FÉ E RESILIÊNCIA

Especialistas falam sobre o combate ao câncer infantil

No dia de combate à doença, conheça a história de pais e filhos que descobriram a doença e conseguiram enfrentá-la com resiliência e fé

Huanna Cruz
Da redação

A jovem Ana Carolina, de 14 anos / Foto: Arquivo Pessoal

Ana Carolina tinha 14 anos quando começou a sentir dores na barriga. No hospital os médicos acharam que se tratava de uma virose. A recomendação foi que, em caso de febre, deveria retornar ao atendimento. Dias depois, voltou a sentir o incômodo. Uma biópsia revelou hepatocarcinoma, um tipo de câncer de fígado maligno.

A adolescente passou por uma cirurgia de sete horas de duração para retirar um tumor de 28 centímetros. Uma das consequências da doença foi a quimioterapia. Ana Carolina encarou quatro ciclos do tratamento. Sofreu os efeitos físicos das aplicações e se esforçou para se recuperar o mais rápido possível, mas admite que a parte mais difícil foi a perda do cabelo.

A jovem ainda passa por acompanhamento médico e só deve receber alta daqui a cinco anos, contudo, o estado de saúde atual é comemorado. “Ela bateu o sino que venceu o câncer, algo que todos nós sonhávamos”, afirmou a mãe Ana Paula da Silva Ribeiro, de São Paulo. Ana destaca a presença de Deus na recuperação da filha. “O Senhor foi e sempre será a fortaleza da nossa família”, reforçou.

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Câncer em números

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a cada ano, 7.930 novos casos de câncer deverão ser diagnosticados em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade, no triênio 2023/2025. Nesta quarta-feira, 15, recorda-se o Dia Internacional de Combate ao Câncer Infantil. 

Para o oncopediatra e diretor médico do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (ITACI), Vicente Odone, é sempre uma experiência muito difícil trabalhar com o tratamento do câncer infantil.

Resiliência

O menino Bernardo, que foi diganosticado com leucemia / Foto: Arquivo Pessoal

O oncopediatra entende que o diagnóstico de câncer é difícil para toda família. “Ter um ente querido ameaçado é sempre uma experiência muito dura”, afirmou. “Podemos imaginar a dor dos pais para uma doença que traz a morte embutida. E isso valoriza demais essa luta [dos pais], valoriza o respeito que temos por todas as famílias”, acrescentou.

Segundo Priscilla Lubraico Pereira, também oncopediatra do ITACI, a equipe que cuida dessas crianças e famílias aprende com a força que essas pessoas trazem. “Esses pacientes, principalmente as crianças, são muito fortes. A resiliência deles e da família, de aguentar todo o tratamento de uma maneira muito plena, acreditando, confiando. Eles nos ensinam muito”, disse.

Bernardo, de 8 anos, com apenas 1 ano de 10 meses de idade passou a apresentar sintomas do que viria a ser uma leucemia. O tratamento de Bernardo durou exatos dois anos e sete meses. “O mais difícil foi ver o meu filho sofrer e não poder fazer muita coisa”, lamentou Ana Cristina Magalhães do Nascimento, mãe do menino.

Diagnóstico precoce

Segundo a oncopediatra do ITACI, o diagnóstico precoce começa já na consulta com o pediatra. É importante sempre ter atenção familiar a qualquer sintoma ou sinal diferente na criança. Segundo a especialista, apenas 5% das crianças apresentam algum tipo de predisposição para o câncer ― daí a importância em levar a criança a um médico diante de algum sintoma.

Priscilla Lubraico Pereira, oncopediatra do ITACI / Foto: Reprodução

Acompanhamento escolar e psicológico

Odone observou também que o acompanhamento escolar dessas crianças com câncer é fundamental, pois as remete a um cotidiano, a uma vida normal. “O valor da escola nesse sentido é muito importante”, ressaltou. O ITACI oferece diversos trabalhos neste sentido, como jogos lúdicos, ecológicos etc.

É necessário ainda acompanhamento psicológico para a família e para a criança diagnosticada. “Muitas vezes, os pais se sentem culpados pela doença. E é fundamental esclarecer a origem, o que eles podem fazer pelos seus filhos e o que esperar do tratamento”, disse a oncopediatra Priscilla.

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