Às vésperas da Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, celebrada em 8 de dezembro, o Canção Nova em Foco conversa com o irmão marista Afonso Murad, doutor em teologia. Irmão Afonso fala em detalhes sobre o significado do Dogma da Imaculada Conceição e diz como os fiéis podem bem celebrar a festa deste domingo. “Com gratidão a Deus pelas maravilhas que opera em Maria e com o coração aberto preparando-nos para a festa do Natal”.
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Irmão Murad explica que quando se fala em Imaculada Conceição (concebida sem pecado) logo se fala em pecado original, mas, comumente, se esquece de falar de algo que vem antes mesmo do pecado: a graça original. Ele destaca que o ser humano é criado em Cristo e chamado a ser todo de Deus. “Ao olhar para Maria, a gente contempla isso: o ser humano que Deus sonhou para humanidade”.
A chave para a compreensão deste dogma, segundo o irmão, está no Evangelho, na parábola dos talentos, em que a pessoa que recebeu mais[talentos], ainda os multiplica. “Deus dá a Maria alguma coisa a mais que dá aos simples mortais como nós e Ela respondeu de maneira plena". Para ele, isso se torna uma grande lição de vida: ao contemplar o dogma da Imaculada, compreender que a graça que se recebe não é para benefício pessoal e sim para ser colocada a serviço.
Irmão Murad destaca que para compreender a essência deste dogma é preciso entender que Maria recebe esta graça em vista de Jesus. “Para que Ela pudesse ser a mãe, a educadora de Jesus, depois a discípula e a mãe da comunidade, Deus deu a Ela muitos talentos.”
Para ele, uma palavra que pode traduzir bem o dogma nos dias atuais é inteireza. “O ser humano hoje está dividido, fragmentado, não consegue ter aquele ímpeto, desejo, vontade de dizer: é aqui que eu quero caminhar. E então, ser capaz de renunciar a tantas outras coisas. Olhando para Maria, a gente vê isso: o ser humano unificado, inteiro, e porque inteiro, é capaz de responder a Deus com grande intensidade, contagiar os outros, ser referência para os outros”.
Na entrevista, Irmão Murad fala ainda sobre a “demora” para a Proclamação do Dogma ocorrido em 8 de dezembro de 1854; explica porque o dogma, que não tem uma base bíblica direta, dificultando o diálogo ecumênico; conta a boa experiência entre a Igreja Católica e a Anglicana, que embora não aceite o dogma, o vê com simpatia e ainda fala sobre a aparição da Virgem Maria à Bernadete, em Lourdes na França, ocasião em que se revelou como a “Imaculada Conceição.”