Artigo Frei Moser

Estaria mesmo a Igreja Católica perdendo seu protagonismo?

Felizmente nos encontramos num contexto histórico onde o ecumenismo e o diálogo interreligioso já não se constituem meros anseios, mas vão assumindo traços de realidade. O respeito mútuo ganha sempre novos contornos; basta pensar nos recentes encontros do Papa Bento XVI com o mundo judeu e muçulmano.

Por isso mesmo, as colocações que seguem nada tem de apologético, nem de ufanismo, o que seria pouco evangélico. Estas colocações querem apenas evidenciar algo que certos círculos da sociedade tentam, por todos os meios, obscurecer: a força religiosa do cristianismo e da Igreja Católica no Brasil.

O pior é que muitas pessoas, sem perceber, vão como que absorvendo essa concepção negativa e acabam jurando sobre a mesma "bíblia" dos pretensos iluminados, mas que, na realidade, não passam de iluministas incapazes de reconhecer a verdade porque são obscurecidos por mágoas ou vaidades. Segundo eles todas as religiões, e mormente o cristianismo e a Igreja Católica, são "obscurantistas".

Diante desse quadro, no qual alguns buscam, por todos os meios, mostrar a decadência da Igreja, convém ressaltar o que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo no dia 27 de maio último. A rigor, tratava-se apenas da admissão de um bispo como membro da Academia paulista de Letras. Ninguém poderia imaginar que aquele magnífico e imenso auditório, com todas as galerias, ficasse completamente repleto. Muito menos se poderia imaginar que ao redor do teatro mais de 3 mil pessoas se aglomerassem para seguir a cerimônia através de um telão.

Da mesma forma, não deve ser muito comum que uma Academia, por mais importante que seja, acolher um novo membro aplaudindo-o demoradamente de pé. Como também não é tão comum que, terminado o discurso do novo acadêmico, o mesmo auditório voltasse às mesmas manifestações de euforia. E muito menos é comum que as pessoas que, do lado de fora aguardassem mais de duas horas pra acompanhar o acontecimento pelo telão na esperança de poder cumprimentar o homenageado.

Para que se evidencie melhor o significado do que está sendo comentado, é preciso acrescentar, ainda, que não é muito comum que um governador, um prefeito e demais personalidades que tomaram a palavra, mesmo ressaltando seu espírito ecumênico, e talvez justamente por isso, fizeram questão de professar sua fé em Jesus Cristo.

Por fim, também não é comum nessas ocasiões, que entre milhares de pessoas congregadas estejam mesclados ricos e pobres, letrados e menos letrados.

Pois bem, esses fatos ocorridos na capital paulista naquele dia 27 de maio, tinham como figura central Dom Fernando Antônio Figueiredo, Bispo da Diocese de Santo Amaro, na grande São Paulo. E não se diga que o impacto do evento se devesse à presença de alguns artistas e conhecidos comunicadores.

Muitos já foram os profetas de mau auguro que apregoaram o fim das religiões. Todos eles passaram e as religiões continuam mais florescentes do que nunca. Ao lado de pequenos segmentos da sociedade, que pensam estar "abafando" por terem algum poder provisório e algumas teorias sensacionalistas na cabeça, as religiões continuam florescendo mais do que nunca.

Com isso não se quer negar que entre essas religiões, a Igreja Católica incluída, haja algumas sombras. O que se deve afirmar é que pessoas inteligentes nunca deveriam trocar o brilho do sol e das estrelas por lampejos de fogos fátuos.

Para quem não é cego, não há como negar que, apesar de tudo o cristianismo continua profundamente arraigado na alma e na cultura brasileiras. Por isso mesmo, talvez conviria a alguns setores da nossa sociedade retomarem o capítulo primeiro do Evangelho de São Lucas, nos versículos 51 e 52 onde se evidencia que Deus dispersa os soberbos e derruba os poderosos de seus tronos.

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