Coluna da semana

Padre defende solidariedade com quem sofre com o terrorismo

No artigo desse mês, padre Mário reflete sobre o terrorismo no mundo atual, retomando o que disseram sobre o assunto a Conferência de Puebla e o Papa Francisco

Padre Mário Marcelo Coelho, scj

Padre Mário Marcelo destaca que o matrimônio e a família estão inscritos no projeto de Deus / Foto: Arquivo

Padre Mário Marcelo / Foto: Arquivo

O que pensar do terrorismo hoje?

“O terrorismo que ameaça, fere e mata sem discriminação é gravemente contrário à justiça e à caridade” (Catecismo, 2297).

O mundo vive em crescente ações terroristas. Estamos vivendo em um mundo perigoso com o terrorismo. Muitas vozes se levantam para tentar conter esse crescimento, mas são como vozes no deserto que nos parecem muitas vezes inúteis. O que precisa ser feito? Como lutar contra o terrorismo que assombra o mundo? Uma mulher muçulmana concede uma entrevista a uma rede de televisão internacional, após perder o esposo e os três filhos em um ataque. Suas palavras finais são: “Não há esperança para nós. A quem vamos recorrer?”.

O que pensar do terrorismo hoje? Os Bispos reunidos na IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano de Santo Domingo em 1993 afirmaram que: “A cultura da morte nos desafia. Com tristeza humana e preocupação cristã, somos testemunhas das campanhas anti-vida que se difundem, perturbando a mentalidade do nosso povo com uma cultura de morte”, e afirmam que o terrorismo é uma das expressões da cultura da morte muito difundida no mundo atual. Os Bispos afirmam que o terrorismo é igualmente inaceitável e gera muitas vítimas inocentes.

Em Puebla, no ano de 1979, os Bispos retomam o tema e reafirmam: “Com igual decisão a Igreja repele a violência terrorista e guerrilheira, cruel e incontrolável quando se desencadeia. De nenhum modo se justifica o crime como caminho de libertação. A violência gera inexoravelmente novas formas de opressão e escravidão, geralmente mais graves do que aquelas das quais se pretende libertar o homem. Mas, sobretudo, é um atentado contra a vida que só depende do Criador. Devemos salientar igualmente que, quando uma ideologia apela para a violência, reconhece com isso sua própria insuficiência e debilidade”.

É preciso que as pessoas se solidarizem com aqueles que sofrem com o terrorismo. Bispos da Nigéria pedem que autoridades e todo o povo mostrem solidariedade. Que sejam mobilizados meios internacionais para combater este tipo de violência que causa dor, tristeza e angústias a tantas pessoas.

Na Exortação Apostólica “Reconciliação e Penitência” o Papa João Paulo II, com o olhar de pastor, descobre como uma das características do mundo e da humanidade do nosso tempo, um mundo despedaçado, a existência de numerosas, profundas e dolorosas divisões.  Estas divisões manifestam-se nas relações entre as pessoas e entre os grupos, como também ao nível das coletividades mais amplas: Nações contra Nações, e blocos de países contrapostos, numa árdua busca de hegemonia. Na raiz das rupturas não é difícil identificar conflitos que, em vez de serem resolvidos mediante o diálogo, se agudizam no confronto e na oposição. Ao indagar sobre os elementos geradores de divisão, o Papa cita entre estes, a violência e o terrorismo. Portanto, afirmamos que os terrorismos são contrários à lei moral.

Papa Francisco pediu que “dirigentes religiosos, políticos e intelectuais, especialmente muçulmanos” condenem “qualquer interpretação fundamentalista e extremista da religião que justifique” a violência.

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O Pontífice condenou “o terrorismo” e afirmou que “o fundamentalismo religioso, antes mesmo de descartar seres humanos perpetrando horrendos massacres, rejeita Deus, relegando-o a um mero pretexto ideológico”. Disse ainda: “A cultura que rejeita o outro, que destrói os vínculos mais íntimos e autênticos, desfaz e desagrega toda a sociedade e gera violência e morte. Há um tipo de rejeição que nos afeta todos, que nos leva a não ver ao próximo como a um irmão ao qual acolher, mas a deixá-lo fora de nosso horizonte pessoal de vida, a transformá-lo em um adversário, em um súdito ao qual dominar. Essa é a mentalidade que gera a cultura do descarte, que não respeita nada nem ninguém: desde os animais aos seres humanos, e inclusive o próprio Deus. Daí nasce a humanidade ferida e continuamente dividida por tensões e conflitos de todo tipo.”

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