Padres e diáconos, mediante o sacramento da Ordem, assumem uma vida de dedicação plena a Deus no serviço ao próximo
Jéssica Marçal
Da Redação
Em agosto, a Igreja no Brasil celebra o mês das vocações, uma oportunidade de auxiliar os fiéis no discernimento para responder ao chamado de Deus. A cada semana, celebra-se uma vocação em especial, começando pelos ministérios ordenados, neste domingo, 7.
Ministros ordenados não são apenas os padres. Vocação tão bonita quanto é a dos diáconos, que recebem o sacramento da Ordem, mas podem ser casados, uma vez que não desempenham exatamente as mesmas funções de um padre.
“O diácono permanente, normalmente, é casado, e tem a sua atividade profissional. Portanto, o seu dia a dia é o seu estado permanente de vida espiritual, aqui ou ali, onde quer que se encontre: família, trabalho profissional, Igreja (Paróquia em que está incardinado)”. Quem explica é o diácono Ney Guimarães, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na diocese de Lorena (SP). Ele exerce esse ministério há 25 anos.
O diácono permanente vive uma dupla sacramentalidade, já que recebe dois sacramentos da Igreja: o Matrimônio e a Ordem, e isso implica uma grande responsabilidade. “O equilíbrio e a santidade no lar e na Igreja, procurando encaminhar todos à mesma Santidade! Lembrando sempre desta peculiaridade: a Missão é para sempre! O caráter impresso na vida do consagrado jamais será apagado ou extinto!”, enfatiza diácono Ney.
O chamado do jovem ao ministério ordenado
Odair José de Almeida não teve medo desse “para sempre” e decidiu seguir o chamado que Deus o fez para o sacerdócio ainda na infância. “Penso que o chamado de Deus nos surpreende de forma que não adianta fugir. Se é de Deus, cabe a nós simplesmente reconhecer e se colocar na mesma disposição de Maria: ‘Faça-se em mim a vossa vontade”.
Natural de Cunha, interior de São Paulo, Odair estuda atualmente no Seminário Diocesano de Lorena, no mesmo Estado. Neste domingo, ele vai dar um grande passo ao ser ordenado diácono. Diferentemente do diaconato permanente, Odair será diácono até que venha a ordenação sacerdotal.
“A ordenação diaconal é mais uma oportunidade que Deus me oferece de poder contribuir na construção do Seu reino no ministério do serviço. O diácono tem como missão ser Cristo-Servo, aquele que mediante o serviço da palavra, da liturgia e da caridade revela a ação de Deus que nos ama e quer que vivamos como filhos muito amados”.
Aos jovens como Odair, que estão iniciando sua vocação no ministério ordenado, o experiente diácono Ney indica alguns “ingredientes” básicos para essa missão: paciência, tolerância e dedicação plena a Deus e ao próximo. “É um chegar à conclusão de que ‘Não dá mais para voltar! O barco está em alto mar!’ E ainda que surjam contratempos, Deus está no comando, e conta com você!”.
Enquanto Odair vive as expectativas da ordenação, diácono Ney, já aposentado, segue dedicado a sua família e à Igreja, servindo a paróquia em tudo o que lhe é solicitado: bençao de casas e objetos, celebrações, Batismo e Matrimônio, exéquias. “Enfim, estar sempre ao lado do pároco, para todas as necessidades. Ser também obediente ao pastor (bispo diocesano), e atender suas solicitações”.
Os desafios e o impulso do Papa
Se grandiosa é a vocação do ministro ordenado, tão grande quanto são os desafios que ele vai encontrar pelo caminho. Odair está consciente do individualismo que marca a sociedade pós-moderna, o que acaba gerando descrença e desprezo e exige do ministro ordenado discernimento e acolhimento misericordioso, como sempre recorda o Papa Francisco.
“O Santo Padre é prova viva de que o Espírito Santo é quem conduz a igreja. Em meio a tantas novidades desafiadoras, o Papa pede aos pastores que tenham o cheiro de suas ovelhas. Ele mesmo também nos convocou a sermos pessoas que buscam sempre ser elo e não muros que dividem. Cabe a mim contar com o amor de Deus que nunca nos decepciona e contar com a proteção da Virgem Maria, ela que soube ouvir, aceitar e se entregar à vontade de Deus”.