DE 24 A 26 DE MARÇO

No Ano Mariano, Pastoral reforça presença de Maria nos cárceres

Encontro de formação para agentes da Pastoral Carcerária traz como tema “Maria e tantas marias no cárcere”, por ocasião do Ano Mariano

Monique Coutinho
Da redação

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De 24 a 26 de março acontece em Campo Grande (MS), o Encontro de Formação para Agentes da Pastoral Carcerária / Fonte: site oficial da Pastoral Carcerária

De 24 a 26 de março acontece em Campo Grande (MS), o Encontro de Formação para Agentes da Pastoral Carcerária que atuam com as mulheres encarceradas.

Por ocasião do Ano Nacional Mariano, o tema do evento é “Maria e as tantas marias nos cárceres” e o lema “Minha alma exalta o Senhor, pois Ele pôs os olhos sobre sua humilde serva”.

O encontro é realizado na casa de formação do Regional da CNBB e tem como foco manter a mobilização pelo desencarceramento, rumo ao mundo sem prisões.

Neste ano, outros dois eventos regionais serão realizados para que agentes de todo país consigam participar: um para os estados do sul e sudeste, que será realizado em Curitiba e outro em Fortaleza, que vai contemplar os agentes do norte e nordeste. 

Falta de recursos básicos

A problemática que envolve o sistema carcerário feminino no Brasil é preocupante, pois apresenta dificuldades como falta de recursos básicos e estruturas físicas, conforme relata a Coordenadora Nacional para a Questão da Mulher Presa, Irmã Petra Pfaller. Ela afirma que, com o aumento das mulheres presas, o atendimento à saúde chega a ser precária, ou até mesmo ausente.

“Aumentou a população carcerária nos últimos anos em aproximadamente 500%. Por isso, o atendimento à saúde é muito precário ou até mesmo ausente devido à superlotação e isso gera um grande sofrimento para as mulheres. O mais difícil são as gestantes que estão presas junto com os filhos em situações precárias” acrescenta.

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A religiosa observa que o encontro visa fortalecer a fé daqueles que se colocam a disposição de servir, levando sempre a Palavra de Deus. Este ano, por ocasião do Ano Mariano, a proposta é sustentar ainda mais a presença de Maria nos cárceres.

“Estamos no Ano Mariano e a pessoa de Maria é muito importante nos cárceres. Para as mulheres, Maria é uma companheira e exemplo de vida que faz a diferença. E nos presídios se reza muito oração mariana, como o terço, e é óbvio que vamos reforçar a pessoa de Maria nos cárceres. Por isso o tema: ‘Maria e tantas marias no cárcere’”.

Relatório nacional

O Ministério da Justiça divulgou em novembro de 2015 o relatório nacional onde afirma que de 2000 até a liberação dos dados o número de mulheres presas atingia a marca de 37.380, totalizando um aumento de 567%. Além disso, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) constatou que 68% das mulheres estão presas pelo crime de tráfico de drogas.

Uma das Agentes da Pastoral Carcerária, Vera Dalzotto, confirma tais dados. De acordo com a agente, ao prender uma mulher uma problemática se destaca: não é apenas ela que está sendo presa, mas todos os filhos e a família em geral.

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Vera Dalzotto e Pietra Pfaller / Foto: Arquivo pessoal

“A mulher está sendo o foco principal da polícia no sentido de encarceramento. É preocupante, pois quando se encarcera a mulher isso atinge toda a família, porque prende junto os filhos e toda a situação familiar se despenca”.

Dedicação e escuta

O trabalho desenvolvido nas penitenciárias femininas espalhadas pelo Brasil requer muita dedicação e escuta, já que as realidades enfrentadas pelas presas é de extrema delicadeza.

“Nós vamos até os cárceres, local que tem muita tortura, humilhação e uma demanda muito grande de sofrimento, então escutamos aquelas que ali estão. A Pastoral Carcerária é uma pastoral de escuta, exite uma necessidade muito grande de se ouvir. A partir disso fazemos anotações das necessidades, inclusive da falta de dignidade que elas são atendidas e depois fazemos a leitura orante da Bíblia”, diz a agente.

Em dias específicos – acrescenta Vera – como o Natal e Páscoa, essas ações se intensificam. “Tem duas datas em que fazemos celebrações especiais: a Páscoa e o Natal. Nesses dias é feita a Celebração Eucarística e durante o ano todo fazemos a Liturgia da Palavra.”

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O Institute for Criminal Policy Research (ICPR) divulgou recentemente um relatório onde afirma que o Brasil reúne a quinta maior população carcerária feminina, ficando atrás apenas de Estados Unidos, China, Rússia e Tailândia. No geral, 68% das detentas no país são negras, 60% tem até 29 anos e apenas 11% concluíram o Ensino Médio.

Por lidar diretamente com a situação precária dos presídios femininos, Vera relata que, dentro dos cárceres, ela consegue cumprir ou fazer parte das obras de misericórdia, na devoção à Divina Misericórdia.

“Penso que dentro do cárcere a gente consegue fazer todas, ou parte, das obras de misericórdia. Tanto espirituais quanto corporais. O que me transforma é olhar para mim e saber que de fato estou em busca daquilo que Jesus nos ensina a buscar. É eu ser melhor, dar o meu melhor (…) A gente lida com pessoas que a sociedade manda matar, e nós vamos ali e dizemos que Jesus as ama e que quer a vida para eles, não morte. Eu me sinto muito instrumento nas mãos de Deus, pequeno e frágil, mas com certeza uma pessoa a caminho” conclui.

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