O início do Tempo do Advento (28 de novembro) é o prazo estipulado para que o Brasil ofereça mais um exemplo de vida santa ao mundo. Até lá, o Papa Bento XVI já deve ter assinado o decreto que autoriza a beatificação de Irmã Dulce.
O anúncio foi feito pelo Arcebispo de São Salvador da Bahia, Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 27. Ele foi informado pelo Vaticano – na terça-feira, 26 – de que os cardeais integrantes da comissão responsável por analisar o caso junto à Congregação para as Causas dos Santos foram unânimes em reconhecer o milagre atribuído à intercessão de Irmã Dulce como verdadeiro.
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Conhecida como o “anjo bom da Bahia”, Irmã Dulce era um exemplo de vida cristã. Em abril de 2009, foram reconhecidas suas virtudes heróicas e ela foi declarada Venerável pelo Vaticano. Em junho de 2010, seu corpo foi exumado e transferido junto às suas relíquias, últimos atos antes da beatificação.
Reconhecimento do milagre para a beatificação
Dom Geraldo explica que, primeiramente, a graça obtida pela intercessão de Irmã Dulce, em 2003, foi examinada no Brasil e reconhecida pelos peritos médicos como um caso que não pôde ser explicado pelos meios da ciência.
O caso de um possível milagre foi encaminhado, então, para a Congregação para as Causas dos Santos. “Os peritos examinaram detidamente e reconheceram por unanimidade que se tratava de um caso extraordinário de cura”, esclarece o arcebispo. O resultado da perícia foi passado a uma comissão de cardeais da Congregação, que também foram unânimes em reconhecer o caso como um verdadeiro milagre. “Agora, o que falta é o decreto do Santo Padre para que ela seja beatificada”, elucida Dom Geraldo.
Logo após saber das novidades do processo de beatificação da religiosa, o Arcebispo de Salvador fez o anúncio aos fiéis. “Não há dúvida de que toda Bahia conhece Irmã Dulce. Imediatamente ouve a reação do povo, que dirigiu-se para a igreja em que está seu túmulo”, conta.
Foram notificadas muitas graças obtidas às obras da Irmã. Esses testemunhos continuam sendo examinados para o encaminhamento do processo de canonização.
Uma vida dedicada à caridade
Irmã Dulce, que ao nascer recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, era filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.
Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 15 de agosto de 1934, aos 20 anos de idade, tornou-se freira, recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe.
Por cerca de 10 anos, a religiosa andou pelas ruas da cidade com seus pobres sem encontrar morada fixa. Permaneceu com eles, até mesmo nas escadas da Igreja do Bonfim; o lugar que deu origem às suas obras sociais foi um galinheiro. “Viveu de modo heróico as virtudes cristãs, especialmente a caridade para com os semelhantes, principalmente com os que mais sofrem – os doentes e os pobres – dando-lhes uma atenção e cuidado extraordinário durante toda a sua vida”, ressalta Dom Geraldo.
Irmã Dulce faleceu em 13 de março de 1992. Suas obras sociais alcançam hoje todo o Estado da Bahia.
No memorial dedicado à religiosa, podem ser vistas fotos, relíquias como o seu leito de morte e a cadeira em que dormiu por 30 anos, para cumprir uma promessa. Meses antes de sua morte, o médico que a acompanhava deu ordens expressas para que voltasse a dormir na cama, devido a debilidade de sua doença.
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