A dependência de álcool atinge 12% dos adultos brasileiros e responde por 90% das mortes associadas ao uso de outras drogas
André Cunha, da redação
Nesta quinta-feira, 18, no Brasil, celebra-se o Dia de Combate ao Álcool. De acordo com dados do Governo Federal, a dependência de álcool, droga mais popular, atinge 12% dos adultos brasileiros e responde por 90% das mortes associadas ao uso de outras drogas.
O uso contínuo do álcool pode causar muitas doenças, segundo afirma o Instituto Nacional do Câncer (INCA), como doenças neurais, mentais, musculares, hepáticas, gástricas, pancreáticas e entre elas o câncer. Isto sem falar nos problemas sociais que estão associados à ingestão de bebidas alcoólicas: acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, faltas ao trabalho e atos de violência.
Mas o que leva alguém algo estado de dependência alcoólica? Segundo o psiquiatra Nilton Yrio, existe no nosso organismo uma região chamada “sistema de recompensa”, é uma região cerebral responsável pelas sensações prazerosas, ou seja, se uma ação dá prazer, a tendência é repetir aquele ato. “O neurotransmissor responsável por estas sensações de prazer é chamado de ‘dopamina’, e o álcool aumenta o estímulo deste neurotransmissor mais do que o natural”.
Logo, explica o especialista, cada vez que o indivíduo bebe, a liberação da dopamina vai ficando mais intensa e o organismo tende a querer repetir, em doses maiores, as sensações prazerosas causadas pelo uso frequente do álcool. Daí surge a dependência química.
Veja no infográfico, os efeitos das bebidas alcoólicas no organismo:
Cura ou tratamento?
O alcoolismo é uma doença sem cura, mas pode ser totalmente controlado. O Brasil tem milhares de instituições de ajuda ao usuário de álcool com problemas. Elas atuam com prevenção, tratamento e ações de redução de danos.
Na Igreja Católica, a Pastoral da Sobriedade trabalha diretamente, como organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no acompanhamento de dependentes químicos. Em 2015, foram 564.896 atendimentos; cerca de 20% foram relacionados ao consumo de álcool.
O trabalho da Pastoral acontece em reuniões semanais, implantadas nas Paróquias ou comunidades, onde se propõe um “Programa de Vida Nova” que ajuda no processo de conversão.
A reunião de Auto-Ajuda está baseada no modelo sistêmico da Psicologia, no qual a dificuldade de um dos membros é compartilhada por todos e, cada um, tem sua participação e responsabilidade no processo de mudança.
Para a Pastoral da Sobriedade, a prática da fé cristã ajuda significativamente no processo de prevenção ou recuperação. “A gente percebe a diferença em uma pessoa que dá importância à religião e à espiritualidade no tratamento. Às vezes, a gente pensa que aquela pessoa não tem recuperação, mas vem Deus e muda a história dela de forma maravilhosa e surpreendente”, afirma Márcia Hoenhe da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Lorena (SP).
Os Grupos de Auto-Ajuda da Pastoral da Sobriedade trabalham 12 passos, baseados na reflexão e na vivência de 12 temas bíblicos que pretendem levar a uma conversão pessoal Isto porque, segundo a Pastoral, não basta bloquear o uso da droga e o abuso do álcool, mas deve-se propor a descoberta do verdadeiro sentido da vida.
Os 12 passos contemplam a doutrina da Igreja Católica e os Sacramentos. São eles: Admitir, Confiar, Entregar, Arrepender-se, Confessar, Renascer, Reparar, Processar a Fé, Orar e Vigiar, Servir, Celebrar e Festejar.
Para participar dos grupos basta procurá-los junto às comunidades paroquiais.
.: Saiba onde encontrar um grupo da Pastoral da Sobriedade.