Apenas o toque de recolhida, a partir das 9 horas da noite de quarta-feira, 14, foi capaz de dissolver as tensões no Cairo. O governo diz que as duas praças onde os manifestantes apoiadores do ex-presidente Mohammed Morsi foram esvaziadas. No entanto, a calma era algo apenas aparente. Já são quase 530 mortes e mais de 3.500 feridos em todo Egito apenas. Para os rebeldes, conforme escreveu no Twitter o porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad El-Haddad, a marca ultrapassa as 4.500 vítimas.
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No entanto, a contagem continua e também a identificação das pessoas em três mesquitas, três hospitais e dois necrotérios. O balanço é de uma verdadeira guerra civil, onde os números mudam a cada acampamento, cidade e facção. As ações tiveram início já na madrugada, quando os tanques armados do exército começaram a remoção – já previamente anunciada – nas praças. Das janelas, os atiradores dispararam gás lacrimogêneo contra a multidão, granadas de mão e armas tóxicas.
Após o acontecido, o vice-presidente interino do Egito, Mohammed El Baradei, renunciou o cargo. “Apresento a demissão do cargo de vice-presidente e peço a Deus, o Altíssimo, que preserve o nosso amado Egito de todo o mal e que encontre a esperança e aspirações do povo”, escreveu. Ainda, o Primeiro-Ministro e vice, Hossam Eissa e Ziad Bahaa El-Din, também apresentaram suas demissões em sinal de protesto. Ao total, estima-se que oito executivos deixaram seus cargos.
Termina assim, da maneira mais violenta, a longa mobilização de protesto promovida pela Irmandade Muçulmana e apoiadores de Morsi. O governo egípcio, apoiado pelos militares, declarou estado de emergência por, pelo menos, um mês – o que sugere medidas ainda mais drásticas para restaurar a paz no país. No entanto, o governo dos Estados Unidos emitiu um comunicado oficial para “se opor firmemente à declaração do estado de emergência”.