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Mês mariano:bispo comenta exemplo da vida de oração de Maria

Apesar de uma experiência de vida solitária, Maria procurava sempre estar com Deus na oração, destaca Dom Antônio

Dom Antônio Augusto Dias Duarte
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro 

Dom Antônio é bispo auxiliar do Rio de Janeiro / Foto: Arquivo

Dom Antônio é bispo auxiliar do Rio de Janeiro / Foto: Arquivo

Maria e Oração

Quando a solidão e o silêncio envolvem uma pessoa no final de um dia ou de uma semana de intenso trabalho, as tentativas de encontrar uma companhia e uma conversa agradável e enriquecedora podem ter ou não êxito.

Quem sempre pode garantir esse êxito e evitar uma frustração na vida é uma pessoa que sabe encher a solidão de presença e o silêncio de diálogo, e essa pessoa é Maria de Belém, de Nazaré, de Jerusalém… é Nossa Senhora de todas as partes do mundo e com todos os seus títulos .

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A solidão para Nossa Senhora nunca foi isolamento, e nunca Ela teve a experiência de uma vida solitária, cheia de tédio e de tristeza, mas Ela procurava, de propósito estar com Deus… “Ave, Maria cheia de graça, o Senhor é contigo…”, rezamos há séculos para reconhecer esse êxito de Maria.

A presença de Deus no interior da alma dessa mulher, que atraiu o olhar divino graças à sua humildade, era para ela não uma mera lembrança, nem tampouco um simples momento espiritual. Era, de verdade, uma companhia rica e profunda.

Deus realmente morava na sua alma, porque Maria cumpria seus mandamentos, meditava todos os acontecimentos no seu coração… Ela sabia – como nós também devemos saber – que Deus sempre tem a iniciativa de amar, de buscar aquele ou aquela que Ele ama com sua presença cheia de ternura e de misericórdia.

Quantas vezes o ser humano procura preencher o vazio da solidão e o medo do silêncio com realidades que, no final, após serem encontradas só deixam um espaço maior de ausência e de tristeza no seu íntimo.

Estar sozinho e não ter com quem conviver, com quem conversar, é a oportunidade propícia que a vida oferece para viver esse encontro com Deus que está próximo e acessível através da oração pessoal, que é um diálogo íntimo, alegre e amoroso, com esse hóspede da alma, que é o Espírito de Deus.

A Doutora da Igreja, Santa Teresa de Ávila, define oração-diálogo com Deus-hóspede como uma íntima relação, “na qual conversamos muitas vezes a sós com esse Deus por quem nos sabemos amados” (cf. Livro da Vida, 8)

Nossa Senhora que é muito mais do que doutora na fé, e sim uma mãe da fé para seus filhos e filhas, gera neles e nelas a tentativa vitoriosa sobre a solidão e o silêncio em qualquer hora do dia e da noite.

A tentativa que Maria, mãe de Deus na sua humanidade, gera na vontade é a de tentar, de querer ser homens e mulheres de oração. Não só ser pessoas rezadoras, mas pessoas que busquem, com todas suas forças íntimas, Aquele que os seus corações amam.
Buscar assim é o maior desejo da vontade humana, é a força que leva ao encontro, e quando se busca com esse ardor da alma a Deus, já há um encontro com o Amor de Deus, e então Amor dilata as pupilas da alma, e no meio da escuridão da solidão e do silêncio é encontrado o olhar de Deus.

Entra-se, então, na intimidade de Deus presente no mais íntimo da intimidade humana, e se experimenta toda ternura de um Pai, toda a bondade de um Irmão e toda a alegria de um Amigo fiel.
Que interessante e profunda demonstração de fé tinha aquele trabalhador do campo da minúscula aldeia de Ars, na França do século XIX, quando respondia ao pároco da igreja – futuro Santo Cura de Ars, patrono dos párocos – sobre o que ele fazia, todos os dias, sentado lá no banco perto do sacrário: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim.”

Atento ao Deus-presente na Hóstia esse homem vivia na companhia e na conversa mais agradável e mais enriquecedora de todas que poderia ter nas inúmeras tentativas de não ficar na solidão silenciosa durante seu trabalho diário.

O Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013, afirmava que “o único modo para que uma pessoa, uma família, uma sociedade cresça, a única maneira para que a vida dos povos avance é a cultura do encontro, uma cultura, na qual todo mundo tem algo de bom com que contribuir, e todos podem receber algo de bom em troca… Hoje, ou se aposta no diálogo e se aposta na cultura do encontro, ou todos perdemos, todos perdemos.”

O diálogo e o encontro com Deus, cultivando a oração nas horas em que se sente sozinho e sem ninguém com quem conversar, será o momento mais vitorioso do dia, onde todos ganham.
Nossa Senhora, Mãe da fé, Mestra de oração, ganhou sempre e ajuda a vitória sobre a solidão vazia e o silêncio estéril.

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