Entrevista com Dom Petrini

Família precisa vencer egoísmo e crescer no amor, alerta bispo

Numa sociedade que o individualismo tem uma grande força, as realizações, interesses, prazeres e desejos pessoais vêm antes das relações familiares. "A família é vista como estorvo, pois exige sacrifícios, e é jogada fora", salienta o presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, da CNBB, Dom João Carlos Petrini. Para o bispo, a família precisa vencer este egoísmo e crescer no amor.

“O grande desafio da família é crescer no verdadeiro amor e para isso é preciso olhar para o modelo da Santíssima Trindade e para Jesus, porque ali se encontra o amor em sua perfeição mais elevada”, destaca.

E qual é a característica do amor na Santíssima Trindade? Dom Petrini explica que na Santíssima Trindade uma Pessoa se doa totalmente a Outra. O Pai se doa ao Filho e o Filho se doa ao Pai e o dom entre eles é o Espírito Santo.

“E por outro lado qual é a característica de Jesus? É o amor que se doa. Ele ama com a paixão de um homem por uma mulher num amor de doação. Assim Ele ama a Igreja, dando Sua vida por ela. A Eucarístia e a Cruz são o ponto alto disso”, destaca Dom Petrini.

Assim, o grande desafio é não ficar numa vivência de amor precária, primitiva, vulnerável, uma maneira de amar típica de um adolescente que diz “eu gosto dessa pessoa e a quero para mim”. A maneira mais madura de amar que vem do exemplo de Jesus, ressalta o bispo, é aquela que diz “eu gosto daquela pessoa e estou disposto a doar a minha vida para a felicidade e o bem dela”.

Para enfrentar este desafio é necessário ter consciência do que é a relação com Cristo, entender o Sacramento do Matrimônio e entender o valor do sacrifício em benefício do outro. Dom Petrini aconselha os casais a participar de movimentos voltados para a família, pois a troca de experiência com outras famílias pode ajudar a entender os desafios do cotidiano e como lidar com as situações específicas de cada família.

Sexo como expressão de amor

Numa cultura do sexo livre, o sexo não é mais valorizado e compreendido como expressão do amor. O bispo salienta que é importante nunca isolar um aspecto da vida, o sexo faz parte de todo entendimento humano.

“Se você isola a sexualidade da totalidade da pessoa, da sua busca por um felicidade permanente, na capacidade de ser responsável diante dos outros, do respeito, etc, aquela sexualidade isolada se torna algo mais pobre, é dizer que ela é um instrumento só para conseguir prazer”, destaca.

Mas a sexualidade quando usada positivamente pode oferecer muito mais que momentos de prazer. Se torna o motivo pelo qual um homem se liga permanente a uma mulher, estando aberto a gerar filhos e educá-los.

“O caminho é reincorporar a sexualidade no contexto global da pessoa, pois mais que momentos de prazer é a satisfação da vida, a satisfação de ser pai, mãe, de ser casal. E a sexualidade tem tudo a ver com isso”, enfatiza.

Dom Petrini alerta que se a sexualidade não é entendida em relação a todos os outros aspectos da vida da pessoa, a sexualidade é distorcida e a pessoa procura apenas fragmentos de felicidade e não a felicidade por inteiro, uma felicidade que sustenta a sua vida.

O presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família abordará os deveres da família à luz da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, durante o 2º Congresso Nacional de Planejamento Familiar, que acontece em Brasília neste fim de semana e tem como tema "Construir a Família: por amor, com amor e para o amor".

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