Em Cabrália (BA), Noite Cultural Indígena faz parte das celebrações dos 516 anos da primeira Missa no Brasil
Regiane Calixto
Enviada especial a Cabrália
Cultura indígena e catolicismo, belezas de uma terra de descobertas. Este foi o tema central da Noite Cultural Indígena realizada nesta segunda-feira, 25, em Santa Cruz Cabrália (BA), dentro dos festejos pelos 516 anos da primeira Missa no Brasil.
Muita alegria, confraternização e comidas típicas marcaram a noite, na qual os indígenas apresentaram aos jovens, que participaram da III Semana Missionária, o ritual mais importante da sua cultura: o AWÊ.
Veja trecho da dança típica
Danilo Pataxó, que faz parte do Núcleo de Liderança Jovem Indígena, é católico de berço e explica que é possível ser índio e cristão ao mesmo tempo. Segundo ele, sua cultura, assim como o Cristianismo, são impulsionados pelo amor a Deus e o amor à terra.“Ser índio e ser católico não é uma contradição”, afirma.
Para o guia de Turismo e secretário local da RCC, Marcos Vinícius Alcântara, a Noite Cultura é uma experiência inesquecível.
“Temos oportunidade de conhecer um povo rico em cultura, que se esforça para manter o que seus ancestrais deixaram. Poder compartilhar um pouco de sua cultura e conhecimento e, ao mesmo tempo, aprender com eles. Um povo massacrado, guerreiro e sonhador. Com certeza, todos nós aprendemos muito! A forma com que eles se expressam, em relação a Deus, à Igreja Católica e a Maria é motivo de orgulho para todos nós católicos”.
História
A etnia Pataxó é uma tribo remanescente, considerada, hoje, como a maior aldeia urbana do Brasil. Segundo o último censo, eles somam cerca de seis mil índios no Distrito de Santa Cruz Cabralia.
Hoje os jovens guerreiros lutam para resgatar e preservar a cultura ameaçada pela urbanização. Nos colégios indígenas foi implantado na grade curricular a matéria em que é ensinado a língua materna e passado a tradição indígena.
Assista e confira mais detalhes sobre a história da etnia Pataxó:
Símbolos e Pinturas
Os índios Pataxós carregam símbolos, cheios de significado, que os ajudam a identificar uns ao outros, entre eles estão os principais que é o cocar, sinal de respeito aos anciãos e a ligação com Deus, e as pinturas que expressam o estado ou sentimento que cada índio está vivendo.
Existe também a diferenciação na pintura homem e mulher e de solteiro e casados. Enquanto para os casados as pinturas são mais simples, os solteiros usam dessas artes para chamar a atenção do sexo oposto.
Para Damião Dias, organizador da Noite Cultural, a união dos povos e o fortalecimento da cultura indígena é de suma importância para esta terra de evangelização. Certamente para a realização de um evento como esse, em que os católicos são convidados a descobrirem as riquezas dessa terra raiz do Cristianismo, só é possível para aqueles que vêm conhecer de perto essa terra de Santa Cruz.
Conheça o processo do namoro ao casamento na Tribo Pataxó:
Fotos de Cabrália