Diante da proximidade do Dia Mundial de Combate e Prevenção à Hanseníase, dermatologista alerta sobre doença considerada uma endemia no Brasil
Julia Beck
Da redação
Campanha do Ministério da Saúde de combate e prevenção à hanseníase/ Foto: Divulgação/ Ministério da Saúde
O último domingo de janeiro é considerado o Dia Mundial de Combate e Prevenção à Hanseníase. A doença, que ficou em evidência durante todo o mês de janeiro, com a campanha “Janeiro Roxo” da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), é, segundo a dermatologista Marinei Nogueira Rubez, considerada uma endemia no Brasil. “Somente a Índia tem mais casos de hanseníase que o Brasil”, apontou. O dado é comprovado pelo último boletim epidemiológico da Organização Mundial de Saúde (OMS), emitido no final de 2017.
Diante dos dados que mantêm o Brasil em um mapa de alerta de saúde pública com relação a doenças endêmicas, a dermatologista reafirmou a importância da conscientização sobre a hanseníase para que informações importantes e fundamentais para o controle e erradicação da doença sejam divulgadas. “O conhecimento da doença e a procura do tratamento adequado por maior número de pessoas são os meios para se atingir o controle da endemia da doença e caminhar para sua erradicação. Por ser contagiosa é extremamente importante que seja diagnosticada e tratada sempre o mais precocemente possível”, pontuou Marinei.
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A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo microrganismo denominado ‘hansen’. Ela é transmitida pelo contato íntimo e prolongado entre as pessoas, sendo comum a transmissão dentro de uma mesma família ou de uma comunidade. Os sinais e sintomas da Hanseníase são principalmente na pele, de acordo com a dermatologista.
Dermatologista Marinei Nogueira Rubez/ Foto: Arquivo Pessoal/ Marinei Nogueira
“O portador de hanseníase apresenta como característica principal a perda da sensibilidade e dormência na pele. Estas alterações aparecem, na maioria das vezes, acompanhadas de manchas ou nódulos na pele. As manchas podem ser esbranquiçadas, lembrando uma micose, avermelhadas, com certa elevação, ou mesmo nódulos, que lembram pintas ou verrugas. Mas a principal característica destas lesões é a falta de sensibilidade nelas. Por isto, a hanseníase não coça. Muitas pessoas não notam as lesões da pele e apresentam como primeiros sintomas queimaduras e ferimentos sem terem sentido ou notado como eles apareceram”, alerta a médica.
O diagnóstico da doença é feito, de acordo com Marinei, pelo conjunto: histórico do paciente, exame físico e testes laboratoriais específicos. A dermatologista reforça a existência de um tratamento e também da cura da doença: “Hanseníase tem tratamento e tem cura. E o tratamento, altamente eficaz, é fornecido gratuitamente pelo governo”. O tempo de tratamento depende da forma da doença se apresentar e varia de seis meses a dois anos, revelou a médica.
Considerada uma das doenças mais antigas do mundo, datada do ano seis antes de Cristo, a hanseníase era, na antiguidade, conhecida como lepra. “Este nome foi abandonado há muito tempo pelo estigma que carrega. Além do mais, muitas outras doenças de pele eram tidas também como lepra. Antigamente, quando não se tinha tratamento, os portadores de hanseníase eram retirados do convívio familiar e comunitário e isolados em colônias, vivendo em comunidades fechadas. Após o advento dos antibióticos vários tratamentos foram testados mas o bacilo causador da doença se mostrou muito resistente”, revelou a dermatologista.
“É muito importante a conscientização do povo brasileiro sobre esta doença para que ela possa ser reconhecida e tratada precocemente, evitando sua disseminação. O que ainda hoje acontece é que os portadores muitas vezes não procuram tratamento por vergonha e medo de serem apontados como portadores de hanseníase, por ser uma doença que não apresenta dor ou coceira e por ter um tratamento prolongado. Alguns pacientes abandonam o tratamento antes de atingirem a cura voltando a se tornar infectantes”, alertou Marinei, que concluiu: “Hanseníase não é mais lepra. Hanseníase tem cura. Precisamos apagar esta mancha do Brasil!”.
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