Em tempos de pouca chuva e aumento nas contas, dicas ajudam a diminuir o consumo e o valor da conta no fim do mês
Thiago Coutinho
Da redação
Desde outubro do ano passado, o Governo Federal vem alertando que os níveis dos reservatórios estavam baixos. E tão baixos que as concessionárias de energia elétrica passaram a cobrar mais nas contas dos consumidores e da indústria em geral, anúncio feito nas últimas semanas.
Para o consumidor, só há uma medida a ser tomada em tempos assim: economizar água e luz, contas que ao fim do mês pesam no orçamento familiar.
De acordo com o engenheiro eletricista Thiago Matheus Martins de Moraes, o primeiro passo para poupar o consumo de energia em casa é modernizar e escolher aparelhos e eletrodomésticos mais eficientes. Atualmente, segundo o especialista, há aparelhos que chegam a reduzir em até 70% o consumo de uma geladeira ou 85% o de uma lâmpada.
“A estrutura elétrica da residência também pode ser um grande vilão tanto no consumo de energia elétrica quanto na segurança dos moradores, uma vez que cabos e sistemas de proteção mal dimensionados ou incorretamente instalados podem causar perdas de energia e, ainda, acidentes com danos materiais e até perda de vidas”, aconselha.
Bons hábitos de consumo
Nada, porém, sobrepõe a educação na hora de consumir energia. “A forma com que o consumidor utiliza a energia elétrica e seus hábitos diários podem representar grande parte da fatura de energia elétrica de uma residência”, adverte.
Por isso, vale atenção a estas dicas do engenheiro: desligar as lâmpadas ao deixar o ambiente; não deixar aparelhos como ventiladores e computadores ligados sem necessidade; lavar e passar grandes quantidades de roupa de uma vez e não abrir a geladeira com frequência.
Além disso, evitar deixar os aparelhos eletrônicos em modo stand-by (espera). “Nos aparelhos em que houver a opção de desligamento total, geralmente por chaves ou botões, esta pode ser utilizada ou, quando não houver esta opção, retire o aparelho da tomada após seu correto desligamento”, orienta.
Aparelhos eletrônicos em geral, segundo o engenheiro, podem consumir energia mesmo desligados, ainda que o consumo seja pouco. “Retirá-los da tomada faz sim diferença no consumo, pois mesmo desativado as fontes continuam em operação e há um pequeno consumo associado a este estado de ‘dormência’ do aparelho”, indica.
Uso racional da água
Assim como o consumo de energia elétrica, a água também deve ser utilizada de maneira sensata. Segundo a mestra em Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Liziara de Mello Valerio, embora haja tecnologias para que estruturas de prédios e casas não desperdicem água, é a mudança de comportamento do consumidor que fará diferença.
“Cada vez que vamos utilizar a água, podemos reduzir um pouco o tempo e quantidade de gastos. Economizar água durante o banho e as demais atividades de higiene (escovar os dentes, lavar o rosto etc.) e de limpeza doméstica; não utilizar o vaso sanitário como lixeira e não deixar torneiras abertas em espera”, ensina (veja quadro ao final deste texto).
O Brasil é considerado um país abundante quando de se trata de água. Segundo Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR4), o país possui cerca de 48 milhões de litros disponíveis por habitante anualmente. Essa fartura, no entanto, não implica na falta de cuidados.
“Os sistemas de abastecimento podem e devem atenuar os desperdícios de água, assim como toda a população. Para tanto, devemos ter em mente que estes desperdícios podem acontecer por diversas causas, tanto em relação às companhias de saneamento quanto à população”, detalha Liziara.
Mas mesmo com todos os cuidados levados em consideração, as companhias de abastecimento de água levam em conta que da captação à distribuição algum tipo de perda é tolerável. “Existe um nível de perdas que é considerado ‘aceitável’, do ponto de vista econômico e operacional e sob a ótica de conservação de recursos hídricos”, ressalta a especialista. “Assim, as companhias devem estar conscientes do problema das perdas e precisam reverter o preocupante quadro elevado em que se encontram hoje em dia”, adverte a especialista.
Ladrões de energia e água
Mesmo com todos os cuidados na hora do consumo, há aparelhos e alguns eletrodomésticos que são autênticos ladrões de energia. O uso deles deve ser parcimonioso — especialmente em dias de contenção de gastos.
Por isso, em casa, vale atenção aos chuveiros, equipamentos de aquecimento e ar-condicionado. “Sendo primordial para a economia de energia a utilização de lâmpadas e refrigeradores eficientes e, preferencialmente, chuveiros eletrônicos, onde se tem maior controle da potência e não é necessário aumentar o fluxo de água enquanto se gasta mais energia para manter a temperatura desejada”, afirma o engenheiro eletricista.
Rastrear a água
É válido verificar se não há vazamentos e tomar cuidado com um inimigo muito comum no desperdício de água: o vaso sanitário. “Um modelo com válvula e tempo de acionamento de 6 segundos gasta cerca de 12 litros normalmente, porém, se a válvula está defeituosa, pode chegar a 30 litros; assim, deve-se manter a válvula da descarga sempre regulada”, ressalta a especialista em Recursos Hídricos.
Para identificar vazamentos, existem alguns testes que podem ajudar a localizar o problema. Um deles é a verificação do hidrômetro. Basta analisá-lo por alguns dias consecutivos, anotando os números pretos e vermelhos que ali aparecem. A orientação é que isso seja feito ao final do dia, à noite, após todos terem utilizado a água. Pela manhã, antes de utilizar a água e sem que o registro esteja fechado, repete-se a anotação dos números.
“Se houver alteração significativa durante todos os dias do teste, provavelmente há vazamento. Ou então, interrompa a entrada de água no reservatório (caixa d’água) e certifique-se de que não haja nenhum consumo de água neste período; assim, o hidrômetro não pode apresentar movimentação, caso contrário, significa que há água passando por ele, ou seja, há vazamento”, ensina Liziara.
A seguir, confira sete dicas importantes para evitar o gasto excessivo de água em casa.