No interior de São Paulo, a cidade de Cunha se transforma com o Festival da Cerâmica: um mergulho na arte, na tradição e no encontro entre gerações.Um dos momentos mais esperados é a abertura de fornada em um ateliê histórico da região, além da grande Feira da Cerâmica, que reúne talentos de todo o país.
Reportagem de Carla Zanon e Genilson Pacetti
A pequena cidade, com pouco mais de 22 mil habitantes, está encravada entre montanhas e cercada por uma paisagem de tirar o fôlego. Conhecida como a capital nacional da cerâmica de alta temperatura, Cunha carrega uma tradição que atravessa gerações.
“Esse atelier é fruto de um trabalho dos meus pais, meu pai é brasileiro, mas ele foi pro Japão na década de 70, e lá no Japão ele conheceu minha mãe, e os dois trabalhavam com cerâmica e tinham o sonho de trabalhar com forno Noborigama, que é o nosso forno atualmente. É um forno que no Japão estava entrando em desuso, e então meu pai falou; ’tenho um grupo de amigos, lá em Cunha, no Brasil, que está fazendo cerâmicas, vamos para lá’”, contou o ceramista, Giltaro Suenaga Jardineiro.
Cada objeto com sua cor, desenho e textura é produzido com tempo e dedicação por uma família que mantém uma tradição. “Meus pais começaram a fazer esse evento da abertura de fornada, convidar as pessoas para virem ao nosso atelier, onde a gente passa bastante do nosso conhecimento para as pessoas, porque quanto mais as pessoas conhecerem, mais elas valorizam, mais elas vão usar. Isso para a gente é muito legal”, completou Giltaro.
No ateliê da família de Gil Taro, quem visita sai diferente. Leva consigo uma bagagem de conhecimento sobre os processos da cerâmica, da modelagem à queima, e volta para casa abastecido de cultura e encantamento.
Testemunhos
De São Paulo (SP), a Cláudia Guedes expressou sua paixão pela arte. “Eu sou apaixonada por cerâmica. Depois que eu vim aqui, eu comecei a fazer cerâmica. Sou ceramista há três anos, e estar aqui é incrível, é incrível essa técnica toda, é muito milenar”.
De Piracicaba (SP), Ana Flávia Batista afirmou. “Eu conhecia a artista. Meu namorado tem algumas peças já de coleção e ele tinha comentado sobre e quis me trazer para que eu conhecesse. Foi uma experiência incrível, não esperava que fosse tão bom, e já adquiri minhas peças”.
Até o dia 22 de junho, quem passar por Cunha pode visitar a Casa do Artesão, que abriga uma exposição com obras de diversos ceramistas da região.
“Essa exposição – ‘Torneando histórias’, do Renê Lederman – foi feita a curadoria de Mônica Urasaki. Conta um pouquinho da trajetória do Renê desde a vinda dele da França – ele é francês – desse trajeto dele, da vinda dele da França aqui pro Brasil”.
E no Dia de Corpus Christi, uma grande feira de cerâmica acontece no Parque Lavapés, próximo ao Ginásio de Esportes. Um encontro entre tradição, arte e visitantes de todo o país.