Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), abriga exposição permanente de presépios
Denise Claro
Da redação, com colaboração de Pedro Teixeira
O Natal se aproxima. Um dos símbolos dessa época fortemente presentes em Igrejas e nas casas dos católicos é o presépio, com as figuras do Menino Jesus, Maria, José, os reis magos, pastores e os animais. Alguns ainda apresentam o anjo e a estrela.
O termo presépio vem do latim ‘praesepe’ e significa manjedoura, estábulo, ou seja, o lugar em que ficam os animais. Foi onde Maria e José foram acolhidos, ao buscar abrigo.
A tradição do presépio teve início com São Francisco de Assis. O reitor do Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá, Frei João Francisco da Silva, conta como pela primeira vez a cena do nascimento de Jesus foi montada, com um presépio vivo:
“São Francisco sempre teve uma paixão muito grande pelo Cristo. Três dimensões na vida do Cristo sempre emocionaram Francisco: o Cristo da Encarnação, o Cristo da Eucaristia e o Cristo Crucificado. Em 1223, Francisco, querendo celebrar com a comunidade de um modo diferente, pediu a um amigo chamado João para preparar tudo, e deu um tempo para que ele conseguisse o boi, o burro, o menino Jesus e também o feno para compor a cena. Francisco celebrou a Missa, fazendo uma bonita homilia sobre o nascimento de Jesus, e conta-se que o menino Jesus acordou quando Francisco se aproximou. Foi um momento catequético, e Francisco queria que as pessoas sentissem esta emoção, de ter diante de si a cena do nascimento de Jesus.”
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Com o passar do tempo, a ideia do presépio foi se proliferando, nas Catedrais, e a partir do século XVIII, entrou nas casas. Atualmente, há presépios de todo o tipo de material, e de várias origens, muitos deles característicos de um povo, com detalhes culturais. Porém, segundo o religioso, todos eles têm algo em comum:
“O menino Jesus está sempre em destaque, compondo o centro da cena, de onde irradia toda a luminosidade, a força interior de Deus que está ali a partir do menino Jesus.”
Frei João Francisco lembra que a natividade de Jesus se dá a partir da fragilidade, da simplicidade e da pequenez:
“É a força de um Deus que se manifesta a partir de um ser frágil. Recordamos então tantas pessoas que sofrem e que vivem situações de migração, de drogas, da questão da violência, da fome, do desemprego, da doença, tantas necessidades. O presépio quer manifestar exatamente isso. Que Deus assume nossa condição humana mesmo diante de tanta fragilidade. O processo continua. Ainda há a perseguição aos pequenos, a história comete os mesmos erros, mas o presépio é sempre um sinal de esperança, de valorização da vida, da pessoa, um sinal de ternura, diante de tantas dificuldades.”
Franciscanos
A partir de São Francisco, o ramo franciscano continuou com os presépios, assumindo a tradição também como forma de espiritualidade.
“A cena do presépio fala por si só. – diz Frei João Francisco- Os elementos que compõem a cena e todo o estilo da cena do presépio já são uma bonita catequese.”
O religioso conta que aos poucos os frades foram adquirindo presépios em suas viagens, e compondo uma pequena coleção, expostos nos primeiros conventos. No Brasil, teve início, com a Ordem, o costume de se expor presépios para visitação. Somente em São Paulo, a exposição acontece há 29 anos, no tempo do Advento, no Convento de São Francisco.
Após a canonização de Frei Galvão, o seminário de Guaratinguetá passou a receber mais visitantes, e a exposição franciscana de presépios passou a ser permanente, nesta cidade:
“Como acolhemos os devotos de Frei Galvão, e há espaço aqui, a exposição veio para Guaratinguetá. Ao longo de todo o ano, os visitantes podem conhecer a exposição franciscana de presépios. São cerca de 800 presépios, de várias nacionalidades. Entendemos que é um modo de evangelizar e de catequizar.”