No Dia das Mães, relembre frases do Papa Francisco sobre o valor e a missão das mães na Igreja e na sociedade; conheça a experiência de algumas mulheres
Kelen Galvan
Da redação
“Queridas mães, obrigado, obrigado por aquilo que sois na família e pelo que dais à Igreja e ao mundo.” O agradecimento do Papa Francisco, dito na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, indica a significativa missão da maternidade — celebrada neste domingo, 14, com o Dia das Mães.
No mesmo documento, o Pontífice alerta para o enfraquecimento da presença materna: é um grave risco para a terra. São as mães “o antídoto mais forte” contra o individualismo egoísta. São elas “que testemunham a beleza da vida”, destaca. O Santo Padre frisa ainda que “uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral”.
Maternidade que transforma
A transformação que a maternidade é capaz de trazer começa primeiramente na própria mulher. Virlaine Regina Brito, 42 anos e mãe de quatro filhos, acredita que essa mudança acontece quando se compreende o sentido do amor e da doação.
“A maternidade é um dom de Deus, porque quem dá a vida é o próprio Deus, seja ela concebida em qualquer circunstância. Então, a mulher pode ser transformada pela maternidade a partir do momento em que ela compreende que tudo aquilo que realiza é uma atitude de doação, de amor, de entrega, e isso nos transforma, nos faz menos egoístas, nos faz permanecer mais na vontade de Deus”.
“A maternidade nos cura, nos melhora, nos amadurece”, afirma Andréia
Camila Galvão Chaves, 42 anos, é mãe de três filhos e afirma sentir-se realizada como mãe. “A maternidade nos apresenta o significado de dar a vida sem nada receber em troca. Eu me sinto mais forte e mais feliz por tocar nesse dom”.
Essa experiência de transformação também foi vivenciada por Andréia Cristina da Costa Moura, 43 anos e mãe de seis filhos. Ela conta que, ao olhar para sua vida, desde o nascimento dos primeiros filhos, gêmeos, em 2007, até hoje, grávida do sexto filho, percebe que não é mais a mesma.
“Eu cresci, amadureci, rompi com muitos egoísmos dentro de mim. Eu sou uma pessoa bem melhor. E eu acredito que cada filho que vai vindo, vai moldando a gente a ser uma pessoa mais humana, menos egoísta. Eu acredito no poder de mudança que a maternidade pode trazer na vida de uma mulher, porque isso, de fato, aconteceu comigo. A maternidade nos cura, nos melhora, nos amadurece”, afirma.
Via de santidade
Na Amoris Laetitia, o Papa sublinha que as “famílias alcançam, pouco a pouco, com a graça do Espírito Santo, a sua santidade através da vida matrimonial”. Seja nos momentos de dificuldade, em oferta de amor, seja nos momentos de alegria. Para Virlaine, essa via de santidade se estende à vida da mãe, porque na vida prática e cotidiana é impulsionada a exercitar as virtudes.
“Você pode exercitar as virtudes da temperança, da fortaleza, da piedade, da caridade. Você mata, todo dia, um pouquinho do seu egoísmo para viver para o outro, e isso faz você alcançar a santidade”, explica.
Segundo ela, isso acontece quando se busca viver a vontade de Deus, que está em cumprir o dever do seu estado de vida. “Deus me fez esposa, Deus me fez mãe. Então, estar na vida esponsal e estar na vida da maternidade é estar na vontade de Deus. Qualquer coisa que foge disso não traz a santidade”.
Camila acrescenta: “A maternidade é uma via de santidade, porque a cada dia eu preciso ser e dar o melhor de mim. Como falar em paciência sem ser paciente? É através do exemplo para os filhos que Deus nos molda”.
“A missão da mãe é exatamente ser o papel da Virgem Maria”, indica Virlaine
Andréia destaca também que há uma via de purificação pessoal na maternidade, pois a mãe deixa de fazer suas próprias vontades para cuidar do filho e pensar nas necessidades dele.
