânia sem padre Léo
Lidar com a perda de padre Léo foi bastante difícil, segundo padre Vicente, pois a comunidade estava acostumada a ter sempre presente não só o Pai Fundador, mas a pessoa Léo. Porém, a morte do sacerdote levou a centrar cada vez mais a obra no coração de Jesus e olhar para Ele pelos olhos do padre Léo.
“Nós fizemos o exercício, ao longo desses dez anos, de buscar o carisma através do Fundador, olhar para ele, resgatar documentos, falas, resgatar aquilo que ele disse de Bethânia, o essencial, sobretudo a nossa missão primeira que é acolher Jesus que vem a nós em cada filho ou filha de Bethânia”.
Com a morte do sacerdote, também se reafirmou a certeza do que é a Comunidade Bethânia: não uma clínica de recuperação ou comunidade terapêutica – sendo essas respeitadas por seu trabalho no enfrentamento do drama que é a dependência química – mas uma nova comunidade inspirada por Deus e quem tem o grande legado de padre Léo.
“Graças a Deus, os frutos estão aparecendo: são oito casas bem consolidadas, umas maiores, outras menores, mas todas vivendo radicalmente o carisma. Pudemos, nesse tempo, nos firmar como nova fundação, hoje temos um estatuto eclesiástico, um diretório geral de normas e valores, temos um regimento interno que nos faz Bethânia. Isso tudo plantado em cima da herança que Deus nos deixou através do Pai Fundador que é o padre Léo”.