Em janeiro, especialistas destacam a importância em se manter o cuidado com a saúde mental, especialmente em meio à pandemia
Thiago Coutinho
Da Redação
Assim com em outras campanhas já conhecidas do público como Outubro Rosa e o Novembro Azul, neste mês é celebrado o Janeiro Branco, dedicado a promover uma cultura voltada à saúde mental. E em meio à pandemia que o mundo tem vivenciado, o assunto ganha força, tendo em vista todas as dificuldades também de ordem mental que vieram como consequência.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, apenas em 2020, cerca de 6% da população brasileira tenha sido diagnosticada com algum tipo de transtorno depressivo. “Em maior ou menor medida, todos fomos afetados pelo isolamento imposto pela pandemia, tanto por possíveis perdas de pessoas querida ou termos ficado doentes”, explica a psicóloga e especialista em Psicoterapia Breve Psicanalítica e em Psicossomática Psicanalítica, Luana Barbosa Moraes.
O importante, segundo a especialista, é tentar manter aspectos que tenham familiaridades, ainda que mínimas, com a vida anterior. “É impossível que a gente não se altere depois que tudo isso acabar”, afirma Luana.
A fim de que o equilíbrio seja mantido, ainda que o cotidiano dito “normal” tenha sido virado de ponta cabeça, algumas dicas são essenciais. “Busque notícias apenas uma vez ao dia e um jornal que confie. Veja num horário apenas e não fique ‘caçando’ notícias. Faça suas refeições à mesa, se este era seu costume, acorde sempre nos mesmos horários e se exercite, mesmo que seja em casa”, acrescenta.
Outro aspecto importante: reconhecer se não estiver bem. “Quando você reconhece que não está bem, você se cuida. Não está fácil para ninguém. Buscar ajuda nunca é um problema, mas sim a solução. É bom se tratar com mais carinho e respeito nestes tempos”, ressalta.
Orientações
A chegada da pandemia também alterou de maneira drástica o dia a dia no ambiente corporativo, já que muitas pessoas passaram a trabalhar em casa, no que ficou conhecido como regime “home office”. A disciplina para se manter o mesmo rendimento que se manteria na empresa pode ser bem complexa — especialmente para quem tem família.
“As orientações para essas pessoas são, basicamente: manter o mesmo horário para se começar a trabalhar, ter um local específico na casa para o trabalho para que, desta maneira, você se sinta num lugar diferente da sua casa, para se criar este sentimento de trabalho”, aconselha a psicóloga.
Um detalhe importante: não trabalhe além do horário determinado para ocupar o tempo vago. “As pessoas têm trabalhado mais do que o necessário, isso pode gerar muito estresse e o descanso é muito importante. Além disso, tente de hora em hora, ou hora e meia, colocar pausas curtas, para descansar a cabeça. É mais difícil descansar num ambiente que não é propício ao trabalho”, pondera a especialista.
Saúde mental e saúde física
Cuidar da saúde mental é tão importante quando cuidar da saúde física. Especialistas apontam que a atividade física melhora sobremaneira a capacidade cognitiva e consegue diminuir sensações que levam à ansiedade e ao estresse.
“Se você não cuida da mente, ela vai adoecer o seu corpo. E vice-versa. Um afeta o outro, um tem influência sobre o outro. É imperativo que as duas dimensões sejam cuidadas na mesma proporção. Atrevo-me a dizer, sem negligenciar o físico ou o mental, mas cuidar da saúde mental é essencial para que a saúde física se mantenha em ordem”, aconselha Luana.
Além de exercícios físicos, é importante se manter atividades que possam distrair do cotidiano, especialmente nas horas vagas. “Mas tudo depende do gosto e hábitos de cada pessoa. Ler um livro, meditar, que acredito ser uma atividade sensacional. Não precisa ser algo de horas e horas, mas um pouquinho ajuda muito. Pintura, seja em tela ou pano, e quaisquer atividades que o mantenham minimamente saudável. Alguns até se redescobriram na cozinha”, detalha.
A importância da Terapia
De maneira errônea no meio popular, ainda há quem pense que a terapia deve ser feita apenas quando se constatam transtornos psicológicos graves. Trata-se, na verdade, de um cuidado que deve ser levado pela vida toda e que pode ajudar a prevenir problemas mais graves.
“Terapia é algo feito para a vida. As pessoas têm a ideia errada de que só se procura um psicólogo quando se está com algum transtorno psiquiátrico grave. Obviamente, não é necessário se ter um problema para se iniciar um processo terapêutico”, aconselha.
“Nem todo mundo sabe, mas a inteligência emocional pode ser desenvolvida por meio da terapia, pois as sessões com um psicólogo proporcionam uma profunda jornada de autoconhecimento que é essencial para desenvolver tais habilidades”, acrescenta Ana Luiza Ramalho, psicóloga especialista em Gestalt-terapia.