Setor de Mobilidade Humana da CNBB, em parceria com outras pastorais da Igreja, promove ações e atividades especiais em prol dos migrantes e refugiados
Alessandra Borges
Da Redação
O Papa Francisco, em pronunciamentos, mensagens e apelos, tem enfatizado a necessidade da cultura do encontro e do acolhimento aos migrantes e refugiados. Em sua mensagem dirigida especialmente ao Dia Mundial do Migrante e Refugiado, no dia 18 de janeiro, o Santo Padre fortificou sua mensagem com o tema ‘Igreja sem fronteiras, mãe de todos’.
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.: Mensagem do Papa Francsico para o Dia Mundial do Migrante 2015
“A Igreja sem fronteiras, mãe de todos, propaga no mundo a cultura do acolhimento e da solidariedade, segundo a qual ninguém deve ser considerado inútil, intruso ou descartável. A comunidade cristã, se viver efetivamente a sua maternidade, nutre, guia e aponta o caminho, acompanha com paciência, solidariza-se com a oração e as obras de misericórdia. Em nossos dias, tudo isso assume um significado particular. Com efeito, numa época de tão vastas migrações, um grande número de pessoas deixa os locais de origem para empreender a arriscada viagem da esperança com uma bagagem cheia de desejos e medos, à procura de condições de vida mais humanas”, disse o Pontífice.
Para a advogada e membro do Setor de Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Irmã Rosita Milesi, as palavras de apoio e apelo do Papa Francisco demonstram que a Igreja, em parceria com os Estados e Organizações Internacionais, precisa oferecer uma acolhida mais humanitária em relação aos migrantes e refugiados.
“É um dos apoios mais expressivos, carinhosos, humanitários e mesmo afetivo que o Papa tem demonstrado e reiteradamente manifestado em muitos dos seus pronunciamentos que são ricos de apelos e exemplos concretos. O Santo Padre realmente tem sido um exemplo e um iluminador para todos nós neste trabalho com os migrantes e refugiados”, ressaltou Irmã Rosita.
A religiosa realiza um trabalho de assistência e acolhida aos migrantes e refugiados no Estado de Santa Catarina. No mês passado, de 27 a 29 de março, foi realizado o Seminário Regional das Pastorais Sociais do Regional Sul 4 que debateu justamente questões relacionadas ao fenômeno migratório no Estado. Segundo a religiosa, as instituições, a Caritas regional e diocesana e os regionais da CNBB têm sido muito solicitados para atender essas pessoas e inseri-las na sociedade.
Esses atendimentos aos migrantes e refugiados variam de região para região, pois é um trabalho de inserção da pessoa na sociedade. Mas, para isso, é preciso oferecer hospedagem, alimentação, documentação e acolhimento para que o migrante possa procurar uma nova vida.
Segundo a religiosa, Santa Catarina é um dos Estados que mais admitiu imigrantes haitianos, no ano de 2014, com carteira assinada, algo em torno de 3.708 pessoas. Além do Haiti, os imigrantes são principalmente de Senegal, Bangladesh, Síria e Nigéria.
“Não se trata de um trabalho apenas emergencial, mas de inserção nas paróquias, igrejas, dioceses e entidades sociais que são convidadas a acolher e, talvez, providenciar as necessidades emergenciais nos primeiro dias. Logo, essas pessoas vão se inserir no mercado de trabalho, portanto, outra forma de ajudar é acompanhá-las e verificar se realmente os seus direitos trabalhistas estão assegurados”, explicou Irmã Rosita.
Diante dessa situação, a religiosa enfatiza a necessidade de prestar assistência para que haja essa inserção, que deve acontecer tanto na área social, como na política, na econômica, bem como nos aspectos cultural e religioso. Isso deve ser feito para que essas pessoas não se sintam “como um transeunte temporário ou explorados, mas seres humanos que chegam a uma comunidade que o acolhe e oferece condições e oportunidades efetivas de integração”.
O setor de Mobilidade Humana da CNBB, em parceria com outras pastorais da Igreja, tem promovido ações e atividades especiais em prol dos migrantes e refugiados por meio de seminários para instruir melhor os agentes pastorais neste contato com os imigrantes.
“A Igreja, com suas instituições mais variadas, deve acolher o imigrante ou refugiado, em primeiro lugar, como seres humanos independente de sua religião, de seu status ou de suas condições. Isso significa muito para nós, porque muitos dos imigrantes que chegam atualmente ao Brasil não pertencem à Igreja Católica, mas a outras confissões religiosas”, disse a irmã.