Segundo o Ministério da Saúde, mais de um milhão de brasileiros são portadores do vírus da hepatite
Thiago Coutinho
Da redação
Em 2010, foi instituído pela Organização Pan-Americana da Saúde o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, comemorado em 28 de julho. A hepatite é uma inflamação que acontece no fígado. O Ministério da Saúde estima que existam 1,7 milhão de brasileiros portadores do vírus da hepatite C e 756 mil portadores do vírus da hepatite B. Muitos não sabem que portam estes vírus.
A hepatite pode ser contraída por meio de infecções virais (mais conhecidas pelos vírus tipo A, B e C), ou por conta do abuso de álcool ou de outras substâncias tóxicas, que levam o fígado a se degenerar. Nos alcoólatras, a doença pode levar à cirrose.
“A hepatite tem várias causas. Temos as infecciosas e as não-infecciosas. Das infecciosas, temos as virais, A, B, C e a hepatite delta [também conhecida como hepatite D] e a hepatite E, que são as mais conhecidas”, explica a infectologista Maria Ângela Barguil Digigov. “As não-infecciosas são as alcoólicas, autoimunes, medicamentosas e aquelas por uso de drogas”, acrescentou.
Nem todas as formas da doença são contagiosas. Pessoas, por exemplo que consomem álcool em excesso têm mais chances de desenvolver hepatite. “Há pessoas que têm algum desarranjo no sistema imunológico e podem desenvolver a hepatite autoimune, quando o corpo começa a se dispor contra o fígado, contra suas células”, detalhou.
Vacina não é a única forma de prevenção
A vacina contra a hepatite é fundamental, mas não é a única maneira de prevenção. “Contra as hepatites A e B a vacina é essencial”, lembrou Maria Ângela. As outras hepatites, porém, ainda não possuem imunização. Algumas delas são transmitidas sexualmente, como as hepatites dos tipos B e C.
As hepatites A e E são mais comuns em lugares em que o saneamento básico é precário. Os coliformes fecais se instalam nas águas ou alimentos que, posteriormente são consumidos pelas pessoas, contaminando-as. “É preciso evitar lugares com água contaminada e não deixar crianças andarem por aqueles esgotos nas praias”, enumerou a médica.
A Ásia e a África são países que sofrem com esses tipos específicos de hepatite. Não são, porém, variações incuráveis ou mais potentes do que as outras hepatites. “A hepatite A tem uma porcentagem alta de cura. É muito raro ter uma doença como esta que seja fulminante. O paciente sara e fica imune a ela pelo resto da vida. Já a hepatite E em algumas situações pode ser mais agressiva, sobretudo em gestantes”, advertiu a infectologista.
Hepatite C supera a B
Segundo Maria Ângela, a incidência de casos com hepatite C já tem superado os casos de pessoas que contraem hepatite B ― até então, a mais comum no Brasil. “Com os novos medicamentos, porém, a hepatite C deixou de ser um grande problema”, salientou a infectologista.
A hepatite B, quando tratada da maneira correta, é eliminada do organismo sem traumas. “Ela tem 60% de cura espontânea”, destacou Maria Ângela. “Ao contrário da C, que chega apenas a 30%. Mas se o paciente não conseguir curar a hepatite B, é muito mais difícil tratá-la, ao passo que a hepatite C, com as novas drogas que agem diretamente no vírus, apresenta uma proposta de tratamento que chega à cura”, reiterou.
Convivência com o vírus
Quando o portador da hepatite consegue se livrar da doença, o vírus automaticamente deixa de hospedar o corpo do paciente. “As hepatites A e E são curáveis. Agora, a B e C, se não forem curadas espontaneamente, a pessoa terá que conviver com o vírus”, esclareceu a médica. “Com a C ainda passamos por um momento de estudos, pois há novas drogas que são eficazes, que vêm sendo estudadas há três anos. Você trata o paciente e ele fica negativo. Mas daí a dizer que ele não tem o vírus é uma outra situação”, findou.
Confira no quadro abaixo os principais tipos de hepatite e suas características: