Questionamentos sobre os dogmas de Nossa Senhora, a veracidade da Eucaristia, a comunhão dos santos ou a veneração de imagens e relíquias são comumente feitos aos católicos por pessoas de outras convicções religiosas e, algumas vezes, nem mesmo os próprios católicos sabem responder.
Todas essas respostas estão contidas num livro que completa neste ano seu 20º aniversário: O Catecismo da Igreja Católica (CIC).
Na instituição do Ano da Fé, que começará no dia 11 de outubro de 2012 e terminará no dia 24 de novembro de 2013, o Papa Bento XVI salientou quão precioso e indispensável é o Catecismo para se chegar a um conhecimento sistemático da fé.
“É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica”, escreve o Papa na Carta em que proclama o Ano da Fé.
O Santo Padre reforça que o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos fiéis de suas convicções.
Para o apresentador do programa Escola da Fé, transmitido pela TV Canção Nova, professor Felipe Aquino, o Catecismo da Igreja Católica deve ser o livro de cabeceira de todo católico. Ele é o texto de referência da doutrina católica.
“São 2865 parágrafos com um resumo de tudo aquilo que a Igreja recebeu por revelação de Deus e aquilo que o Espírito Santo inspirou aos papas, santos e doutores da Igreja: é a nossa fé”, esclarece professor Felipe Aquino.
A obra é dividida em quatro partes:
1- A profissão de fé: no que consiste a Revelação, a teologia dogmática;
2- Os sacramentos da fé: aquilo que é celebrado na Igreja;
3- A vida da fé: explica como agir de forma correta e livre, com ajuda da fé e da graça de Deus, baseado nos desdobramentos dos 10 Mandamentos;
4- Oração na vida da fé: o sentido e a importância da oração na vida dos fiéis.
O professor explica que o Catecismo pode ser estudado de várias maneiras, individualmente ou em grupo, lendo-o do começo ao fim ou escolhendo uma parte que gera maior dúvida.
“Por exemplo, se estou interessado em fazer um estudo sobre os sacramentos eu posso ir direto à segunda parte, mesmo que eu não tenha lido a primeira parte e assim por diante. O Catecismo é muito útil para qualquer tipo de preparação”, exemplifica Aquino.
Dogmas de Nossa Senhora
Um dos pontos mais importante contidos nesta obra, segundo o professor, trata dos quatro dogmas sobre Nossa Senhora: Imaculada Conceição, Virgindade Perpétua, Maternidade Divina e Assunção de Nossa Senhora.
“A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos”, afirma o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 966.
Eucaristia: Corpo de Cristo
Os católicos acreditam que Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo único e incomparável, de modo verdadeiro, real e substancial: com seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade.
Isso é a transubstanciação que significa a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue, conforme o parágrafo 1413.
Os dogmas sobre Maria e a veracidade da Eucaristia são apenas dois exemplos. No fim de todas as edições do Catecismo da Igreja Católica há um índice temático que ajuda a encontrar pontos específicos de questionamento.
Como este livro foi escrito?
Após o Concílio Vaticano II (1962-1965) e numa situação cultural alterada, muitos já não sabiam ao certo no que os católicos realmente acreditavam, o que a Igreja ensinava e se ela, no fundo, podia ensinar algo.
O Papa João Paulo II tomou, então, uma decisão audaz. Decidiu que os bispos de todo mundo deveriam escrever um livro que pudesse apresentar tais respostas.
"Em 1986, confiei a uma Comissão de doze Cardeais e Bispos, presidida pelo senhor Cardeal Joseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o Catecismo requerido pelos Padres do Sínodo", escreveu o Papa João Paulo II no prefácio desta obra.
O agora Papa Bento XVI confessa que na época chegou a duvidar que isso fosse exequível, pois como seria possível que autores espalhados no mundo compusessem juntos um livro legível. O resultado o surpreendeu.
“É um grande livro: um testemunho da unidade na diversidade. De muitas vozes pôde constituir-se um coro comum, porque tínhamos a partitura comum da fé que a Igreja transmitiu desde os apóstolos”, disse o Papa Bento XVI no prefácio do YouCat, o Catecismos da Igreja Católica reescrito numa linguagem para jovens.
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