Ano Novo

Em mensagem, CNBB pede paz e esperança para 2017

No texto, a Conferência afirma que todos são convocados a colaborar para construção de sociedade justa e pacífica

CNBB

Neste domingo, 1º, foi divulgada a Mensagem de Paz e Esperança da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dirigida a todos os brasileiros e brasileiras.

Recordando a crise ética, a necessidade de construção de um país justo e fraterno e a adoção de medidas justas para a superação da crise econômica e dos problemas sociais, a CNBB afirma que todos são “convocados a colaborar, num esforço inadiável, para a construção de uma sociedade justa e pacífica, preservando e defendendo a ordem constitucional e rejeitando a violência nas suas variadas formas”.

Para a entidade, o caminho da Esperança e da Paz necessita do diálogo, da não-violência e do efetivo compromisso das instituições democráticas. Confira a íntegra da mensagem: 

 

MENSAGEM DA CNBB POR OCASIÃO DO NOVO ANO

“Eu vos disse estas coisas para que, em mim, tenhais a paz” (Jo 16,33)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, por ocasião do início do Novo Ano e da comemoração do Dia Mundial da Paz, dirige a todos os brasileiros e brasileiras sua mensagem de Paz e Esperança.

Segundo a concepção bíblica, a Paz, dom de Deus, é fruto da justiça, do amor e da misericórdia; é o fundamento de uma ordem social duradoura e segura. A Esperança, por sua vez, alicerçada na fé, faz desejar o Reino dos Céus. Ela se expressa através do compromisso com a construção de uma nova vida e de um mundo novo. Sendo assim, iluminados pela fé em Cristo, somos chamados a caminhar na Esperança e a contribuir na construção da Paz.

Desejosos da Paz e fortalecidos pela Esperança, constatamos que o povo brasileiro é trabalhador, valoriza a honestidade, sonha com uma sociedade fraterna e solidária; fica indignado com as injustiças e manifesta perplexidade diante dos escândalos que assolam nosso país.

Vivemos uma profunda crise ética. Sua face mais visível é a corrupção, com prejuízos inestimáveis para a Nação, principalmente para os mais pobres. Reiteramos o nosso repúdio a quaisquer formas de corrupção e reafirmamos a necessidade de continuar a combatê-la com rigor, respeitando-se sempre o ordenamento jurídico do Estado Democrático de Direito.

Fruto da crise ética é o descrédito com a política partidária. Posturas que privilegiam interesses pessoais, partidários e corporativos, em detrimento do bem-comum, debilitam o Estado e alimentam as injustiças sociais. Necessitamos de um novo modo de fazer política, a serviço do povo. A credibilidade da política exige o resgate da ética.

Na construção de um País justo e fraterno, faz-se necessário sempre o respeito à ordem democrática. A nação brasileira perde com a desestabilidade institucional. A superação da crise política e econômica necessita do relacionamento autônomo e harmonioso entre os Poderes públicos. Apelamos aos responsáveis pelos Poderes da República a zelarem pela constitucional independência e harmonia dos mesmos.

As dificuldades econômicas e os problemas sociais exigem a adoção de medidas justas para a sua superação. Contudo, o ônus desse processo não deve jamais recair sobre os mais pobres e fragilizados. É preciso sempre assegurar e defender os direitos dos pobres e dos trabalhadores.

A Esperança e o compromisso com a justiça nos levam a construir a Paz. O povo brasileiro possui capacidade para superar a crise econômica e política. Todos somos convocados a colaborar, num esforço inadiável, para a construção de uma sociedade justa e pacífica, preservando e defendendo a ordem constitucional e rejeitando a violência nas suas variadas formas. O caminho da Esperança e da Paz necessita do diálogo, da não-violência e do efetivo compromisso das instituições democráticas.

Isentos de vinculações partidárias, motivados pelos valores do Evangelho e pelo sentimento democrático inspirado na Constituição, a CNBB continuará, juntamente com outras entidades, a colaborar na importante e urgente tarefa de buscar soluções para o Brasil.

As palavras do Papa Francisco, na sua Mensagem para o 50º Dia Mundial da Paz, hoje celebrado, sirvam de estímulo e orientação: “Desde o nível local e diário até o nível da ordem mundial, possa a não-violência tornar-se o estilo característico das nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas ações, da política em todas as suas formas. (…) No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações palavras e gestos de violência e a construir comunidades não-violentas que cuidem da casa comum. (…) Todos podem ser artesãos da paz”.

A Paz e a Esperança do Menino Deus nos acompanhem ao longo deste Novo Ano, no qual celebramos os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira!

Feliz Ano Novo!

Brasília, 1° de janeiro de 2017

Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

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