Brasil já é o terceiro país no mundo que mais acessa as redes sociais; são mais de 150 milhões de usuários on-line
Thiago Coutinho
Da redação
Uma pesquisa recente realizada pelas agências We Are Social e Hootsuite revelou dados importantes a respeito do comportamento do brasileiro junto à internet: o país é o terceiro no mundo que mais acessa as redes sociais. Desse total, a faixa etária que mais tempo passa junto às redes são jovens entre 16 e 24 anos.
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Em média, o brasileiro passa 4 horas e 51 minutos navegando na internet via computador e 5 horas e 17 minutos via smartphone. Esta nova geração já nasce com estes dispositivos junto ao seu cotidiano. Os pais, porém, precisam ficar atentos ao conteúdo e tempo que crianças e adolescentes passam em frente a esses aparelhos.
“Proibir o uso não é o caminho, mas é preciso impor limites”, afirma a psicóloga e especialista em atendimento clínico, Marilene Kehdi. É necessário, segundo a especialista, que os pais expliquem que há regras para o uso desses aparelhos e o objetivo é protegê-los, além de alertar a respeito do excesso, que pode causar efeitos nocivos à saúde.
“É preciso conquistar a confiança da criança, do jovem e pedir para que eles não tenham segredos com os pais, explicar de forma que eles entendam e aceitem as regras para uso e, claro, que sempre deem o exemplo. Não adianta apenas falar. Restringir o acesso quando o adolescente não cumprir o combinado é bom, pois isso mostra o quanto os pais estão atentos ao que foi combinado”, ensina.
Redes sociais
Para Marilene, o grande perigo da exposição excessiva dos jovens a esses meios é a necessidade de aprovação que eles podem desenvolver — algo que pode se tornar prejudicial e por diversas vezes tóxico.
“É preciso que eles entendam que o uso excessivo das redes torna a necessidade que eles têm de aceitação, aprovação, ainda mais complicada. Porque quanto mais eles se comparam, mais prejuízos à saúde mental vão ter. Ao comparar a vida deles, a aparência deles, eles se sentem desvalorizados, baixa a autoestima, ficam ainda mais inseguros, frustrados, sentindo-se péssimos porque a vida deles não é igual à do outro, que parece ser um conto de fadas”, analisa a especialista.
A saída, para Marilene, é o uso comedido e, especialmente, reunir a família, mesmo que as adversidades do dia a dia imponham dificuldades para isso. “É importante que os pais reservem tempo na agenda, no dia a dia para uma convivência harmoniosa com os filhos, pelo menos uma ou duas refeições por dia, todos juntos, conversando, olhando-se nos olhos, reservarem tempo de lazer com todos juntos, em contato com a natureza, isso é fundamental para a família”, aconselha a psicóloga.
Este tipo de encontro familiar, sobretudo quando feito de maneira periódica, traz equilíbrio à família e ao uso de tecnologias. “Deve ser estimulado pelos pais que devem explicar aos filhos o quanto é prazeroso estarem todos juntos, por isso têm que ter equilíbrio no uso da tecnologia, porque é importante ficar off-line também para ficar com a família”, pondera.
Os efeitos negativos
Ansiedade, estresse e até depressão são alguns dos efeitos negativos que o uso exacerbado de celulares, redes sociais e demais tecnologias podem causar. “Ficar horas on-line aumentou o crescimento de ocorrências de transtorno alimentar, distúrbios do sono e comportamento agressivo entre os jovens”, analisa a psicóloga.
Com o isolamento social imposto pela pandemia há pouco mais de dois anos, acessar a internet se tornou uma válvula de escape para jovens e adultos. “Por isso, é muito importante que os pais e responsáveis fiquem atentos a isso e conversem muito com os adolescentes sobre os benefícios e prejuízos da tecnologia”, aconselha.
Marilene recomenda que a entrada desta nova geração nas redes sociais seja protelada pelos pais o quanto possível. “Quanto mais tardia a entrada nas redes sociais, melhor para as crianças, pois isso evita problemas de comparação e dependência”, afirma.
Levar os menores a parques, ter mais contato com a natureza e praticar esportes são alternativas muito bem-vindas para amenizar a dependência de tecnologias. “Só fará bem para a saúde física e mental e para o relacionamento e bom convívio do núcleo familiar”, finaliza.