Novas tecnologias na Igreja

"Espiritualidade virtual" e os seus aspectos positivos e negativos

TVs, rádios, sites, redes sociais e canais de interação estão à disposição da Igreja para a propagação da fé, da espiritualidade e dos valores cristãos. Nos últimos 15 anos, cresceu consideravelmente o número de movimentos católicos, instituições religiosas, santuários, paróquias, e dioceses presentes nos meios de comunicação social, especialmente nas novas tecnologias.

Diante deste cenário, surgem questionamentos pertinentes acerca da espiritualidade em meio às novas tecnologias. Quais as características desta “espiritualidade virtual”? Quais as suas possibilidades e os seus limites? Existe uma maneira adequada de os fiéis usufruírem destes meios para viverem e alimentarem a fé?

De acordo com padre Pedro Gilberto Gomes, Jesuíta, Doutor em Ciência da Comunicação e Pesquisador  também na área da comunicação, o grande questionamento sobre o assunto é saber que tipo de espiritualidade está surgindo, que tipo de religião está nascendo na televisão, por exemplo.

No Brasil, mais de 82 milhões de cidadãos têm acesso à internet. Isso representa um número denso de pessoas que também são destinatários da evangelização que a Igreja Católica tem feito pelos meios de comunicação. São crianças, jovens, adultos e idosos. Pessoas de diversos perfis sociais e religiosos. Por isso, diz o padre, é importante que a Igreja esteja nas mídias. “Há de se reconhecer que a TV e o computador tornaram-se um novo altar, um novo púlpito”.

Porém, há de se ter um cuidado para não se formar uma “espiritualidade apenas virtualizada” e distante do concreto, principalmente, um cuidado especial com as crianças.

“O simples fato de se criar uma comunidade em um desses sites de relacionamento para as crianças, vai moldar nelas a maneira de ser religiosa, fazer religião, ter espiritualidade. O fato de ela se relacionar virtualmente vai formando uma nova forma de ver o mundo”, diz padre Pedro.

Num âmbito geral, o padre destaca outro aspecto: o risco de um consumo da fé individual. Uma espiritualidade em que o fiel escolhe o que quer e nem sempre o que precisa. Assim, acaba fazendo a sua própria religião, sem interação. “A pessoa pode sentar em frente ao computador e escolher a homilia de certo canal, a Oração Eucarística de outro, e assim, criar um menu à La carte, escolhendo o que se quiser.”

Dentre os fatores positivos observados na análise do padre, está a possibilidade de, pelos meios de comunicação, levar a espiritualidade a milhões de pessoas, ao mesmo tempo. Assim, gerou-se uma nova ambientação que favorece a disseminação da doutrina e do ensinamento católico.

É certo que há vantagens e também precauções no uso das novas tecnologias associado à experiência religiosa. Ao analisar estas vantagens, mas também os limites desta nova forma de espiritualidade, padre Pedro recomenda um cuidado especial para não se perder o inter-relacionamento pessoal e a vida de comunidade. “É necessário que se viva uma vida eclesial. Deixar-se questionar e não fazer um menu à La carte, onde o fiel escolhe apenas o que lhe é agradável. Do contrário, ele nunca ouvirá nada que possa lhe chamar a atenção contra aquilo que se vive”, reforçou o padre.

“Espiritualidade e novas tecnologias” será o tema abordado por padre Pedro no Seminário de Comunicação, que acontece na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), em São Paulo (SP), entre os dias 1º e 4 de novembro próximo.

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