Descriminalização

Especialistas criticam possível liberação de porte de drogas no Brasil

Em coletiva na Canção Nova, especialista em prevenção e tratamento de drogas nos EUA e padre Haroldo Rahm, criticam possível liberação de porte de drogas no Brasil

Monique Coutinho
Da redação

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar nesta semana o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio. O julgamento está suspenso desde o dia 20 de agosto devido ao pedido do ministro Edson Fachin, para analisar melhor o caso.

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Presidente da Rubicon Global Entreprises, Thom Browne, em entrevista coletiva na Canção Nova / Foto: Assessoria CN

Em coletiva de imprensa na Canção Nova, nesta terça-feira, 8, o Presidente da Rubicon Global Entreprises, empresa que atua no tratamento e prevenção das drogas nos Estados Unidos, Thom Browne, apresentou seu argumento contrário a legalização das drogas, não só no Brasil, como em âmbito mundial.

Segundo ele, o número de usuários de drogas no mundo é apenas 5%, portanto, não faz sentido legalizá-las. “Isso quer dizer que 95% não usa. Então porque iremos legalizá-las? Não tem necessidade. Se você tem um negócio com lucro de 95%, porque mudará a prática desse negócio? 95% é muita coisa, então pra que mudar? Não faz sentido”.

O presidente da Rubicon acrescenta ainda que a partir do momento que o uso pessoal de drogas é permitido, mais pessoas irão consumi-las, porque se torna “algo normal”.

Durante os últimos sete anos, a porcentagem de pessoas que utilizam drogas continua o mesmo. A razão de manter esses 5%, para Thom, é devido à prevenção e ao tratamento de drogas, que sempre atrai retorno positivo. “Se os tratamentos e prevenções não funcionassem, esse número seria bem maior”.

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Thom Browne indica sempre a prevenção das drogas e depois o tratamento. “Nós temos muitos estudos que avaliam melhor o tratamento do que a prevenção, isso porque o tratamento é mais fácil de avaliar, porque a pessoa usa droga, então você a coloca no tratamento e depois analisa se ela continua no tratamento ou não, isso é fácil”.

Existem milhares de instituições que auxiliam no tratamento de pessoas que utilizam drogas e uma delas é o Instituto Padre Haroldo, localizado em Campinas (SP), que é reconhecido internacionalmente pela eficácia na recuperação de pessoas que sofrem com transtornos decorrentes da dependência química.

Maconha

O fundador da instituição, padre Haroldo Joseph Rahm, que também esteve presente na coletiva e é contra a legalização das drogas, é uma das referências no tratamento de entorpecentes no Brasil. Ele disse que já passaram mais de 80 mil dependentes químicos na instituição e que 90% deles usaram a maconha para começar.

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Fundador da Instituição Padre Haroldo, padre Haroldo Joseph Rahm, em coletiva de imprensa na Canção Nova / Foto: Assessoria CN

“Geralmente o caminho: o cigarro, a maconha, álcool, cocaína e craque. Eu não conheço nenhum jovem drogado que está a favor da liberação”, afirma o sacerdote.

Com a autorização da justiça, a maconha pode ser utilizada para fins terapêuticos, como tratamento de Alzheimer, depressão e até mesmo câncer. Para o sacerdote, a droga não é útil para nenhum tipo de tratamento, pois ela causa dependência e atrai outros males.

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“Ela destrói completamente os vários sistemas orgânicos e dá câncer. Nosso encéfalo tem cerca de 100 bilhões de neurônios e quando a maconha e outras drogas entram, os neurônios fecham e dá o desejo de comer, de fazer sexo e bem-estar, ficam completamente livres no cérebro e por algum tempo o jovem fica contente fumando a maconha, mas quando o efeito passa, ele fica depressivo, triste, com autoestima baixa e a partir daí, sempre irá querer a sensação outra vez e logo surge a tolerância.”

Prevenção das drogas

Para prevenir o uso de drogas, padre Haroldo indica quatro passos básicos: a espiritualidade, bom exemplo dos pais, educação e o mais importante, o ambiente que o jovem frequenta.

“Tendo uma espiritualidade, a pessoa não terá problemas com maconha ou qualquer outra coisa; em segundo lugar está o bom exemplo dos pais; em terceiro a escola, pois os professores que sabem pouco sobre as drogas devem estudar; e o quarto, e mais importante, é o ambiente de jovens, dificilmente um jovem vai em lugares onde não são oferecidos cigarros, maconha e outras coisas do tipo.”

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