Promoção Humana

Felicidade plena está em Cristo, indica arcebispo

A civilização em que o amor será tudo em todos não se configura como uma mera ilusão. "Na verdade, esta é a promessa de Cristo. Quem crer, verá!", exclama o Arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente do Regional Sul 3 da CNBB, Dom Dadeus Grings.

No livro A Promoção Humana, lançado na 55ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, o prelado afirma que a felicidade plena existe e pode ser encontrada, pois Cristo mesmo é o Caminho para ela.

"Muitas vezes, olhamos só para a nossa pequenez, mas somos feitos para crescer. Nossa fragilidade ajuda a desenvolver-nos. Não nos construímos sozinhos, somos resultado de muitas partilhas".

O arcebispo integra a comitiva dos 18 bispos gaúchos que participam da visita ad Limina ao Papa Bento XVI. Os encontros com o Sumo Pontífice vão até o próximo dia 10.

Dom Dadeus salienta que o funcionamento da sociedade sempre está baseado em algum modelo cultural. Na revolução informática, que teria tornado a situação humana extremamente frágil, seriam necessárias formas de repensar e reestruturar o relacionamento humano.

"Temos de colocar em prática a pedagogia do sim. Temos tantas coisas positivas, e é isso que nos empolga, é isso que temos de levar adiante. Devemos destacar o bem de seguir a Deus. Nos falta um olhar que perceba, no mundo, o que há de bom", diagnostica.

Renúncia, purificação, justiça e misericórdia

O arcebispo gaúcho destaca que os cristãos possuem "concretamente um modelo para repensar o problema social e humano. Basta aplicá-lo". Este modelo seria o Venha a nós o vosso Reino. Seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu.

"Isto exige renúncia à mentira, à falsidade, à corrupção. É preciso saber renunciar para fazer o bem, mostrar um testemunho positivo. Então, o que nos marca? É o amor. O modelo nosso de construção é o Céu, onde o característico é Deus, que é amor", sublinha.

Dom Dadeus é categórico: o amor terreno é peregrino e deve ser purificado. Quem não ama, não chegará ao Céu.

"Quando eu digo que creio em Deus, digo que estou no amor d'Ele. As ideias são abstratas, mas no amor nós temos que fazer uma experiência de Deus, que se realiza e se traduz no amor ao próximo", complementa.

Para se manter presente entre os homens, o amor teria constituído duas virtudes: a justiça e a misericórdia. "A justiça é dar a cada um o que é seu de direito. Mas isso não basta para uma vida cristã e para uma civilização do amor. A primeira exigência do amor é a justiça, mas também a misericórdia – dou apenas não o que é de direito, mas também o que é meu ao outro. Isso é amor, é doação".

Encontrar a motivação de viver

O prelado afirma que não basta responder à pergunta do para quê vivemos, ou o que fazemos da nossa vida.

"A grande pergunta que temos de responder é 'Para quem nós vivemos?'. Como cristãos, devemos olhar muito mais longe. Nós escolhemos viver para Deus".

A dependência dos outros não se constituiria como uma diminuição, e sim como a própria realização da pessoa.

"O outro já é nosso paraíso. Os momentos mais felizes da nossa vida encontramos na convivência. A vida é com o outro. É certo que, quando falta a fé e o amor, o outro também 'inferniza' a vida da gente. Por isso, se falta Deus, toda a sociedade adoece", aponta.

Princípio da subsidiariedade

Aquilo que a pessoa pode fazer convenientemente, deve ser permitido que ela faça. O que a menor pode fazer, a maior não deve assumir. Já o que uma pessoa não pode fazer pessoalmente, a sociedade deve fazer. O que a menor não pode realizar, a maior deve, por obrigação, assumir.

Esse é o Princípio da subsidiariedade, uma das bases para a construção da sociedade justa e solidária, de acordo com Dadeus.

"É assumir a dimensão do compromisso pelo desenvolvimento do outro. Temos que parar de olhar apenas a nós mesmos e criar laços de valorização da pessoa", define.

Sobre o livro

A obra é dividida em oito capítulos e destaca as mudanças de época e tempo. A ideia original era a construção de uma cartilha; porém, com a ampliação no número de páginas, veio a decisão de escrever o livro.

Trechos de Orações Eucarísticas utilizadas no rito da Missa aparecem no início de cada parte do texto. “Isso mostra a ligação entre liturgia e vida. Aquilo que nós rezamos, também queremos executar, colocar em prática”, explica Dom Dadeus.

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