Hoje é o terceiro dia do 2º Congresso Missionário Nacional que acontece na Basílica de Aparecida (SP). De acordo com a metodologia do encontro, foi o Dia da Partilha, aonde missionários testemunharam suas experiências de "discípulos e missionários sem fronteiras".
.: "Santidade é dar a vida para que outros tenham vida"
Entre outras, destacaram-se as colocações da missionária leiga e médica pediatra, doutora Mônica Guarniere, que relatou sua experiência de missão no Guiné Bissau, do coordenador do Conselho Missionário Regional (Comire) da regional Sul 3 da CNBB , Padre Camilo Pauletti, que falou dos anos que passou em Moçambique e dos missionários vindos de países da África, que testemunharam de seus trabalhos de evangelização na América Latina.
Doutora Mônica Guarnier permaneceu 2 anos no país da Costa Africana. Lá, doou-se como médica e como missionária, ajudando pessoas que vivem na extrema pobreza: "Falei de Jesus para quem nunca havia ouvido falar de Jesus".
Guiné Bissau está entre as nações menos desenvolvidas e entre os países mais pobres do mundo. "Mesmo vivendo em meio a esta realidade, eu que já vivi muitas coisas boas, me vi realizada interiormente. Deus dá o cêntuplo. Eu partiria em missão novamente", afirmou a doutora.
Padre Camilo partiu para o norte de Moçambique em 1999 e lá permaneceu por 6 anos. "fui viver em uma das regiões mais populosas do país, onde apenas 12% das pessoas são cristãs".
Moçambique tem 20 milhões de habitantes. Neste país metade da população ainda vive no interior e mais da metade é analfabeta. "Há dez anos Moçambique estava entres os países mais pobres do mundo. Não mudou muita coisa. Chove apenas 3 vezes ao ano: a população sofre com a seca e com o sol forte. Há fome de comida, mas também há fome de Eucaristia".
O sacerdote missionário destacou que no país africano, facilmente reúne 800, 900, mil pessoas. "E para ir ao encontro da Palavra, as pessoas chegam a andar 20, 30 quilômetros”, assinalou. "Lá as pessoas são analfabetas, valorizam a Palavra. Escutam e partilham com facilidade", acrescentou.
Falando das dificuldades, Padre Camilo disse que por duas vezes achou que ia morrer. "A gente sofre, mas passa. Se o povo sofre porque a gente não pode sofrer?", testemunhou. Ele motivou os que se sentem chamados a dar passos: "Vale a pena. Mas é preciso ir com o coração aberto e desapegado", afirmou.
Muitos africanos que foram evangelizados por missionários, ingressaram em congregações e hoje atuam em países da América Latina. Segundo Dom Sérgio Castriani, há 15 anos, a maior parte dos missionários vinha de países europeus. "Hoje são os países do 3º mundo que enviam a maior parte dos missionários", disse ele.
Há 5 anos no Brasil, Membro da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias, Irmã Elvira Augusto, afirmou: "A África precisa de missionários, mas temos que oferecer o pouco que temos. Como dizia João Paulo II, a atividade missionária é a manifestação do desígnio de Deus no mundo".
Irmã Elvira falou que vive o sentido de missionariedade conforme a Palavra e conforme o Documento de Aparecida: “Pelo batismo podemos ser discípulos e missionários. Esta é uma das razões de eu estar no Brasil e de muitos irmãos do continente latino-americano estarem na África".
A missionária destacou que é importante evangelizar sem ignorar o passado dos países, respeitando sua história, suas culturas e tradições com o discernimento dado pelo Espírito Santo e com base nos Documentos da Igreja. "Jesus se encarna nas mais diversas realidades culturais. Cabe aos missionários assumir o que é bom e justo para comunicar Evangelho com a linguagem adequada", disse. Destacando as ações missionárias, Dom Sérgio destacou as atividades da Imprensa Missionária, do mês missionário, da infância missionária e mencionou a importância dos novos movimentos como Canção Nova, que tem missionários em vários países, dos focolarinos e dos evangélicos.
(Foto: CNBB)