Mês da Bíblia

Exegeta destaca praticidade da Bíblia online

O especialista em Bíblia destaca a consulta rápida à temas específicos e explica porque na liturgia equipamentos eletrônicos não devem substituir os livros

Luciane Marins
Da Redação

A Igreja no Brasil celebra em setembro o mês da Bíblia. Os 73 livros, a princípio escritos em pergaminho na língua grega e hebraica, hoje são traduzidos em praticamente todas as línguas e disponíveis em vários formatos. Com o advento dos meios digitais, o acesso a Palavra de Deus foi ainda mais facilitado, já que por meio de tablets e até mesmo smartphones é possível ter a Bíblia disponível.

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Padre Antônio Xavier Batista, membro da Comunidade Canção Nova e Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Comunicação da CNBB  / Foto: Arquivo pessoal

O mestre em exegese bíblica e arqueologia, padre Antônio Xavier Batista, acredita que é uma grande vantagem ter a Bíblia disponível em várias formas. “Isso tende somente a colaborar com a maior leitura da Palavra de Deus, porque  vários elementos são facilitados. O primeiro deles, é poder ter a Bíblia em mãos. Um celular hoje, é quase um computador e tem uma biblioteca dentro, e a Bíblia está ali, a qualquer momento que a pessoa queira ler.”

Dom Alfredo Schaffler, Bispo da Diocese de Parnaíba (PI), também defende que a Sagrada Escritura deve ser anunciada de diversas formas. Para ele, a Palavra de Deus no ambiente digital é um instrumento útil para a evangelização.

“Todas as portas que se abrem devemos usar para anunciar a Palavra. Os instrumentos que temos, as redes sociais, as novas formas de comunicação, estamos usando, e devemos usar para anunciar a Palavra de Deus.”

O Papa Francisco em discurso para a Associação Bíblica italiana disse que o cristão precisa mais do que nunca da Palavra de Deus por causa das contrastantes provocações culturais. Diante da correria da vida moderna, a facilidade de se ter a Bíblia online, permite seu acesso em locais que dificilmente se teria o livro em mãos, como no trajeto para o trabalho, para a faculdade ou pontos de ônibus. “Creio que isso só traga vantagens para o nosso tempo”, defende o padre.

domalfredoEmbora use com mais frequência o livro da Bíblia que tem em sua mesa, Dom Alfredo há anos faz uso da Bíblia online. Ele destaca a praticidade. “Me alegrei porque é uma facilidade para mim que vivo viajando. Antigamente tinha uma Bíblia que levava sempre comigo, mas agora eu tenho dentro do iPhone e no tablet. Então onde a gente está, está com a Palavra de Deus, facilita o acesso e a transmissão.”

Outro ponto positivo que o padre enfatiza é o acesso a textos específicos, tanto a um determinado livro, capítulo ou versículo, como a temas afins. “É uma grandíssima vantagem que torna acessível essa busca, uma vez que, a Sagrada Escritura inteira ninguém tem condição de ter na cabeça.”

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Riscos e Cuidado

Dom Alfredo orienta os fiéis para que fiquem atentos ao conteúdo da Sagrada Escritura, que independente do formato, deve ser transmitido com “toda fidelidade”.

Algumas observações para o bom uso da tecnologia devem ser feitas especialmente em relação a liturgia, ocasião em que os elementos visuais são extremamente importantes, nesse caso a Bíblia não é somente o conteúdo da Sagrada Escritura, mas um livro. Este, uma vez escrito, é usado somente para a liturgia, o que lhe dá o sentido de sagrado.

“É o livro da Palavra de Deus, o livro da revelação, nesse sentido, a Bíblia online ou em algum dispositivo digital não é capaz de suprir, porque ali se tem acesso ao texto, mas o tablet, celular ou computador não passa a ser sagrado porque naquele momento apresenta a Sagrada Escritura. Por isso, deve-se ter esse cuidado, na liturgia não se deve substituir um livro por um equipamento eletrônico,” explica padre Xavier.

Para exemplificar, o exegeta recorda o hábito de logo após o Evangelho se beijar o Livro da Palavra, ato que não teria sentido se fosse feito na tela de um celular, ou tablet.

“Em algum caso de urgência, quando falta um livro, pode ser utilizado, mas estamos diante de um caso de urgência,” destaca.

Quanto aos fiéis ou padres acompanharem as leituras por meio de tablets ou smartphone, o especialista não vê nenhum problema, mas enfatiza que os livros da missa, ou seja, o Missal, o Lecionário, o Evangeliário, devem ser mantidos.

Interpretação da Bíblia

“É um sério risco quando as pessoas tentam interpretar a Palavra de Deus como se fosse um livro que caiu do céu”, alerta o padre.

Ele explica que todo texto possui um contexto e que para um melhor entendimento é válido que se tenha um material de apoio. Uma dica prática é ler as introduções que se tem em cada livro, bem como as notas de roda pé.

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Leitura da Bíblia

O padre chama atenção para a simplicidade dos ensinamentos da Bíblia, que não são um código de normas, mas Deus que ensina o homem como ele deve ser e se comportar para ser feliz. “A Sagrada Escritura é Deus que fala para o homem sobre Deus e sobre o homem.”

Para as pessoas que não tem o costume de ler a Bíblia, ele incentiva, afirmando que com leituras dos salmos e evangelhos por exemplo, é possível encontrar respostas para muitas perguntas do dia a dia.

“A pessoa percorre esse caminho de descoberta de quem eu sou, quem Deus me criou para ser e ao mesmo tempo vai percebendo que não estamos sozinhos, porque Deus está conosco, não somente no final da estrada nos esperando, mas está aqui no momento presente dizendo tantas coisas importantes para nós.”

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