Planejamento é a palavra-chave para não ficar endividado e conseguir fazer poupança mesmo em tempo de crise; confira as dicas
Jéssica Marçal
Da Redação
O pagamento do IPVA começa a vencer nesta segunda-feira, 9, e esse é apenas um dos gastos extras nesse início de ano. IPTU, renovação de seguro, material escolar são mais alguns itens que vão completando a lista dos gastos de janeiro, uma conta que nunca fecha sem uma palavra-chave: planejamento.
O educador financeiro Adriano Severo diz que o ideal é a pessoa guardar o 13º salário para pagar essas contas. Caso isso não tenha sido feito, é melhor aproveitar para fazer o pagamento à vista a fim de conseguir descontos. Com relação ao material escolar, não há outra saída a não ser pesquisar, e muito, pois os preços variam bastante de um lugar para o outro.
Analisando assim, parece bem fácil, mas essa tarefa não é simples quando se percebe que os gastos são maiores do que a renda. De forma geral, o brasileiro tem certa dificuldade em planejar o orçamento e isso, segundo Adriano, se deve a dois fatores: falta de hábito e o período recente de inflação alta, quando a preocupação não é tanto o que comprar, mas comprar antes que o preço suba.
Quando a pessoa se encontra endividada, a dificuldade aumenta e, na hora do desespero, o pagamento das contas pode acabar saindo de vez do controle. Nesse momento, é preciso calma e organização. Se realmente não for possível pagar todas as contas, Adriano orienta que se pague o que tiver o maior percentual de desconto. Para as dívidas de maior valor, deve-se procurar negociação e parcelamento, mas é importante organizar o pagamento das parcelas para os próximos meses.
“Acho importante fazer um levantamento das despesas atuais. Ter um controle é bem importante para saber o que dá pra deixar de lado. Se a pessoa não tem esse levantamento ela não sabe exatamente o que pode cortar”.
Cartão de crédito
O cartão de crédito, ao lado do cheque especial, é um dos grandes vilões do orçamento. A facilidade oferecida para comprar aquele objeto de desejo ou então fazer a tão sonhada viagem pode se tornar um perigo se a operação não for muito bem planejada.
“A melhor forma de usar é se tiver tudo organizado, porque aí já sabe o quanto que pode usar e quanto vai afetar no orçamento dos próximos meses. Não pode usar se não tiver esse controle, porque pode acabar caindo nos juros e os juros do cartão são os piores, a dívida aumenta muito”, explica o educador financeiro.
Poupança
Com essa crise econômica, tem jeito de poupar? Segundo Adriano, a resposta é sim, mas tudo depende, novamente, de planejamento. Ele explica que se a pessoa tem tudo bem controlado, ela sabe onde é possível cortar gastos e então será possível estabelecer uma quantia para reserva, quantia essa que deverá ser assumida como uma despesa e depositada fielmente todos os meses.
“O ideal é que essa reserva seja feita antes das despesas, no dia do recebimento do salário, por exemplo. É como se a pessoa colocasse a sua poupança como se fosse uma despesa. Por exemplo, tem que pagar conta de água, de luz, do condomínio e tem que se pagar, tem que fazer o seu investimento”.
O mais importante, segundo Adriano, é criar o hábito de poupar, portanto, pode começar com uma quantia pequena, e ir aumentando gradativamente, mas é importante manter esse hábito e não deixar de depositar. “Não adianta querer guardar 30% do salário se a pessoa não está acostumada e aí vai acabar afetando as outras contas, vai ficar conta atrasada, vai ter juros, multa, vai ser pior do que se não tivesse guardado”.
A planilha
A famosa planilha de gastos é sempre recomendada por especialistas do ramo para garantir o controle financeiro. Seja no papel, no computador ou até mesmo no celular, o importante é ter documentado todas as receitas (dinheiro que entra) e as despesas (dinheiro que sai). Não existe uma regra para montar essa planilha, diz Adriano, a pessoa precisa encontrar a forma mais prazerosa possível para lidar com isso.
“Uma vez por semana, uma vez a cada dois dias, a cada 15 dias, uma vez por mês, mas é importante fazer. Quando fizer os pagamentos, guarda o canhoto, a notinha, e, de tempo em tempo, conforme definição, faça essas anotações”.
Além das receitas e das despesas, é viável criar uma lista de categoria para os gastos: alimentação, transporte, saúde, habitação, dependentes. Isso é uma forma de saber onde o gasto é maior para poder fazer novos planejamentos.