Às vésperas do Dia Mundial de Alfabetização, Supervisora de Ensino aponta importantes compreensões sobre processo de aprendizado da leitura e da escrita
Julia Beck
Da redação
Desde 1967, anualmente o dia 8 de setembro é dedicado a alfabetização no mundo. Processo de aprendizado da leitura e da escrita, a alfabetização tem valor educacional fundamental no desenvolvimento intelectual infantil, por isso, o analfabetismo entre jovens e adultos é ainda uma das preocupações educacionais atuais.
“Imagina uma pessoa que conhece a língua portuguesa, ser colocada, por exemplo, no meio da Arábia, com um alfabeto desconhecido, uma língua desconhecida, como ela se sentiria? Se sentiria excluída, um nada, perdida, a autoestima vai lá para baixo. É assim quando não se tem conhecimento a cerca do alfabeto, do processo de escrita e de leitura do seu país”. A afirmação é da Supervisora de Ensino do município de Lorena, interior de São Paulo, Tatiana Rehm Campos.
Para Tatiana, é possível ver o quanto a descoberta da alfabetização cativa e incentiva crianças, jovens e adultos no processo de aprendizado. “A gente percebe que a criança, quando ela inicia o processo de alfabetização, ela não quer faltar na escola, ela quando encontra uma letra ela lê, ela tenta ler os letreiros das lojas, então é um mundo que se descobre, e no adulto é a mesma coisa. Você vê a emoção de um adulto quando ele aprende a ler, é como se de fato você fosse jogado em um país aonde você não conhece a língua, e você começasse a entender tudo aquilo que é falado. É um processo mágico”, comentou.
Segundo a Supervisora de Ensino é muito importante que a alfabetização seja compreendida como um processo que se inicia com o letramento, e que tem sua interiorização diferente em cada faixa etária. “Precisamos entender a diferença de letramento e alfabetização. Na verdade juntar letras não é necessariamente alfabetização, a criança está decodificando, não alfabetizada. O letramento você pode começar desde o berçário, com 4 meses de idade. Ele começa com a identificação das letras, gerando uma certa familiaridade”, pontuou.
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Luna Aquino, de 4 anos, começou recentemente o processo de letramento para chegar a alfabetização. Sua mãe, a fotógrafa Jade Aquino, conta que notou o início de um comportamento mais curioso por parte da filha: “Ela quer saber sobre tudo, quer inventar coisas novas, pede para desenhar. Ela ainda não tem muita coordenação motora, mas escreve a letra do nome dela e algumas letras que compõe o nome dela. (…) Quando ela vê uma letra que ela sabe qual é, principalmente a letra inicial do nome dela, ela aponta e fala: ‘É a letra L!’. As outras letras que ela consegue reconhecer, ela sempre quer mostrar que sabe”.
Para a mãe, além do trabalho realizado pela escola, é preciso que os pais reforcem em casa o que as crianças aprendem na escola. “Eu tento fazer isso, mesmo percebendo que ela fica mais dispersa em casa. Ela segue uma série de atividades na escola, então percebo que em casa ela quer relaxar, mas eu tento de uma forma mais informal, reforçar isso. Não forço ela a aprender, se a professora não ensinou acredito que é porque ainda não está na hora”, contou Jade.
Juliana Vilela, que há 15 anos realiza trabalhos voltados para a pré-alfabetização e alfabetização de crianças, é professora de Luna e conta que de fato é muito importante o apoio dos pais e também o respeito com o tempo de aprendizado da criança.
“A melhor idade para ser alfabetizada é por volta dos 6 anos, mas nem sempre ela acontece nesse tempo, porque cada criança tem um ritmo. (…) Os pais têm um papel muito importante no processo, pois precisam estar atentos a tudo que a criança leva da escola e estimular em casa essa criança”. Para a professora, em casa, o incentivo a leitura e a jogos de letramento tornam o reforço do aprendizado mais leve e mais divertido.
A Supervisora de Ensino frisa a diferença entre o ritmo de assimilação de conteúdos por parte dos alunos. Para ela, é preciso entender que cada pessoa tem uma sensibilidade que pode ir desde algo mais visual, como pode ser auditivo, ou de melhor entendimento por intermediações. Segundo Tatiana, o importante é que os alunos compreendam que tudo o que é aprendido na escola tem um vínculo com a vida.
Para a supervisora, muitos saem da escola sem fazer esse elo, por isso o foco educacional atual é voltado para o trabalho de competências e habilidades, não o conteúdo pelo conteúdo. “O conteúdo não é o foco, e sim um meio para que o aluno alcance um objetivo maior”, afirmou.
De acordo com Tatiana, a incompreensão do significado da escola são alguns dos motivos que levam muitos a não completarem os estudos, ou até mesmo a famílias não inserirem os filhos na escola, por isso a importância de uma mudança de mentalidade. “Entender o significado da escola é entender sua íntima relação com a vida”, concluiu.