Padre Flávio Roberto Rocha é reitor do Santuário de Nossa Senhora Menina, em Aracaju
Denise Claro
Da redação
Nesta quarta-feira, 8, a Igreja celebra a Natividade de Nossa Senhora. A festa acontece nove meses após a celebração da solenidade da Imaculada Conceição (8 de dezembro).
A Igreja católica não costuma celebrar o dia de nascimento dos santos, mas sim o de sua morte, quando entram para a glória eterna. Porém, há três celebrações de nascimento: de Jesus Cristo (Natal); de São João Batista (ainda no ventre de Isabel, manifestou-se diante da proximidade de Maria, que esperava Jesus, e que fora visitar sua parente); e o da própria Virgem Santíssima.
O reitor do Santuário de Nossa Senhora Menina, em Aracaju (SE), padre Flávio Roberto Rocha, afirma que a Igreja celebra com júbilo a festa de Nossa Senhora por ser a Mãe de Deus que se faz Homem, por ter dado corpo ao Verbo divino, para que acontecesse a salvação da humanidade.
“A celebração do nascimento da Virgem Maria, como disse santo André de Creta, é para nós ‘o começo de todas as festas’. O nascimento de Maria Santíssima traz ao mundo o anúncio jubiloso de uma boa nova: a mãe do Salvador já está entre nós. Ele é o alvorecer prenunciativo de nossa salvação, o início histórico da obra da Redenção.”, lembra.
Natividade de Nossa Senhora
O sacerdote recorda as palavras de São Pedro Damião, que afirmava em sua homilia para essa festa: “Hoje é o dia em que Deus começa a pôr em prática o seu plano eterno, pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la. Casa linda, porque, se a Sabedoria constrói uma casa com sete colunas trabalhadas, este palácio de Maria está alicerçado nos sete dons do Espírito Santo. Salomão celebrou de modo soleníssimo a inauguração de um templo de pedra. Como celebraremos o nascimento de Maria, templo do Verbo encarnado? Naquele dia a glória de Deus desceu sobre o templo de Jerusalém sob forma de nuvem, que o obscureceu.”
Padre Flávio reforça que, na festa de hoje, o mundo católico admira Nossa Senhora como sendo Ela a aurora que anuncia o Sol de justiça que dissipa as trevas do pecado.
“Nela, a Igreja convida a ‘contemplarmos uma menina como todas as outras, e que ao mesmo tempo é única, pois, Ela é a “bendita entre todas as mulheres'”.
Origem da Devoção
A devoção a Nossa Senhora Menina nasceu no Convento de São José de Graça, na capital mexicana. Ali residia uma comunidade de monjas concepcionistas, dentre elas tinha uma irmã que se destacava pela humildade e pela simplicidade, de nome Magdalena.
Exatamente no dia 6 de janeiro de 1840, na festividade dos Santos Reis, enquanto rezava diante do presépio com a imagem do menino Jesus, a irmã Magdalena teve a seguinte inspiração: por que não celebrar com cânticos de alegria o nascimento de Maria, como se faz com o menino Jesus? Veio-lhe à mente a imagem de Maria menina sobre nuvens, recém-nascida, deitadinha, vestida como uma rainha, dizendo: “Concederei todas as graças às pessoas que me pedirem e me honrarem na minha infância, pois é uma devoção muito esquecida.”
Profundamente impressionada, a irmã Magdalena comunicou tudo isso à abadessa Madre Guadalupe, pedindo licença para mandar fazer uma imagem como a que ela tinha visualizado na mente para dar a conhecer a devoção. Pedido que de início foi negado, mas com a insistência da irmã, por fim foi autorizado.
Aprovação do Papa
A irmã Magdalena chamou um escultor, que esculpiu uma linda imagem do tamanho de uma criança recém-nascida. A imagem foi abençoada, e a monja propagou a devoção dentre o povo da cidade do México, que alcançou grandes graças, favores e milagres de Deus, pela intercessão de Maria Menina.
O Papa Gregório XVI aprovou a devoção à infância de Maria, e a enriqueceu-a com indulgências. A partir daí, foram surgindo novenas, orações, tríduos, e o destaque para o dia oito de cada mês, já que a Igreja celebra o aniversário de Maria em 8 de setembro.
Um tempo depois, foi construído um Santuário para abrigar a imagem, por Maria do rosário Arrevillaga e pelo padre José Federico Salvador. Foi fundada a “Congregação das escravas da Imaculada menina”, que levaria pelo mundo o amor e a devoção a Maria menina.
A devoção no Brasil
A primeira imagem de Nossa Senhora Menina, que está no Santuário em Aracaju, chegou ao Brasil vinda do México, a pedido de Dom José Tomás, primeiro bispo da diocese.
O santuário foi inaugurado no oitavo dia do mês de setembro de 1942, na festa solene da natividade de Nossa Senhora.
“A devoção à princesa do Céu foi difundindo-se por todo estado e no coração do sergipanos. Para o seu santuário acorriam inúmeras pessoas desde os mais pobres aos mais ilustres da sociedade.”, afirma padre Flávio.
O reitor comenta a importância do amor manifestado à Mãe de Deus. “A devoção a Nossa Senhora Menina tem muita importância porque além de ser padroeira e intercessora as crianças, ela é também a padroeira dos idosos, dos enfermos. O santuário de Nossa Senhora Menina aqui nesta arquidiocese é também o santuário de adoração eucarística. Como Nossa Senhora sempre nos atrai ao seu Filho, aqui no primeiro santuário a ela dedicado na sua tenra infância, aqueles que vêm visitá-la encontram-se sempre com o seu Filho amado na Eucaristia.”
Neste dia 8 de setembro, o santuário em Aracaju poderá receber os fiéis devotos. Com a flexibilização das políticas públicas e de saúde, as assembleias no estado podem acolher 75% dos seus fiéis.
“Haverá Missas, o Ofício da Imaculada Conceição, Liturgia das Horas, e adoração ao Santíssimo. À tarde, uma carreata com a imagem de Nossa Senhora Menina abençoando as ruas, as pessoas, e as famílias e logo após, às 18h, Missa Solene. Após a Santa Missa, teremos os parabéns para a princesa do céu (com direito a festa de aniversário).”