O grupo tem como guia padre Daniel Antônio, brasileiro que há 5 anos trabalha em missão na cidade de Macau, na China
Julia Beck
Da redação, com colaboração de Adilson Sabará
Nesta sexta-feira, 5, um grupo de 42 chineses visitou a Canção Nova. A peregrinação foi guiada pelo padre Daniel Antônio, brasileiro que há 5 anos trabalha em missão na cidade de Macau, na China. A motivação da peregrinação dos chineses ao Brasil foi conhecer os principais pontos católicos do país. Durante visita à Canção Nova os peregrinos participaram de missa celebrada em chinês na Capela São João Paulo II, no Santuário do Pai das Misericórdias.
A primeira visita do grupo foi à São Paulo capital, onde conheceram igrejas históricas como a Catedral da Sé e o Mosteiro de São Bento, depois a cidade mineira de Cabo Verde. Antes da visita à Cachoeira Paulista, onde fica localizada a Comunidade Canção Nova, os chineses visitaram o Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida, interior de São Paulo. De Cachoeira Paulista o grupo segue para o Rio de Janeiro e por último para Natal, no Rio Grande do Norte.
O chinês Humberto Son conta que a viagem têm sido extraordinária. “Vimos uma coisa que nos deixou muito impressionados: o povo brasileiro é muito devoto”, contou o peregrino, que continuou a contar suas impressões sobre o Brasil: “As igrejas são muito bonitas”. Sobre sua cidade natal, Macau, Humberto Son conta que é um lugar muito pequeno e que também possui igrejas muito bonitas. “As igrejas daqui tem características aqui do Brasil, não se encontra em nenhum outro lugar do mundo”, destacou.
Sobre a vivência do catolicismo na China, Son revela que Macau e Hong Kong são cidades que asseguram liberdade religiosa. “Não há problema em viver o catolicismo nestes locais, mas na China continental há realmente perseguições e nós sabemos que existem casos em que católicos são perseguidos”, concluiu. A chinesa Maria Terezinha Yun, fluente na língua portuguesa, revelou que é comum em Macau a presença de famílias tradicionalmente católicas e afirmou pertencer a uma delas: “Desde criança minha mãe incluiu em nossa educação o ‘conhecer a Deus’”.
Padre Daniel, brasileiro guia da peregrinação e missionário da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos) na China, conta que recebeu o convite para trabalhar em Macau um ano após sua ordenação sacerdotal. “No momento um frio na barriga, um medo, uma dificuldade grande ao imaginar o estudo da língua, mas dei o meu sim e comecei essa história maravilhosa”, recordou.
Segundo o sacerdote, para que os dehonianos pudessem iniciar uma missão no país era necessário um convite missionário de um bispo. O chamado aconteceu durante o período em que padre Daniel morou em Manila, nas Filipinas. “De repente o bispo de Macau convidou três padres para irem, que é no sul da China e aí eu fui para Macau”. Na cidade chinesa, o sacerdote conta que realiza funções próprias de sua vocação: atende confissões e celebra a missa. Sobre a maior dificuldade da missão, padre Daniel afirma: “Sem dúvida foi a língua, ela é extremamente difícil, depois de 5 anos ainda tenho uma certa dificuldade em me comunicar”.
A Canção Nova é uma velha conhecida do padre Daniel. O sacerdote revela que foi em um acampamento da comunidade que se sentiu despertado a resgatar sua fé católica. “O acampamento foi uma conversão intelectual, espiritual. Depois dele comecei a ser catequista de crisma na minha paróquia, entrei no seminário e aí começou a minha história”.
Acordo China e Santa Sé
Em 22 de setembro de 2018, depois de uma aproximação gradual e recíproca, foi assinado em Pequim o Acordo Provisório sobre a nomeação dos Bispos. O acordo foi assinado entre Dom Antoine Camilleri, Subsecretário das Relações da Santa Sé com os Estados e o Sr. Wang Chao, Vice-Ministro das Relações Exteriores da República Popular da China, respectivamente chefes das Delegações vaticana e chinesa.
O acordo é visto, de acordo com o sacerdote, com bons olhos pela igreja local. “Era uma situação que precisava ser resolvida, alguns bispos, que na verdade não eram bispos reconhecidos pelo Vaticano, eram considerados bispos por alguns padres e por outras pessoas não, então a Igreja precisava tomar alguma decisão: eles são ou não são bispos? E o Papa tomou essa decisão e para algumas pessoas foi a melhor decisão”, comentou. Para padre Daniel, o acordo ajudou na pacificação e no relacionamento entre China e Vaticano.