Saúde dos olhos

Glaucoma: oftalmologista destaca importância do diagnóstico precoce

A doença é incurável, mas quanto mais cedo o diagnóstico é feito, maiores são as chances de tratá-la 

Thiago Coutinho
Da redação

Somente no Brasil, segundo a OMS, 900 mil pessoas sofrem com o glaucoma / Foto: Divulgação-Conselho Brasileiro de Oftalmologia

Uma doença silenciosa e que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a segunda maior causa de cegueira no mundo — no Brasil aproximadamente 900 mil pessoas sofrem com esta disfunção. Trata-se do glaucoma, uma doença cujo sucesso no tratamento depende do quão breve é descoberta. No Brasil, celebra-se neste sábado, 26, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, instituído pela Lei nº 10.456, de 13 de maio de 2002. 

Diversos fatores são responsáveis por esta doença degenerativa, como a hereditariedade e a predisposição do paciente. Mas a pressão intraocular acima do normal é o principal. “Este número gira em torno de 20, mas é importante ressaltarmos que alguns pacientes que possuem a pressão abaixo disto, como as de origem asiática, podem ter o glaucoma de pressão normal, que é abaixo do que consideramos elevado e que causam lesões no nervo ótico”, explica o oftalmologista Cristiano Caixeta, que é membro da diretoria do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. 

Esta pressão acaba por lesionar o nervo ótico. “Se pensarmos em uma rede telefônica, quando os fios levam as informações à central, é como se eu cortasse alguns desses fios e deixasse apenas alguns apartamentos sem comunicação”, exemplifica o médico. “A partir do momento em que machuco aquela fibra nervosa, não tenho mais a formação da imagem. Grosseiramente falando, o dano do glaucoma causa a perda da capacidade do paciente em enxergar uma imagem em sua plenitude”, reitera.

Doença assintomática

Caixeta revela que uma dos fatores mais perversos do glaucoma é que se trata de uma doença assintomática, sobretudo no início, com indícios pouco perceptíveis. “Você não sente dor, não percebe que a doença está vindo, não há grandes sintomas”, afirma. “É claro que há pacientes que apresentam crises, como olhos vermelhos, dolorosos ou diminuição da visão, mas geralmente, em seus estágios iniciais, a doença é assintomática”, acrescenta.

O problema, ainda segundo o especialista, é que as pessoas não têm o costume de realizar exames oftalmológicos de forma periódica; dirigem-se ao médico apenas para trocar os óculos.  “Trocar os óculos não significa que você está com sua saúde ocular preservada. Trocar os óculos faz parte de uma consulta médica oftalmológica. Você pode estar camuflando um problema pior”.

Ainda em suas primeiras etapas, o glaucoma causa o que os especialistas chamam de visão periférica: a pessoa não consegue visualizar o que se encontra ao seu redor, apenas o que está à sua frente. “A partir do momento que o paciente perde esta visão periférica, dizemos que ele tem a visão tubular. Por exemplo, com uso do binóculo você consegue enxergar o que está lá na frente, mas não sabe o que tem ao seu redor. O paciente com glaucoma perde esta visão periférica”, afirma o oftalmologista.

Idade

A idade não influencia no surgimento do glaucoma, embora seja mais comum emergir dos 40 anos em diante. A doença, porém, pode ser muito agressiva quando ataca os jovens. “Se você é jovem e é acometido por um glaucoma juvenil, ele costuma ser mais agressivo. Você terá que conviver com esta doença por mais tempo”, ilustra Cristiano.

A perda da visão causada pelo glaucoma é irreversível. Por se tratar de uma doença sem cura, o ideal é que seja descoberta em seus estágios iniciais para, então, ser combatida de maneria adequada. “Quanto mais cedo você a diagnostica, menores serão os danos ao paciente”, relata Caixote.

“O principal mecanismo de defesa é uma consulta com um médico oftalmologista, porque só ele poderá avaliar a pressão intraocular, fazer uma exame oftalmológico completo”, finaliza Caixeta.

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