Experiência

Jovens salesianos fazem Expedição Missionária junto aos indígenas

Jovens salesianos paulistas realizam verdadeiro deslocamento social e partem para Experiência Missionária junto dos índios Xavantes em Mato Grosso

Ronnaldh Oliveira
Da Redação

Expedição Missionária Salesiana ao Mato Grosso composta por jovens e religiosos/Foto: Giovanna Ohl

As expedições missionárias junto dos indígenas está presente no Brasil desde os primórdios de seu descobrimento. Ainda hoje, elas são realizadas com diferentes grupos, com verdadeiras trocas de experiências na convivência, espiritualidade e costumes. 16 jovens que frequentam as casas salesianas de todo o Estado de São Paulo partiram nessa semana para Sangradouro/MT em visita às aldeias, com o objetivo da partilha da Palavra de Deus, celebrações e atividades lúdicas com as crianças.

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A Congregação Salesiana, que mantém uma comunidade religiosa ao redor das aldeias há mais de 50 anos, acompanha os índios Xavantes, que são distribuídos dentro do Estado do Mato Grosso na região Centro Oeste do Brasil. Essa é a chamada Amazônia Legal, abrigando em todo o território a quarta maior população indígena do Brasil, com cerca de 24 mil indivíduos.

Foto: Giovanna Ohl

O Projeto Missionário salesiano

A Inspetoria salesiana de São Paulo já mantém a tradicional “Semana Missionária” no mês de julho, para alunos de ensino fundamental e médio das escolas e obras sociais. Também em janeiro as “Ações Missionárias” com universitários e jovens maiores de idade das paróquias. E já promoveu expedições juvenis para a Amazônia e a África. Em julho deste ano, a ida à Sangradouro faz parte de uma nova experiência que reúne apenas os coordenadores dos Grupos de Animação Missionárias (GAM) das casas.

Pedro Giovanni, o jovem entrevistado/ Foto: Giovanna Ohl

A experiência vivenciada

Pedro Francisco Giovanni tem 21 anos, é universitário e oriundo de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP). Ele já realizou muitas atividades missionárias, tanto com os salesianos, como também com as Filhas de Maria Auxiliadora. Pedro acredita que o que está vivendo neste momento em Sangradouro tem sido diferente de tudo o que já viveu. “Estar longe de casa no Mato Grosso já é uma experiência diferente. Chegar aqui e me deparar com uma língua diferente, costumes e sobretudo a dificuldade na comunicação pessoalmente me dá nos ‘nervos’. É frustrante não conseguir entender o que dizem e o que também falamos”.

O jovem que chegou à aldeia nos primeiros dias de julho percebeu que, mesmo diante dos desafios, ao longo da semana foi o amor que contribuiu com o rompimento das barreiras de comunicação, chegando à efetividade junto da população indígena. “Vamos ali nos amando e nos comunicando. É incrível perceber a ação de Deus e como Ele nos cria de formas, línguas, hábitos e costumes diferentes, mas nos une pelo comum ideal de nos encontrarmos e querermos ser amor com eles e por eles. Daqui saio com uma sede grande de amar o diferente”, assume.

Ao ser questionado acerca de alguma situação que o impressionou, o universitário não pestanejou: “Foi em um momento de brincadeiras e atividades com as crianças, que chamamos no carisma salesiano de oratório, que me marcou. Havia ali muitas crianças, que de mãos dadas, junto de nós, com fé, devoção e admiração rezavam a uma só voz a oração do Pai-Nosso. Eu estava cercado com meus melhores amigos, com os salesianos padres e com Deus, por meio daquelas crianças que só transcendiam verdade, amor e simplicidade. Jamais vou esquecer isso”.

“Os Salesianos são muito queridos entre os índios Xavantes e são profundamente admirados pelo que fazem naquele território. Os indígenas são gratos por aqueles homens que integralmente se doam a eles”, afirma Pedro.

Primeira expedição missionária Salesiana/ Foto: Arquivo

Missão Salesiana na história

Em 2020, foram completados 145 anos da I Expedição Missionária Salesiana, que partindo de Gênova na Itália, destinou-se à Patagônia, na Argentina. Dez missionários receberam a bênção de São João Bosco, fundador da Família Salesiana, para empreenderam esta viagem aos territórios americanos, sendo o início da expansão do carisma salesiano pelo mundo.

A primeira expedição ocorreu por ocasião do Concílio Vaticano I, quando vários bispos solicitaram a Dom Bosco enviar salesianos à China, Egito e Estados Unidos. Mas depois de estudá-lo durante três anos, e após descobrir aquele sonho revelação que havia tido com um distante país – além de receber uma petição para ir até a Argentina com os índios da Patagônia -, decide-se por este lugar como o destino da primeira missão salesiana. Ali, viajavam seis sacerdotes e quatro irmãos coadjutores, tendo como chefe o padre João Cagliero, então com 37 anos. 

Embarcados no vapor ‘Savoie’, os missionários levariam uma última mensagem de Dom Bosco: “Façam o que puderem. Deus fará o resto. Confiai tudo a Jesus Sacramentado e a Maria Auxiliadora e verão o que são os milagres”.

Durante o envio, São João Bosco também disse aos missionários: “Busquem almas, não dinheiro, nem honras, nem dignidades (…), cuidem dos enfermos, das crianças, dos velhos e dos pobres, e ganharão a bênção de Deus e a benevolência dos homens (…), amem-se entre vocês, corrijam-se mutuamente, não tenham invejas nem rancores, que o bem de um seja também o bem de todos”.

Levando pra vida

Pedro permanecerá em Sangradouro até o próximo domingo, 10. Ele concluiu que os indígenas muitas vezes são lembrados apenas quando há uma convivência direta com eles.

“Parece que esquecemos deles. Quando vemos a situação que vivem, como o estudo, a falta de apoio na saúde, sendo marginalizados, é de fato assustador. É possível sim que eles mantenham a cultura e os hábitos, tendo todo o suporte da sociedade colaborando com eles. São os verdadeiros donos do Brasil e são nossos irmãos. Levarei pra vida tudo o que vi e vivi aqui”, conclui.

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