Padre Renato Chiera, que trabalha há 40 anos cuidando de crianças de rua brasileiras, participou da catequese que o Papa dedicou ao sofrimento infantil e se encontrou com ele ao final da audiência
Da Redação, com Rádio Vaticano
Na catequese desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco falou das condições precárias de tantas crianças que sofrem por culpa dos adultos. As palavras do Pontífice tocaram o padre Renato Chiera, sacerdote italiano que há quase 40 anos se dedica a crianças de rua brasileiras. Ele é o fundador da Casa do Menor, do Rio de Janeiro, e, ao final da audiência geral, se encontrou com o Papa.
Quando o Papa se aproximou, padre Renato estava acompanhado por um menino, Michael, de 9 anos. Eles entregaram alguns livros para Francisco, para que ele seja informado sobre a Casa do Menor. Ao menino, o Papa perguntou quem era melhor: Maradona ou Pelé, e Michael respondeu que o melhor era o Neymar.
“Todos riram…E ele me disse: ‘Faça com que as crianças rezem por mim; rezem e façam as suas crianças rezarem’. E eu senti a confirmação da Igreja. O nosso trabalho é uma missão, uma missão que Deus nos deu e que nos confirma através da Igreja”.
Sobre a presença nessa catequese dedicada ao sofrimento das crianças, padre Renato disse que foi um momento de muita emoção. “Eu disse: ‘Obrigada, Deus, porque, através do Papa, estás dizendo aquilo que a humanidade precisa ouvir, aquilo que a Europa precisa ouvir, aquilo que o Brasil precisa ouvir”.
O sacerdote italiano revelou que, desde que está no Brasil, sentiu esse chamado de Deus a entrar nas chagas da humanidade, nas feridas, mas, sobretudo, nas feridas dessas crianças que não são amadas. A falta de amor é o maior drama dessas crianças, disse o sacerdote, não a pobreza. “A grande tragédia não é ser pobre, é não ser filho: para as crianças damos tantas coisas e esquecemos de dar o amor e a presença”.
Crianças não são um erro
O Santo Padre enfatizou na catequese que as crianças nunca são um erro. O sacerdote italiano acrescentou que não se pode criminalizar as crianças pelos crimes cometidos pelos adultos. Nesse sentido, ele deixou um apelo à Europa, à Itália, de modo especial.
“Vejo que na Itália há muito medo, está se fechando em um egoísmo que é estéril. Que se abra, as crianças são um dom. Dizer que uma criança foi um erro é um horror. Aqui, na Europa, matam-nas antes que nasçam, no Brasil também e depois as matam também depois, porque as crianças não são mais um dom, tornaram-se uma ameaça. Este é o absurdo da humanidade”.
Com criança não se brinca
Padre Renato destacou que as crianças não são um brinquedo, embora muitas vezes sejam tratadas como tal pelos adultos. Brinca-se de uma forma trágica com as crianças, sendo que elas olham para os adultos e querem viver, têm esperança, dão esperança. “Uma humanidade sem crianças é uma humanidade sem futuro”.
Padre Renato já havia se encontrado com o Papa em outra ocasião. Em 2013, ele foi recebido por Francisco no Vaticano após a Missa na Casa Santa Marta, celebrada todas as manhãs.