“É aquilo que o próprio Jesus viveu: Ele se entregou por amor à humanidade. E uma mãe se entrega diariamente por amor ao filho: numa comida que precisa fazer, mesmo sem vontade, numa roupa que precisa lavar, mesmo sem vontade. Entre panelas e afazeres, aí está o Senhor te acompanhando, como diz uma frase de Santa Teresa d’Avila: ‘Em meio às panelas, também anda o Senhor’. E é isso. O Senhor se faz presente no cotidiano, no ordinário e está conosco nos santificando”.
Para ela, as mães são convidadas a se entregar por amor, primeiro a Deus, e depois, a cada pessoa que Ele designou aos seus cuidados. “Quanto mais a gente se doa, se entrega, quando mais a gente se dá, mais amor a gente tem. E é uma via que não se esgota. Quanto mais você consegue dar, mais você tem para oferecer”.
Missão da mãe
“Chamando a mulher à maternidade, Deus confiou-lhe o ser humano de forma inteiramente especial”, aponta o Papa Francisco em uma audiência com os participantes do seminário sobre a Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem”.
Sobre a missão da mãe no ambiente familiar, Virlaine acredita ser uma “missão de reconciliação”, de integrar a família. “Fazer com que os irmãos se amem, se ajudem, cresçam em união, permitir também que o esposo, o pai, seja a autoridade, respeitar o limite. Então, a missão da mãe é exatamente ser o papel da Virgem Maria. Colocar ali a maternidade de Nossa Senhora, que soube educar, que guardou tudo no coração, que no tempo certo compreendeu todas as coisas”, disse.
“A oração precisa ser constante para levar a família a ser de Deus”, destaca Camila
Virlaine afirma ainda que, mesmo com medos e dúvidas, a mãe pode e deve ser um “porto seguro”. “Ela deve ser movida pela ação de Deus. Quando ela não permite que a ação de Deus se faça nela, e deposita somente em si toda a confiança, ela coloca a perder toda a estrutura familiar. Para mim, a missão da mãe é estar unida ao coração de Deus e ser essa ponte entre o céu e a terra”, completa.
Camila também acredita que a intimidade com Deus é fundamental. “A mãe precisa estar atenta e também ser dócil e sensível à moção de Deus. A oração precisa ser constante para levar a família a ser de Deus. E através do exemplo e da santidade nas coisas simples”, acrescenta.
A mãe colabora com Deus
No documento Amoris Laetitia, o Papa indica que a mãe participa do “mistério da criação”, que se renova na geração humana. “A mãe colabora com Deus, para que se verifique o milagre duma nova vida. A maternidade surge duma ‘particular potencialidade do organismo feminino, que, com a sua peculiaridade criadora, serve para a concepção e a geração do ser humano’.
“A mãe colabora com Deus, para que se verifique o milagre duma nova vida” (Papa Francisco)
Para Andréia, fazer parte desse mistério da criação, ao gerar uma nova vida, é uma missão muito nobre. “Eu penso que uma das missões mais importantes é a missão de ser mãe. Imagina você gestar, dar à luz um filho e você será para sempre mãe dele. Então, todos os valores, tudo aquilo que você passar para ele, vai perpetuar para vida inteira. E se Deus lhe deu a graça de maternar essa criança, é porque Ele tem uma missão para ela. (…)Por isso, sou muito aberta à vida, porque sei que cada um dos filhos que Deus me dá é porque temos uma missão juntos. Ele me dá para que eu, junto com Ele, com a graça d’Ele, rezando e colhendo do coração d’Ele, aquilo que Ele tem para cada um dos meus filhos”.
Diante disso, Andréia alerta para o cuidado, a fim de que essa missão não seja negligenciada. “Essa missão que foi dada de educar esse filho na fé, nas virtudes, nos valores, para que ele seja de fato tudo aquilo que Deus tem para ele, sem desvirtuar (…) A mãe é aquela que dá a vida ali no seio familiar, então ela é intuitiva, mãe é aconchego, é ternura. Ela consegue transformar o ambiente. Cuidar da educação, de uma maneira total, a educação física, emocional, espiritual, a educação nas virtudes, nos valores, então a mãe tem uma missão muito grande”.