Estudos do INCA mostram que entre o triênio 2023-2025, 704 mil novos casos de câncer podem surgir no País, especialmente entre as regiões Sul e Sudeste
Thiago Coutinho
Da redação
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que são esperados 704 mil novos casos de câncer entre 2023-2025 — e com destaque específico para as regiões Sul e Sudeste, que concentram 70% dos casos. E para conscientizar as pessoas sobre o que é esta doença, o INCA lançou a campanha “Sua História Será Ouvida”, tema escolhido para este 4 de fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer.
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Por definição, o câncer é um nome aplicado a mais de 100 doenças que trazem uma característica comum: o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. “O câncer corresponde a um conjunto de doenças caracterizadas por uma proliferação anormal de células, formando nódulos e tumores pelo organismo. Pode surgir em qualquer parte do corpo, pois virtualmente qualquer órgão pode dar origem a um determinado tipo de câncer”, explica Gélcio Mendes, oncologista e coordenador de assistência do INCA.
O avanço da doença é conhecido por um processo denominado metástase. “As metástases são focos que se desprendem do tumor primário e se instalam em outros tecidos ou órgãos, como pulmão, fígado e ossos”, detalha Mendes. “O crescimento local do tumor, destruindo o órgão afetado e comprometendo estruturas próximas, aliado ao surgimento de metástases, caracteriza o que chamamos de doença disseminada ou doença metastática”.
Tratamento
A maneira de se tratar o câncer inclui inúmeras abordagens. Tudo vai depender do tipo de câncer e sua localização. “A cirurgia é uma opção utilizada para remover o tumor, enquanto a radioterapia busca destruir as células cancerígenas por meio de radiação ionizante”, esclarece Mendes.
Outra opção é quimioterapia, que utiliza medicamentos que eliminam diretamente as células tumorais. “Enquanto a hormonioterapia é aplicada em tumores dependentes de hormônios, interferindo nessa relação e promovendo a regressão do tumor. Já a terapia-alvo consiste no uso de medicamentos que atuam diretamente sobre alterações genéticas específicas do tumor”, detalha o oncologista.
Por fim, há a imunoterapia. “A imunoterapia estimula o sistema imunológico do paciente a combater o câncer, promovendo sua regressão”.
A escolha do tratamento, de acordo com Mendes, dependerá de alguns fatores como local do surgimento do tumor, extensão da doença e características do próprio tumor. “Tumores de mama sensíveis a hormônios, por exemplo, podem ser tratados com hormonioterapia, enquanto alguns tumores pulmonares podem responder melhor à terapia-alvo. Em muitas situações, a quimioterapia é o tratamento de escolha, e, mais recentemente, a imunoterapia tem ganhado cada vez mais espaço no arsenal terapêutico”, afirma o oncologista.
O perigo do câncer de pele
O câncer de pele não melanoma ainda é o tipo de câncer mais comum entre os brasileiros — corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no País. Além do cuidado mais óbvio, a utilização do protetor solar sobre a pele, é importante também tomar outras medidas.
“O câncer de pele está associado à exposição solar, principalmente em pessoas que sofrem queimaduras solares, não pela exposição contínua, mas por exposições episódicas e intensas que resultam em queimaduras”, esclarece Mendes. “Além disso, características individuais da pele influenciam o risco da doença. Pessoas de pele clara, olhos e cabelos claros, que têm maior tendência a sofrer queimaduras solares e menor capacidade de se bronzear, correm maior risco de desenvolver esse tipo de câncer”.
A maneira mais eficiente de se evitar o câncer de pele é limitar a exposição à radiação ultravioleta, principalmente à luz solar. “Além do uso de protetor solar, recomenda-se evitar o sol nos horários de maior radiação, entre 10h e 16h”, diz o médico oncologista.
Além disso, é importante fazer uso de chapéus de aba larga e roupas de manga comprida, essencial para proteger áreas mais expostas, tais como rosto, orelhas, nuca e braços.
Campanha
A fim de esclarecer a população sobre o impacto do câncer, maneiras de se prevenir e outros detalhes relacionado à doença, o INCA organiza nesta terça-feira, 4, o evento “Sua História Será Ouvida”. O objetivo é oferecer destaque a depoimentos reais e à importância da personalização dos cuidados oncológicos.
Ainda haverá o lançamento da edição temática da Revista Brasileira de Cancerologia (RBC), intitulada “Vigilância do Câncer e seus Fatores de Risco”. A publicação é organizada pelo Ministério da Saúde, INCA e Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Por fim, está programada a apresentação do artigo “Prevenção e Controle do Câncer em Tempos de Capitalismo de Vigilância: Caminhos para o Combate à Desinformação”, que faz parte da nova edição da revista e aborda estratégias para enfrentar a disseminação de notícias falsas prejudiciais à prevenção e ao controle do câncer.
O INCA integra a campanha global “Unidos pelo Único”, promovida pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), organização não governamental sediada em Genebra (Suíça), que reúne mais de mil entidades em cerca de 160 países.
O evento será realizado no Auditório do Hospital do Câncer II, Via Binário do Porto, 831, 5º andar, Santo Cristo, no Rio de Janeiro.