Doutor em Teologia Moral, padre Mário dedica o artigo, deste mês, à ideologia de gênero, assunto em destaque no Brasil devido à tentativa de inseri-lo em planos de educação
Padre Mário Marcelo Coelho,scj
Doutor em Teologia Moral
O que se entende por “ideologia de gênero?”
De acordo com alguns médicos e psiquiatras idealizadores da ideologia de gênero, sexo biológico, gênero, orientação e expressão, elementos que formam o comportamento sexual humano, não são opções divididas apenas entre o feminino e o masculino. São gradações e podem ser combinadas, dando origem a inúmeras possibilidades. O conceito de gênero é definido como “um sistema de papéis e relações entre o homem e a mulher, que não é determinado biologicamente, mas depende do contexto social, político e econômico. Assim como a sexualidade biológica é nata, assim o ‘gender’ é um produto resultante da educação”.
Quando a criança nasce, não deve ser considerada do sexo masculino ou sexo feminino; depois ela fará essa escolha. Essa é a chamada ‘Identidade de gênero’ ou ‘Ideologia de gênero’. A identidade sexual resulta do modo que a criança foi educada, por isso, às vezes, é diferente da sexualidade biológica. Um dos objetivos dessa ideologia é eliminar as diferenças sexuais entre o masculino e feminino, que são determinadas por diferenças biológicas entre homem e mulher. Inclusive, já existem escolas para crianças na Suécia e na Holanda, onde não se pode chamar o aluno de menino ou menina, chama-os apenas de crianças, porque eles devem decidir quando crescerem se serão homens ou mulheres, o que é antinatural.
O que nos ensina a Doutrina Católica?
O Papa Francisco afirma que “a ideologia de gênero é um erro da mente humana que provoca muita confusão. Portanto, a família está sendo atacada.” Em vez de reconhecer que Deus criou as pessoas como homens e mulheres, a ideologia afirma que (o ser homem e o ser mulher) são construtores sociais e que agora nós podemos decidir o que seremos.
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A Doutrina Católica não pode ficar indiferente diante de uma ideologia que tem como objetivo atacar a família, o matrimônio, a maternidade, a paternidade, a moral na vida sexual e a vida pré-natal. Deus criou o homem e a mulher, as duas sexualidades distintas, mas iguais, instituiu o matrimônio e a família, bem como as leis que regulam a moral. Portanto, os cristãos devem defender a cultura que enfatiza e respeita as diferenças entre homens e mulheres e o valor da família.
O Papa Francisco afirma ainda que, “isso é colonização ideológica”, ou seja, “coloniza-se as pessoas com uma ideia que quer mudar uma mentalidade ou uma estrutura.” Nessa colonização, existe o plano para implantar a ideologia de gênero nas escolas através dos “Planos Municipais de Educação”.
Os Bispos católicos do Estado de São Paulo (Regional Sul 1 da CNBB) declaram que, “as consequências da introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas contradiz frontalmente a configuração antropológica de família, transmitida há milênios em todas as culturas. Isso submeteria as crianças e os jovens a um processo de esvaziamento de valores cultivados na família, fundamento insubstituível para a construção da sociedade. Diante dessa grave ameaça aos valores da família, esperamos dos governantes do Legislativo e Executivo uma tomada de posição que garanta para as novas gerações uma escola que promova a família, tal como a entendem a Constituição Federal (artigo 226) e a tradição cristã, que moldou a cultura brasileira.