Tempo seco implica em mais cuidados com vias respiratórias, pele e cabelo
Thiago Coutinho
Da redação
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) apontou que, na quarta-feira, 25, a umidade do ar chegou a 16%. A Companhia apurou ainda que das 26 estações que ficam sob sua inspeção no Estado, 18 apresentavam qualidade moderada, seis ruins e uma delas muito ruim.
Esta secura no ar traz dificuldades para o corpo humano. “Estiagem e inverno potencializam os problemas respiratórios. A umidade do ar baixa rouba do corpo humano a umidade interna do sistema respiratório”, explica o otorrinolaringologista Jamal Azzam. “Nariz, garganta e toda a via respiratória é revestida por uma mucosa, que é úmida, e as secreções precisam ser fluidas para o seu bom funcionamento”.
A hidratação do nariz e de todo o sistema respiratório, de acordo com o médico, pode ser feita com soro fisiológico, na proporção correta de um litro de água e nove gramas de cloreto de sódio. Água pura pode, segundo o otorrinolaringologista, irritar ainda mais as mucosas. “Assim como água e sal não podem ser usados numa proporção errada. Isso pode ser usado por meio de um conta gotas ou borrifando. Mas o melhor método de hidratar as vias de respiração, o nariz, é com frascos de lavagem nasal. São frascos que irrigam o nariz com alto volume e baixa pressão, fazendo com que a remoção das estruturas irritantes seja mais eficiente”, recomenda o médico.
Inalação com soro fisiológico também ajuda a melhorar a respiração, alerta Azzam. “A inalação diminui os sintomas de nariz seco, sangramentos nasais, tosse, secreções retidas, pigarro, dores de garganta, garganta seca, rouquidão. Tudo isso pode ser evitado, e até amenizado, com inalações”.
Umidificar o ambiente
“As melhores estratégias para enfrentar esse período são caprichar na hidratação e manter uma alimentação saudável”, explica Heloisa Olivan, cosmetóloga, farmacêutica e bioquímica especialista em desenvolvimento de nutracêuticos e cosméticos.
Em casa, por exemplo, segundo a especialista, é possível investir em umidificadores de ar. Esses aparelhos produzem uma névoa bem fina no ambiente. Alguns deles permitem, inclusive, o uso de óleos essenciais que ajudam na respiração.
“O recomendado é utilizá-los por um período de 3 a 4 horas no quarto por exemplo, antes de dormir. O ar mais úmido presente no ambiente garantirá um sono mais tranquilo e reparador, principalmente se a névoa for enriquecida com óleos essenciais de lavanda e eucalipto”, detalha Heloísa.
Para quem não tem estes aparelhos, estender toalhas de banho úmidas pelo quarto já ajuda bastante, ensina Azzam. “A toalha tem uma superfície maior de evaporação. Bacias também podem ser usadas, mas evaporam muito pouco o ar. O ideal é que sejam toalhas úmidas, estendidas. Pode-se colocar um plástico sobre uma cadeira e forrar com a toalha úmida”.
Cuidados com pele e cabelo e hidratação
O tempo seco pode ser implacável também para pele e cabelo. Na pele, por exemplo, a baixa umidade altera a composição química do manto hidrolipídico, camada de gordura existente em sua superfície cuja função é manter a hidratação e proteger o organismo de infecções.
“Ou seja: a pele ressecada torna-se sensível e mais suscetível à ação dos agressores externos. Um outro agravante desse período é o frio, que reduz a transpiração e diminui a produção de hidratantes naturais pelas glândulas sebáceas”, afirma Heloísa.
A baixa umidade também é um problema para o cabelo. “A baixa umidade, associada ao clima frio, também altera a saúde do couro cabeludo, que pode se tornar mais oleoso e apresentar dermatite seborreica, caspa, coceira e vermelhidão”, observa Heloísa.
Para reparar esses danos, é necessário hidratar os cabelos com óleos máscaras e/ou óleos vegetais. “O ideal é montar um cronograma capilar alternando máscaras de hidratação e nutrição dos fios. O cronograma capilar deve incluir tratamentos que englobam um ciclo completo de reposição das necessidades dos cabelos, que ficam mais secos e com mais frizz quando a umidade do ar está baixa. Esses tratamentos são divididos em 3 fases: reconstrução, nutrição e a hidratação”, afirma.
Tempo seco e baixa umidade pedem ingestão de muita água. “É ela que fará muito pela sua pele nessa época de temperaturas mais baixas e ar mais seco”, adverte a especialista. Além disso, o uso de hidratantes após o banho, sejam faciais ou corporais, ajuda numa melhor absorção dos ingredientes umectantes, uma vez que os vasos sanguíneos já estarão dilatados.
Cabelos podem ser lavados todos os dias?
Uma dúvida comum, especialmente em dias frios, é esta: o cabelo pode ou não ser lavado todos os dias. De acordo com Heloísa, não há qualquer mal nisto, desde que alguns preceitos sejam respeitados.
“A ideia de que lavar os cabelos diariamente prejudica os cabelos é errada”, assegura. “Aliás, muitas pessoas precisam lavá-los todos os dias. A frequência de lavagem é muito pessoal e depende do tipo de cabelo. Saber identificar o tipo é fundamental para lavá-lo na frequência correta e utilizar os produtos adequados”, acrescenta.
A lavagem exige cuidados. A temperatura da água, por exemplo, deve ser menor que 25ºC. “A água quente estimula as glândulas sebáceas do couro cabeludo, responsáveis pela produção da oleosidade, além de comprometer o brilho dos fios. Condicionadores e cremes não devem ser aplicados diretamente na raiz e o shampoo deve ser muito bem retirado após a lavagem”, aconselha Heloísa.
Por fim, são necessários alguns cuidados também na hora de secar o cabelo. “Mantenha o secador a uma distância mínima de 30 centímetros da raiz dos cabelos e a chapinha a cerca de um centímetro e meio longe do couro cabeludo, pois não há produto específico para essa região capaz de atenuar o dano do calor excessivo desses itens”, ensina.